CAP. 148: O PALMEIRAS CALA O MARACANÃ

Paralelamente à Segunda Fase do Paulistão e antes das semifinais contra o Corinthians/SP, relembradas em nossos mais recente encontro, o Palmeiras estreou no Campeonato Brasileiro de 1979 já em sua Terceira Etapa devido aos problemas de calendário que acabaram por fazer com que ambas as competições fossem disputadas quase que simultaneamente. Aliás, justamente por isso, coube ao Verdão e ao Guarani/SP, respectivamente vice-campeão e campeão do ano anterior, serem os dois únicos grandes paulistas a participarem do torneio. 

Caímos no Grupo Q ao lado de duas pequenas equipes do Interior do Estado – o São Bento de Sorocaba e o Comercial de Ribeirão Preto – e também do Flamengo/RJ, tido e havido como o melhor time do Brasil. E não sem motivo: dirigidos por Cláudio Coutinho, os cariocas tinham em seu elenco uma autêntica Seleção Brasileira: dos seus 11 titulares, nada menos do que 6 faziam parte do selecionado nacional: os laterais Toninho e Júnior, os meio-campistas Carpegiani e Adílio, o atacante Tita e, claro, o craque Zico, um dos melhores jogadores de futebol do mundo em todos os tempos. 

O regulamento era simples: todos se enfrentariam dentro da chave e em turno único, e apenas o campeão se classificaria às semifinais do Brasileirão. Então, era óbvio que a única vaga do grupo estava entre o Verdão e o Mengo. Mas havia um detalhe: na definição da tabela, a CBD (precursora da CBF) definiu que a última partida seria entre nós e eles, e é claro que no Maracanã. Ou seja: tudo estava encaminhado para, caso ambos chegassem vivos à última rodada, os flamenguistas levassem a vantagem do fator casa. 

De fato, os dois times interioranos não tiveram a menor chance. Na primeira rodada, goleamos o Comercial/SP por 5 a 1, no Morumbi, enquanto o Flamengo aplicou 4 a 0 no São Bento/SP, no Maracanã. Três dias mais tarde, os cariocas não levaram em conta o fato de jogarem fora de seus domínios e venceram o time de Ribeirão Preto/SP por 2 a 0, enquanto no Pacaembu aplicávamos 4 a 0 sobre a equipe de Sorocaba/SP. 

Chegou, então, o dia da grande decisão, e a Imprensa de todo o País não falava em outro assunto que não o encontro do mágico time de Zico diante dos garotos comandados por Telê Santana. Embora o empate nos bastasse para ficar com a vaga, já que nosso saldo de gols era superior (8 a 6), a certeza da vitória por parte do Flamengo/RJ era tão grande que seu presidente, Márcio Braga, chegou a declarar à Imprensa que já havia até reservado o hotel em Porto Alegre/RS para o primeiro jogo das semifinais, contra o Internacional. Já Cláudio Coutinho, que acumulava as funções de técnico do time carioca e também da Seleção Brasileira, dissera que “o Palmeiras tinha um bom time, sim, mas com certeza iria tremer diante de um Maracanã lotado”. 

Mais de 120 mil pessoas (112.047 destas pagantes) lotaram o estádio certas de que veriam o Fla massacrar aquele time de uma única estrela, Jorge Mendonça. Mas não foi o que aconteceu: o craque palmeirense abriu o placar logo aos 11 minutos de jogo, vantagem não só mantida até o fim da etapa inicial como por muito pouco não ampliada aos 42, quando o centroavante César, que viera do Bonsucesso/RJ, perdeu um gol em cima da linha fatal, chutando no travessão. 

Carlos Alberto Seixas comemora o segundo gol do Palmeiras naquela inesquecível goleada

Após o intervalo e precisando virar o jogo, o rubro-negro veio pra cima da nossa equipe e, aos 9 minutos, Zico sofreu um pênalti – aliás, em lance um tanto quanto duvidoso – cometido por Mococa. O próprio camisa 10 da Gávea bateu e empatou. Obviamente, a pressão carioca aumentou muito após o gol, e foi a vez de Gilmar mostrar porque a diretoria não tivera medo de dispensar Émerson Leão um ano antes. Nosso goleiros fez pelo menos três defesas sensacionais nos minutos seguintes. 

O tempo foi passando e, claro, o Flamengo/RJ se angustiava com a possibilidade da eliminação. E tudo ficou ainda melhor para o nosso lado quando, aos 23 minutos, Telê sacou Jorginho e colocou o centroavante Carlos Alberto Seixas. Exatamente um minuto depois, o atacante se aproveitou de uma bobeira da zaga flamenguista e completou um falta cobrada por Baroninho: Palmeiras, 2 a 1. Desesperado, pois então precisaria marcar dois gols em pouco mais de 20 minutos, o Fla foi todo para o ataque, e levou o castigo: aos 31, o lateral-esquerdo Pedrinho lançou Baroninho, entrou pelo meio, recebeu de volta e bateu de primeira, marcando o terceiro. 

Parte da galera rubro-negra começou a deixar o Maracanã logo depois, mas os que ficaram ainda puderam assistir a dois lances que mostraram bem o quão superior fora o Palmeiras naquela tarde de domingo: aos 40, Beijoca acertou uma covarde cotovelada em Mococa e, não contente, logo depois um soco em Baroninho, sendo expulso por Carlos Sérgio Rosa Martins. Cinco minutos mais tarde, Baroninho cruzou da esquerda e Zé Mário, que pouco antes substituíra César, fez de cabeça o gol que selou a goleada e classificação palmeirense às semifinais. 

Ao final da partida, já com a vaga às semifinais garantida, coube ao técnico Telê Santana dizer a mais célebre e irônica frase referente àquele jogo: “Para um time de garotos que iriam tremer no M aracanã, até que fomos bem, não?”. 

Para ver gols da partida com narração de José Silvério, da Rádio Jovem Pan, clique em  https://www.youtube.com/watch?v=3I_hmW6eP-g. Já para assistir aos melhores momentos do jogo, clique em https://www.youtube.com/watch?v=B-3MkCZ3hNU. 

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