CAP. 106 – O PRIMEIRO TÍTULO BRASILEIRO

Hoje, todos conhecemos a Copa do Brasil. Mas o que pouca gente sabe é que no final dos anos 50 e começo dos 60 este importante torneio teve um ancestral. Foi a chamada Taça Brasil, que reuniu em suas primeiras edições apenas alguns campeões estaduais da temporada anterior. Assim como acontece atualmente, também o seu vencedor representava o Brasil na Copa Libertadores da América, só que de forma isolada – na época, apenas um time de cada país se classificava ao torneio sul-americano.

Campeão paulista em 1959, o Verdão disputou pela primeira vez a Taça Brasil em 1960. Por ser o detentor do título estadual mais importante do País, o Verdão não precisou disputar as fases eliminatórias, iniciando sua participação já nas semifinais. Nosso adversário, o Fluminense, era o representante da Guanabara e também o campeão da chave Sudeste/Sul.

No primeiro jogo, empatamos no Pacaembu por 0 a 0 e, no segundo, vencemos por 1 a 0, no Maracanã, gol de Humberto Tozzi. Classificados à grande decisão, tivemos pela frente o Fortaleza/CE, vencedor da chave Norte/Nordeste. Aparentemente, seria um adversário muito frágil, mas a equipe cearense havia eliminado ninguém menos do que o Bahia/BA, campeão da Taça Brasil do ano anterior ao alijar da disputa “apenas” o Santos/SP, de Pelé e cia. Portanto, todo o cuidado seria pouco.

A primeira partida final aconteceu na capital do Ceará, e o Palmeiras não permitiu que o time da casa sequer começasse a gostar do jogo – em apenas 17 minutos, já vencíamos por 2 a 0, gols de Romeiro. Passados apenas 120 segundos, adivinhem quem marcou o terceiro… Acertou quem respondeu Humberto Tozzi. Com tamanha vantagem no placar, nem mesmo o gol de honra do Fortaleza/CE, aos 7 da etapa final, foi capaz de impedir a vitória e o gigantesco passo rumo ao título.

Time campeão brasileiro de 1960

A vitória obtida no primeiro jogo final deixou o Verdão numa situação bastante cômoda: para perder aquele que seria o seu primeiro título em nível reconhecidamente nacional, o time teria de ser derrotado por pelo menos três gols de diferença no Pacaembu. Mas não é que nossa equipe levou um susto? Logo aos 6 minutos, o bom centroavante Charuto abriu o placar e calou os mais de 50 mil palmeirenses que lotavam o estádio. 

A sorte é que o empate não demorou nada: apenas dois minutos mais tarde, o excelente volante artilheiro Zequinha balançou as redes. Daí em diante, a superioridade alviverde foi esmagadora – em apenas 21 minutos, já vencíamos por 3 a 1 -, e nem o segundo gol da equipe cearense, mais uma vez marcado por Charuto, serviu para diminuir o ímpeto alviverde. Afinal, para perder o título, na etapa final o Palmeiras teria de levar cinco gols e não marcar nenhum!

Claro que isso não poderia, mesmo, acontecer. E, rapidamente, o Verdão construiu uma goleada histórica, que se encerrou com um gol de Humberto Tozzi. Aquele, aliás, foi o único título expressivo que este extraordinário meia ofensivo ganhou pelo Verdão. Uma ironia, se levarmos em conta que se tratou de um jogador que fez 129 gols (o 7º maior de toda a nossa história) em 135 partidas disputadas – média de inacreditável 0,95 gol por jogo!

Com o troféu na mão, o Palmeiras teve o direito não só de dar mais uma volta olímpica como, também, de disputar a sua primeira Copa Libertadores da América, representando o futebol brasileiro na edição de 1961. Nesta, fez parte do grupo o ponta-esquerda Bececê, contratado justamente ao Fortaleza/CE por ter sido o artilheiro daquela Taça Brasil, com 7 gols.    

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4 Responses to CAP. 106 – O PRIMEIRO TÍTULO BRASILEIRO

  1. Roberto Alfano

    Boa tarde, como sempre bem resgatada a história do Palmeiras por este importante site.

    Por isso que a nossa torcida é exigente, sabemos da força que representa este Clube, bem como sua tradição sempre lembrada aqui.

    Temos que ter paciência neste começo de temporada , para voltar a engrenar, só depende de nós.

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Obrigado, Alfano.

      E o melhor: aqui a história é sempre a verdadeira, e por isso mesmo nem sempre a oficial.

      Abs.

  2. Marcelo Camargo

    Olá,
    Muito bom poder acompanhar a história do clube e com tantos detalhes. Para quem não presenciou ao vivo – principalmente por não ter nascido ainda, acaba sendo uma viagem no tempo.
    Interessante notar como os fatos se repetem. O destaque ao “susto” logo no início do jogo no Pacaembu é até engraçado, porque quantas vezes não passamos por isso e tudo acabou bem, não é? Imaginei o silêncio de velório, os pensamentos negativos e dois minutos depois, respirar tranquilo e curtir a provável conquista.
    Bom final de semana e saudações Alviverdes.

    • Márcio Trevisan

      Oi, Marcelo.

      Meu objetivo ao resgatar a história do Palmeiras em capítulos e com uma narração em estilo novelístico é justamente este: levar o leitor ao momento em que o fato se deu, fazendo com que ele vivencie a situação como se lá estivesse ou, então, relembre se teve a chance de ver “in loco”.

      Fico muito feliz que você goste do nosso site.

      Escreva sempre, ok?

      Abs!

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