INFERNO NO CÉU

Derrota na estreia da Libertadores mostra que Palmeiras pode ter time, mas não tem elenco

Meus amigos.

Por acaso algum de vocês já esteve em La Paz? Eu já. Isso aconteceu em 1993, quando este jornalista tinha 30 anos a menos na idade e 20 quilos a menos na balança. Ou seja: se diante de tais circunstâncias eu sofri o que sofri, imagine se isso acontecesse hoje. Posso assegurar a cada um de vocês que o que senti nas 12 horas em que permaneci na capital boliviana foram algumas das piores sensações de toda a minha vida.

Desde então, jamais voltei a criticar qualquer equipe que tenha sido derrotada naquele inferno que, paradoxalmente, fica bem perto do céu. Na verdade, mesmo ciente de que se tratam de atletas muitíssimo bem preparados física e mentalmente para tamanho desafio, nem sei explicar como eles conseguem correr durante 90 minutos.

Daí que a derrota sofrida pelo Palmeiras para o Bolívar/BOL, nesta noite, por 3 a 1, não me causa surpresa e muito menos revolta. Sei que em 2020 fomos lá e vencemos o mesmo adversário, mas o time que entrou em campo naquela oportunidade foi bem diferente do que a equipe que começou a partida de hoje. E a quantidade de garotos, alguns quase imberbes, escalada desata vez também foi infinitamente menor.

Em outras palavras, prezado palmeirense: tudo tem um preço. Ao decidir (acertadamente, em minha opinião), poupar todos os principais nomes do grupo e os preservar para a grande final do Paulistinha, nosso técnico sabia o risco que corria. Por outro lado, vale lembrar que a Primeira Fase da Libertadores nos reserva ainda cinco partidas, sendo três delas em casa. Ou seja: teremos todas as condições para nos recuperarmos e garantirmos sem muita dificuldade não só a classificação, mas também a liderança do grupo ao fim desta etapa.

Contudo, que este tropeço deixe bem claro à nossa diretoria que o Verdão, talvez, tem o melhor time do Brasil, mas nem de longe possui o melhor elenco do País. Em outras palavras: na abertura da próxima janela, no meio do ano, a contratação de reforços não será apenas uma opção, mas sim uma necessidade. 

Somente desta forma o Palmeiras poderá jogar quase sempre no Céu, mesmo que algumas partidas aconteçam no Inferno. 

MARCELO LOMBA – ÓTIMO
NOTA 7,5

O melhor do Palmeiras. Sem culpa alguma nos três gols que levou, ainda fez pelo menos duas excelentes defesas, além de outras duas boas intervenções, impedindo assim que nossa derrota fosse ainda pior. E pensar que há pouco se recuperou de uma fratura e que não jogava havia 71 dias…

MAYKE – SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

Teve uma atuação dentro da média, ou seja: não brilhou, mas também não comprometeu. Deixou o gramado após ser atingido de forma violenta em lance que o árbitro sequer falta marcou. 

LUAN – SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

Sentiu bastante a altitude, pois se atrapalhou um pouco em lances simples. Mas pelo menos foi bem em algumas coberturas.

NAVES – RUIM
NOTA 4,5

Má partida do garoto. No lance do primeiro gol dos caras, errou duas vezes: no passe e, em seguida, na marcação. 

VANDERLAN – SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

Foi um dos que não conseguiu se adaptar à velocidade da bola aos mais de 3.600 metros de altitude, já que errou alguns passes e cruzamentos. Defensivamente, porém, esteve bem e ainda quebrou um galho na quarta zaga após a contusão de Naves.

FABINHO – RUIM
NOTA 4,5

Pareceu ter sentido bastante o peso de um jogo pela Libertadores. Deu muitos espaços à frente da nossa zaga e, por isso, foi substituído no intervalo.

JAÍLSON – MUITO RUIM
NOTA 4

Em minha opinião sua expulsão foi injusta, pois também foi injusto o cartão amarelo que recebeu. De qualquer forma, é muito limitado tecnicamente e não conseguiu fazer a transição de jogadas da defesa para o ataque, uma de suas funções em campo. 

ARTUR – REGULAR
NOTA 5

Uma reestreia bastante simplória. A seu favor deve-se levar em conta que atuou todo o primeiro tempo no meio-campo, setor em que até já jogou algumas vezes mas que nem de longe é onde mais rende. Melhorou um pouco, mas só um poiuco, quando passou a atuar na ponta direita. 

GARCIA – BOM
NOTA 6

Gostei da atuação do rapaz. Escalado na ponta direita, fez boas jogadas no ataque e ainda deu uma boa ajuda a Mayke na marcação. Só saiu porque Jaílson fora expulso e nosso meio-campo precisava ser reforçado.

LÓPEZ – ÓTIMO
NOTA 7

Enfim o amigo aí de cima estreou o Palmeiras. Além do golaço que marcou, criou uma ótima chance ainda no primeiro tempo, que só não nos colocou de novo à frente do placar graças a uma grade defesa do goleiro. Além disso, ajudou na armação e entregou tudo o que tinha. Que daqui em diante repita atuações como a de hoje. 

BRENO LOPES – SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

Como quase sempre acontece, oscilou entre boas e más jogadas. Hoje, perdeu duas boas chances de marcar, uma em cada tempo, chutando para fora – mas talvez a velocidade da bola na altitude possa explicar, ao menos parcialmente, tais erros. Deveria ter sido substituído por Giovani.  


ABEL FERREIRA – BOM
NOTA 6

Se eu estivesse diriginrdo o Palmeiras nesta noite, teria escolhido como titulares os mesmos 11 jogadores que o portuga mandou a campo. Apesar da pouca importância do Paulistinha, é óbvio que se no domingo não formos campeões o fato se transformará numa dos maiores vexames de toda a história do clube. Portanto, preservar todos os principais jogadores para esta decisão foi, sim, uma medida acertada do nosso treinador. Abel Ferreira também foi bem ao mexer no time já no intervalo e, mesmo cum um jogador a menos, não montar as duas linhas de quatro atletas, pois afinal de contas perdíamos a partida. Ao definir que Richard Ríos seria o jogador a iniciar nossas jogadas, ele conseguiu preencher as lacunas defensivas do setor e, também, dar maior poder de criação ao nosso time. Os único senões do português nesta noite foram ter escolhido Rafael Navarro, e não Giovani, para o lugar de Breno Lopes, e também ter mantido o ponta-esquerda tempo demais em campo. Se tivesse promovido a entrada do garoto, com certeza teríamos mais qualidade nas jogadas pelo lado canhoto do nosso ataque. 

RICHARD RÍOS – SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

Apesar de alguns lances em que ficou evidente seu nervosismo, teve uma estreia positiva. Cumpriu bem a missão que lhe foi imposta tanto defensiva quanto ofensivamente, a qual expliquei na análise acima de Abel Ferreira. Tem tudo para ser o titular do nosso time a partir da semana que vem.

GABRIEL MENINO – REGULAR
NOTA 5

Entrou para ser o primeiro volante, função que não gosta de desempenhar e nem costuma fazer muito bem. Após a contusão de Mayke, foi deslscado para a lateral direita. 

PEDRO LIMA – REGULAR
NOTA 5 

Não vou dizer que jogou mal ou que comprometeu a equipe, mas foi visível o seu nervosismo em sua primeira partida pelo time principal, errando passes e lançamentos. Mas é um jogador de muita qualidade e, no futuro, nos dará muitas alegrias.

IAN – REGULAR
NOTA 5

Entrou após a contusão de Naves e o deslocamento de Vanderlan para a zaga. Mesmo ainda muito tímido, diante da contusão de Piquerez deverá ser o reserva imediato para a lateral esquerda.

RAFAEL NAVARRO – REGULAR
NOTA 5

Foi a campo para tentar alguma coisa pelo alto, uma de suas especialidades. Mas teve apenas uma oportunidade e, ainda assim, estava impedido.

FOTOS: CESAR GRECO/AG. PALMEIRAS

11 Responses to INFERNO NO CÉU

  1. roberto alfano

    Boa tarde caro Trevisan, concordo plenamente contigo jogar lá não é fácil, mais tem uma coisa a gordura que tínhamos acabou, agora é buscar equilíbrio e muita vontade de vencer.

    Abraço.

  2. Bom dia, Márcio.

    Eu gostaria de entender apenas uma questão: qual era a chance daquilo que o Abel propôs ontem ter dado certo?

    Um catadão, composto por jogadores que nunca atuaram juntos e que não tinham a menor ideia do que fazer em termos coletivos. Na boa, uma tremenda piada de mau gosto para o torcedor palmeirense.

    Eu entendo o que foi a proposta do Abel, mas não concordo com ela. Acredito piamente que uma competição como a Libertadores não merece ser tratada dessa forma e pelo menos alguns pilares do time titular deveriam, sim, ter viajado para a Bolívia.

    A instituição Palmeiras e os torcedores não merecem ser penalizados pela incompetência que o time titular mostrou ao ser derrotado pelo Água Santa na primeira partida da final. Os jogadores que compõem o time titular poderiam até não ter atuado ontem, mas deveriam ter viajado e permanecido à disposição no banco de reservas para serem acionados, se necessário. Ficar na mamata em São Paulo após terem feito aquele papelão no último domingo é demonstração de muita benevolência por parte da comissão técnica.

    Depois dessas duas palhaçadas, o título domingo virou mais do que obrigação.

    Um abraço.

    Valter

    • Márcio Trevisan

      Valter, salve!

      Vamos às respostas às suas colocações.

      1 – Eu gostaria de entender apenas uma questão: qual era a chance daquilo que o Abel propôs ontem ter dado certo? Um catadão, composto por jogadores que nunca atuaram juntos e que não tinham a menor ideia do que fazer em termos coletivos. Na boa, uma tremenda piada de mau gosto para o torcedor palmeirense.
      R – Poderia ter ado certo, sim. Fizemos 1 a 0 e só não ampliamos para 2 a 0 porque Breno Lopes desperdiçou uma chance clara.

      2 – Eu entendo o que foi a proposta do Abel, mas não concordo com ela. Acredito piamente que uma competição como a Libertadores não merece ser tratada dessa forma e pelo menos alguns pilares do time titular deveriam, sim, ter viajado para a Bolívia.
      R – Concordo. Aliás, foi isso que fez o Flamengo/RJ.

      3 – A instituição Palmeiras e os torcedores não merecem ser penalizados pela incompetência que o time titular mostrou ao ser derrotado pelo Água Santa na primeira partida da final. Os jogadores que compõem o time titular poderiam até não ter atuado ontem, mas deveriam ter viajado e permanecido à disposição no banco de reservas para serem acionados, se necessário. Ficar na mamata em São Paulo após terem feito aquele papelão no último domingo é demonstração de muita benevolência por parte da comissão técnica.
      R – Só uma correção: ninguém ficou na mamata. Todos permaneceram treinando para a final de domingo.

      4 – Depois dessas duas palhaçadas, o título domingo virou mais do que obrigação.
      R – Nem precisaria da segunda. Só a primeira já nos coloca nesta situação.

      Abs.

  3. Viva Atuesta. !!!!!
    Viva Jailson. !!!!!
    O Chelsea espera novamente enfrentar vocês na futura final de 1 novo Campeonato Mundial de Clubes.
    Seria absolutamente cômico se não fosse absolutamente TRÁGICO. !!!
    Abçs.

    • Caro Jair, faltou:
      VIVA ATUESTA!!!!
      VIVA JAILSON!!!
      VIVA NAVARRO!!!
      VIVA LUAN!!!!

    • Márcio Trevisan

      Jair, boas.

      Como eu disse, em minha opinião a expulsão do Jaílson foi injusta. Mas que ele é limitado não se discute.

      Já o Atuesta achei que foi muito bem ontem. Afinal, não entrou em campo e não nos atrapalhou.

      Abs.

  4. JORGE FARANI

    É o que sempre digo: NÃO TEM PLANTEL PARA DISPUTAR 3 COMPETIÇÕES AO MESMO TEMPO!!!!!!!!!!!!

    • Márcio Trevisan

      Olá, Farani.

      Exatamente. Com a chegada do Ríos e do Artur, dá pra segurar até o fim da Primeira Fase da Liberta e tb as oitavas da Copa do Brasil.

      Mas para o segundo semestre mais uns dois ou três caras precisão ser contratados se quisermos ganhar pelo menos um dos três torneios que disputaremos.

      Abs.

  5. Bom dia caros amigos. Estou na Itália e o jogo aqui foi as 2:30 h da manhã. A temperatura estava 1 grau na hora do jogo. Mesmo assim assisti o jogo inteiro. Dei azar obviamente (hehehe). Mas valeu, o importante agora é ganhar o Paulista. Abraços.

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