CAP. 75 – NO CÉU, UM SUSTO; NA TERRA, UM TÍTULO

Como tivemos a oportunidade de contar anteriormente, a campanha palmeirense no Campeonato Paulista de 1947 foi quase impecável. Este “quase”, claro, se deveu a uma só derrota, porém extremamente dolorosa por duas razões: a primeira é que, por causa deste tropeço, o Verdão deixou de lutar pela posse transitória da Taça dos Invictos, uma promoção que o extinto jornal A Gazeta Esportiva fazia todos os anos; e a segunda, pior ainda, é que a queda se deu exatamente contra o Corinthians, desde sempre nosso principal rival. Em outras palavras: não fosse esta derrota, o Palmeiras teria conseguido em 1947 o que conseguira em 1926 e 1932: ser campeão paulista invicto.

Mas, na tarde de 23 de novembro daquele ano, os deuses do futebol estavam com suas costas viradas para os alviverdes. Assim foi que, mesmo tendo uma equipe amplamente superior, o Palmeiras caiu frente ao arquiinimigo por 2 a 0. Após uma etapa inicial bastante equilibrada, os 54.128 torcedores que superlotaram o Estádio do Pacaembu (que hoje “encolheu” e comporta apenas 40.199 pessoas) viram o Corinthians chegar à vitória com gols de Servílio (de pênalti) aos 2 e de Cláudio Cristovam de Pinho aos 23 minutos da etapa final.

Houve, porém, um fato inusitado antes do jogo, que deixou assustados e perplexos todos os torcedores, fossem eles palmeirenses ou não. Sem que nada fosse avisado, nem mesmo à Imprensa, a Polícia Militar promoveu uma demonstração sobre o estádio que, devido ao inusitado e ensurdecedor barulho que ocasionou, por pouco não provocou pânico nas pessoas e, claro, não se transformou em tragédia.

Modelo de “autogiro” semelhante ao que sobrevoou o Pacaembu em 1947

Sem que ninguém esperasse, de repente surgiu no céu o que na época era chamado de “autogiro”, até então pouquíssimas vezes visto no território nacional e conhecido apenas em fotos de jornais ou em filmes norte-americanos no cinema. O tal “autogiro”, claro, é o que hoje conhecemos por helicóptero.

Não bastasse o estrondo que fazia o aparelho, o piloto ainda por cima resolveu fazer peripécias com a máquina. Passeou, quase tocando o gramado, de uma meta a outra, driblou as traves por dentro e por fora do campo e, não contente, ainda por cima fez o modelo girar, como, aliás, dizia seu próprio nome, em torno das bandeirinhas que demarcavam o escanteio. Num misto de admiração e temor, o público aplaudiu muito o espetáculo, mas não foram poucos os que deixaram o local apavorados ou deram graças a Deus quando a máquina de novo alcançou os ares e partiu em direção ao Aeroporto Campo de Marte, onde pousou em plena segurança.

Apesar de tanta emoção, aqueles foram os únicos sustos que a torcida palmeirense teve em todo o Campeonato Paulista. Logo na partida seguinte, o Verdão voltou à sua rotina de vitória e bateu o Ypiranga, também no Pacaembu, por 2 a 1. O título acabou sendo garantido com uma rodada de antecedência, numa nova vitória por 2 a 1, só que dessa vez sobre o Santos e na Vila Belmiro, o que deu mais charme e importância ao feito, claro.

Em nosso próximo encontro, relembraremos este importante clássico em detalhes e, também, contaremos as manobras fora de campo que tentaram tirar do Verdão o título que ele, com toda a justiça, faturou dentro dele.

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