A FALTA QUE UM “9″ FAZ

Palmeiras é quase nulo no ataque, toma surra no Morumbi e fica longe do Paulistinha

Meus amigos.

Quando uma equipe vive uma das mais profícuas fases de sua história, chegando a uma enorme quantidade de finais e conquistando vários títulos importantes, é normal que alguns problemas, por mais evidentes que sejam, acabem relegados a segundo plano. E aqueles que, mesmo assim, vivem a lembrar os pontos fracos deste time, acabam sendo criticados, são chamados de “corneteiros” e de adjetivos, posso lhes garantir, bem piores.

Mas não há como negar que, no baile tomado hoje à noite, o Palmeiras sentiu uma enorme falta de um centroavante de verdade. Eu sei: Rony se esforça, vez ou outra faz um golzinho aqui, outro acolá, mas não é centroavante. Eu sei: Deyverson também fez gols importantes – apenas dois, mas fez -, só que é centroavante, pelo menos não para o Palmeiras. eu sei: Rafael Navarro é centroavante, mas pelo que não mostrou até agora, parece que não é centroavante para o Palmeiras. Ou seja: nosso time tem três caras que se dizem comandantes de ataque, mas na verdade não temos é nenhum.

Por outro lado, os “trikas” têm camisa 9, e de sobra. Calleri, mesmo sem ser brilhante, é o cara que enche o saco dos zagueiros o jogo todo (que o digam Gómez e Murilo), se tiver uma bola à frente não perdoa e ainda por cima marca a saída de bola. E, se precisasse, Rogério Ceni (que deu um banho no nosso portuga neste clássico) ainda tinha ao seu lado Luciano que, reserva no time “delas”, seria titular com um pé nas costas e um olho fechado na nossa equipe.

Então, perdemos de 3 a 1 (e poderia ter sido por um placar ainda maior) porque nossa diretoria e nossa presidente não têm competência para contratar um “9″ de verdade? Sim, perdemos também por isso; mas não, não perdemos apenas por isso. A ausência de um goleador não explica dois fatores que foram visíveis, sobretudo no segundo tempo: sem Danilo nosso meio-campo, sobretudo na saída de jogo, simplesmente não existe, e a certeza de que teria de conseguir uma grande vitória em seu campo para ter chances de levantar o bi no domingo fez com que o SPFC fosse imensamente superior. Uma vitória simples, por apenas um gol de diferença, deixaria o Tricolor com uma vantagem tão pequena que seque poderia ser levada em conta.

Gustavo Scarpa: horrível neste Choque-Rei. Assim como Dudu, Rony, Abel, Zé Rafael, Piquerez, Jaílson…

Aliás, com exceção dos primeiros 20 minutos, em que o equilíbrio se fez presente e o Verdão até criou uma ou duas chances, no restante do Choque-Rei apenas um time jogou – o “delas”. A grande sacada do técnico são-paulino foi ter mantido seu time no ataque até a marcação do terceiro gol, mesmo após abrir o placar no último minuto da etapa inicial. Isso surpreendeu e “quebrou” Abel Ferreira, que apenas assistiu nossa equipe levar o segundo, o terceiro e, apenas por sorte, não ter levado também o quarto gol. A prova de que nosso treinador não sabia o que fazer é que somente mexeu no time (de forma coerente, em minha opinião), seis minutos depois de termos sofrido os 2 a 0.

Outro ponto que deve ser ressaltado é que alguns jogadores estiveram muito abaixo do que podem produzir. Dudu, Gustavo Scarpa, Rony e até Zé Rafael, quase sempre um jogador “5,5″, foram mal demais nesta quarta-feira. Outros, como Piquerez (esse sem novidade) e Jaílson (horrível, sem saber o que fazia em campo e que ainda por cima perdeu a bola que resultou no escanteio e no terceiro gol “delas”), atrapalharam ainda mais. Em resumo: perdemos de forma merecida, incontestável, e chega a ser ridículo um dirigente reclamar de um pênalti em Gustavo Gómez, ainda que de fato ele possa ter acontecido, diante de um futebol tão patético que o Palmeiras apresentou.

Por fim, sei que vocês estão se perguntando: acabou? Não, prezado palmeirense, ainda não. No domingo, com a Arena Palestra Itália quase lotada, um gol no primeiro tempo e outro na etapa final levará a decisão para os pênaltis, nos quais tudo pode acontecer. Mas não posso lhes mentir e dizer que acredito piamente nisso. Na verdade, o mais provável é que vejamos uma festa são-paulina diante de milhares de palmeirenses.

Paciência.

Obs.: o termo “delas” presente nesta crônica pós-jogo se refere, claro, às estrelas são-paulinas.

 

Confira as avaliações dos profissionais que participaram do jogo:

Raphael Veiga: Bom – nota 6
Gustavo Gómez: Satisfatório – nota 5,5
Weverton, Marcos Rocha e Murilo:  Regular - nota 5
Piquerez, Zé Rafael, Dudu, Rony, Atuesta, Wesley e Gabriel Veron: Ruim – nota 4,5
Jaílson, Gustavo Scarpa e Abel Ferreira: Muito Ruim – nota 4

FOTOS: CESAR GRECCO/AG. PALMEIRAS

12 Responses to A FALTA QUE UM “9″ FAZ

  1. Renan, mais 1 jovem formado na base vai embora !
    Alguém lendo o meu comentário acima deve pelo menos PENSAR “CARAMBA (sic) que palmeirense que é esse Jair, o Palmeiras perde a 1ª partida das finais do Campeonato Paulista e ele vem comentar sobre os garotos da base”.
    Mas TUDO, TUDO, tem a ver com o MASSACRE que o Sr.Abel Ferreira vem efetuando desde o dia 2 de Janeiro de 2.022, quando ele retornou da Europa com “sangue nos olhos ” contra os garotos da base.
    O que nos vimos ontem vai se repetir N vezes no Palmeiras, quando não jogar o Danilo, o “ultimo dos moicanos” da base do Palmeiras.
    Patrick de Paula, praticamente foi expulso do Palmeiras.
    Gabriel Menino, ostracismo total.
    Renan, vai curtir o final da temporada no Red Bull.
    Mas… SR. Abel Ferreira, 16 º maior salario de técnico do Mundo !!!!

    Quando Danilo não jogar, tome “goela abaixo” torcedor do Palmeiras, Zé Rafael, Jailson, e o maior “cercador de galinhas” do futebol mundial, o super protegido Atuesta.

    AGUEEEEEEEEEEEEEEEEEENTA CORAÇÃO !!!

    Abçs.

    • Márcio Trevisan

      Jair, olá.

      De fato, a postura de AF em relação a alguns dos garotos mudou muito. Mas será que alguns dos garotos também não estão muito mudados? Será que a fama, a grana e tudo o que ambas trazem não lhes subiu à cabeça?

      De qualquer forma, não acredito que Gabriel Menino seja inferior a Jaílson, e mais uma vez o treinador o esqueceu no banco de reservas.

      Abs.

  2. roberto alfano

    Boa tarde, caro Trevisan, deixando a polêmica de lado, me desculpe, o Palmeiras não jogou nada em se tratando de uma Final.

    Pode ser que no próximo jogo, melhore, mais vai ter suar muito para conseguir virar.

    O Danilo faz muita falta no Time.

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Alfano.

      Concordo triplamente contigo: não jogamos nada, será muito difícil virar e o Danilo faz uma falta gigantesca.

      Abs.

  3. António Manara

    Não acho,que perdemos do São Paulo por falta de um centro avante (um nove) ou um atacante. Fomos derrotados por termos enfrentado uma arbitragem totalmente fraca e mal intencionada.

    • Márcio Trevisan

      Manara: a falta de um 9 foi um dos motivos, não o único – aliás, eu disse isso na matéria.

      E, apesar dos erros da arbitragem, nada explica o péssimo futebol que apresentamos no segundo tempo. Poderíamos, meu amigo, ter levado uma goleada.

      Abs.

  4. Leonardo Madureira

    Bom dia Márcio. Eu sei que não podemos culpar a arbitragem por tudo, mas ela ajudou consideravelmente o time da casa. Na minha opinião o marcos rocha ta com o braço colado no corpo, e no lance do sao paulo, o cara ta com o braço completamente esticado. Já vi penaltis serem marcados mesmo com desvio na perna antes. Sem contar as inúmeras faltas que ele NÃO dava perto da área delas com total ausência de critério. Jogamos bem? Claro que não, mas a arbitragem quebrou a moral dos nosso jogadores, e 55 mil trikas fizeram o resto. Não espero menos que SANGUE VERDE NOS OLHOS de cada jogador na final domingo, pois se o paulistinha não importava, agora importa, e muito. Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Léo.

      Entendo seu ponto de vista e até concordo com ele, mas a FIFA dá ao VAR de cada país a possibilidade de interpretação. Daí que, no Brasil, a bola na mão de Marcos Rocha tem sido marcada constantemente.

      No que diz respeito ao lado do zagueiro são-paulino, idem aconteceu com Luan em uma partida contra a Chape, se eu não me engano. Na época, era pênalti. Mas, após recentes revisões por parte da International Board, este tipo de lance não pode mais ser considerado penal. Aliás, talvez mais pênalti tenha sido o agarrão que Gómez sofreu, e que o VAR sequer chamou à revisão.

      Por fim, o Paulistinha segue sendo o que tem sido nos últimos anos – quase nada. Mas é claro que, depois do que houve, acredito que nosso time jogará muito melhor e, aí, talvez o que não se espera aconteça.

      Abs.

  5. Bom dia, Márcio.

    Infelizmente, jogamos o pior futebol do campeonato no momento errado. Como você bem disse, todos foram extremamente mal, do treinador aos jogadores.

    Um dos pontos que me surpreendeu foi o desconhecimento do Abel em saber o que fazer, pois – como você também mencionou – ele demorou muito para mexer no time e quando o fez, nada aconteceu. Ele, que é conhecido como um estrategista e que adequa o time ao adversário, ficou perdido.

    Todos sabemos da necessidade de um centroavante, mas não acho que essa foi a causa raiz da nossa derrota. Afinal, conseguimos bons resultados sem um 9 de verdade e se eu fosse indicar apenas um motivo para o Palmeiras ter perdido para o SPFC eu não saberia dizer.

    Um fator me consola: é impossível que o Palmeiras jogue tão mal domingo. Logo, enquanto há bambu, tem flecha e eu realmente acredito que podemos, pelo menos, fazer 2 a 0 e levar a decisão para os pênaltis.

    Um abraço.

    Valter

    • Márcio Trevisan

      Valter, salve!

      Abel se surpreendeu, assim como e quase todo mundo, com a forma como o SPFC voltou no segundo tempo.

      Todos esperavam uma equipe fechada e partindo para o contra-ataque, mas como Ceni sabia que sua única opção seria vencer por pelo menos dois gols de diferença, nos massacrou e encurralou no campo de defesa.

      Em relação à nossa situação, ela é bem complicada. Mas lembre-se: nem sempre o improvável é impossível.

      Abs.

  6. JORGE MARCOS TEIXEIRA FARANI

    Tenho evitado enviar minha opinião, pois ainda continuo sem entender como um time pode jogar sem um 9 e um 10. É por isso que o jogo inteiro os nossos zagueiros ficam fazendo ligação direta porque não temos um 10 e com isso a bola não chega ao ataque, principalmente ao 9.
    Não consigo entender como o adversário de ontem que está cheio de dividas e consegue contratar, enquanto o nosso clube que tem “caixa bom” fica querendo contratar jogadores livres no mercado e ainda fica a presidente dizendo que não acredita no “bom e barato”. Eu pergunto: esses jogadores que foram contratados estão resolvendo o que em campo? Cadê os jogadores da base que quando entram em campo não sabem o que fazer. Será que só serviram por “necessidade financeira” no ano de 2020. Do jeito que vai vamos ficar assistindo os jovens sendo vendidos e ficar colecionando “boleiros surrados”.
    Agora, falando do próximo jogo o que esperar de um time que jogando o que está jogando essa ano, nos últimos jogos só venceu o Ituano com uma diferença de dois gols?

    • Márcio Trevisan

      Farani: perdoe-me, mas temos um 10.

      Este é Raphael Veiga.

      Pode não ser um Ademir da Guia, mas não é mau jogador.

      Em relação à nossa situação, ela é bem complicada. Mas lembre-se: nem sempre o improvável é impossível.

      Abs.

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