POR QUE PODEMOS FATURAR ESTE PAULISTÃO

Apesar das limitações, Palmeiras tem algo a mais do que os principais concorrentes: elenco. 

Acostumados a um futebol clássico, envolvente e charmoso, que marcou não somente as duas Academias mas também várias outras equipes em nossa história (1932/33/34, 1950/1951, 1993/94, 1996, etc.) nós, palmeirenses, temos por regra primeiro reclamar e só depois elogiar. Comemorar, então, só quando faturamos títulos – e não pode ser qualquer título, não: tem que ser “o” título.

E, sinceramente, não acredito que isso seja errado. Temos, sim, de cobrar e exigir grandes times, grandes craques, grandes treinadores, pois foi somente graças a estas três bases que hoje podemos dizer, com orgulho, que torcemos pelo maior campeão da história do futebol brasileiro. O problema, meus amigos, é que por vezes tal postura nos cega, nos impede de ver detalhes que, para torcidas outras, saltariam à vista.

É o que acontece neste começo de um ano importantíssimo para o alviverde. Sei que temos deficiências: nossos laterais não são confiáveis, nosso ataque suplente deixa a desejar, o time todo depende demais de Valdivia, nosso treinador pode até já ter saído da Ponte Preta, mas a Ponte Preta às vezes parece ainda não ter saído dele, nossos dirigentes contratam vários jogadores para a mesma posição, etc. Porém…

Esta alegria pode nos ajudar a faturar mais um Paulistão

Porém há um detalhe que, em minha opinião, temos a mais do que os outros três clubes que efetivamente lutam pelo título: elenco. Hoje, o Palmeiras tem, sim, mais e melhores opções do que Santos, São Paulo e Corinthians. E em um torneio tão equilibrado como este Paulistão, tal vantagem pode ser decisiva. O grupo não possui, de fato, grandes craques, mas conta com vários bons jogadores e outros que que, pelo menos, não são de todo ruins.

Nossa espinha dorsal é de ótima qualidade: Prass, Lúcio, Eguren, Wesley, Valdivia, Leandro e Alan Kardec seriam titulares em quase todos os grandes clubes do País (o goleiro e o centroavante, por sinal, vivem as melhores fases de suas carreiras e deveriam fazer parte da Seleção Brasileira). Temos jogadores que podem jogar, ou pelo menos quebrar o galho, em mais de uma posição – Marcelo Oliveira, França, Serginho, Wendel, Mazinho, Diogo, Marquinhos Gabriel. E dois meias que, mesmo sem serem geniais, indiscutivelmente já nos são e ainda nos serão muito úteis: Mendieta e Bruno César. É o tal negócio: se atuassem em times diferentes, provavelmente vários dos citados não passariam de meros coadjuvantes ou, até mesmo, de anônimos figurantes. Mas juntos…

Juntos eles podem fazer a diferença, e sinceramente têm tudo para fazer. Além do que citei acima, há dois outros fatores essenciais a qualquer equipe campeã: a união, fator já lembrado por mim há alguns dias (http://senhorpalmeiras.com.br/web/2014/02/11/quando-a-uniao-pode-fazer-mais-do-que-apenas-a-forca/#more), e o fato de Gílson Kleina ter o irrestrito apoio de todo o grupo, até mesmo de quem não tem sido escalado, tema que abordarei em breve.

Algo me diz que, em breve, a festa será verde outra vez.

19 Responses to POR QUE PODEMOS FATURAR ESTE PAULISTÃO

  1. Parabens pela materia…
    E acho que o Rodolfo ja deveria ser testado em alguns jogos a nao ser que haja algum tipo de preparacao especial devido algum projeto de imagem e condicionamento fisico, mas queremos futebol..

  2. PALESTRINO NATO

    VC CITOU VARIAS VZS O JORGE MENDONÇA E O “COITADO” FALECEU QUASE COMO UM MENDIGO.
    QUANTO AO NOSSO VALOROSO VERDÃO, ACREDITO SIM EM UM TÍTULO ESSE ANO E A VAGA PRA LIBERTA E COM CERTEZA, O ANO DE 2015 SERÁ MELHOR AINDA UMA VEZ QUE, OUTROS ATLETAS MAIS RENOMADOS ACEITARAM JOGAR SEM MAIORES RECEIOS.
    PAULO NOBRE, QUERO SER FELIZ DE NOVO.

    • Márcio Trevisan

      Oi, Bianco.

      De fato, Jorge Mendonça passou por muita dificuldade, o que aumentou ainda mais o seu problema com álcool. Em minha humilde opinião, ele foi, sim, um dos melhores jogadores de nossa história.

      Quanto à sua previsão, queira Deus que se concretize, e seu argumento de que não haverá, mais o medo em relação à nova política financeira está correto.

      Abs.

  3. Sim, ótima base! Concordo plenamente com suas observações! Quanto ao Valdivia, é craque, joga muito e faz a diferença… Simples assim e ponto! Trevisan, você foi muito feliz nesta crônica. Mas acho que o próximo assunto será: Patrick Vieira, certo? Abraços. Thiago M.

  4. Gostei muito dessa crônica. Só vou fazer um comentário em relação ao Valdívia, sem querer ser chato pois sei que sempre toco nesse assunto. Apenas acho que o time pode descobrir outra forma de jogar sem ele. Basta querer. Essa dependência atrapalha a formação de um time muito melhor que esse que está aí, talvez muito mais veloz e com outra cara. Tenho certeza que a partir do momento que ele sair o Palmeiras irá começar uma nova era.

    Abraços !!

    • Márcio Trevisan

      Oi, Ed.

      Obrigado pelo elogio.

      Vc tem razão: o jogador mediano, quando saca que ao seu lado joga um cara melhor, costuma se encostar nele.

      Quando não há este cara, todos têm de correr um pouco mais, de trabalhar um pouco mais.

      Quanto à saída de Valdivia, dependerá de como o Chile for na Copa. Mas eu acho que eles ganharão da Austrália e levarão duas piabas – da Espanha e da Holanda.

      Abs.

  5. Marcio
    Na época que você foi Assessor de Imprensa do Palmeiras, era comum os jogadores que saiam do clube colocar ações no Judiciário contra o Palmeiras?

    • Márcio Trevisan

      Oi, Jair.

      Isso acontece com quase todos os jogadores que são negociados sem o desejarem, caso agora do Henrique, e também com atletas dispensados.

      Houve um que pediu até adicional noturno para jogos que terminaram após as 22h00 e adicional insalubridade para jogos disputados sob chuva. É mole?

      Mas, esclarecendo: Henrique não acionou o Palmeiras na Justiça. Ele apenas enviou um comunicado extra-judicial.

      Abs.

  6. Bom dia, outro belo texto, e analisando esse elenco temos sim reais condições de levar o paulista e na minha opinião com mais um zagueiro, um lateral direito e um centro avante podemos brigar pelo titulo nacional também.

    Abss

    • Márcio Trevisan

      Oi, Ângelo.

      Agradeço seu elogio e lhe dou as boas-vindas ao nosso site.

      Acho que, se Lúcio não comprometer, não precisaremos de mais zagueiros, já que além da improvisação de Marcelo Oliveira temos, também, Wellington e o Victorino, que um hora vai ter de jogar.

      Mas de um lateral-direito para ser titular e de um centroavante para a reserva de Kardec (principalmente se Rodolfo não der certo) precisamos, sim.

      Abs.

  7. Olá Márcio.

    Boa tarde.

    Excelente a sua exposição. Gostaria de acrescentar alguns comentários:

    Sobre os bons times, lembro o de 1979 (Gilmar; Rosemiro, Beto Fuscão, Pollozzi e Pedrinho; Pires e Mococa; Jorginho, Jorge Mendonça, César e Baroninho). Disputou 5 títulos com grandes chances de ganhar, e apesar de não ter ganho nenhum, deixou uma sensação maravilhosa de verdadeiro futebol arte nas mãos do mestre Telê Santana. No brasileirão daquele ano arrasou o Flamengo do Cláudio Coutinho por 4X1, em pleno Maracanã, onde os cariocas diziam que os meninos do Palmeiras iriam tremer, mas que ocorreu o contrário, levando o Coutinho até a escalar um “cavalo” chamado Beijoca, só para quebrar os nossos atacantes franzinos como o Carlos Alberto Seixas. Depois, nas semi-finais, perdemos para o Internacional (RS), nosso eterno carrasco, por 1X2, em uma quarta-feira à noite em pleno Pacaembu, ou Morumbi, não me lembro, em uma jornada magnífica do Falcão, do Jair e do Batista, resultado que nos alijou e levou o Inter ao tri-campeonato.

    No Paulistão daquele ano, ganhamos os 3 turnos, goleando os gambás nas 3 vezes por 3X1 (o Jairão, goleirão “deles”, cansava de ir buscar a bola no fundo das redes). Porém, por incompetência da nossa diretoria, como sempre, deixaram o Vicente Matheus melar o campeonato, e na volta, em janeiro de 1980, perdemos para “eles” em uma triste jornada do Jorge Mendonça, que pipocou mais que milho em micro-ondas.

    Enfim, Márcio, temo que este time de agora venha a repetir essa jornada que eu chamava de “time bonitinho, mas ordinário” (igual a Seleção na Copa do Mundo em 1982) pois jogava esplendorosamente, mas não ganhava nada.

    Obrigado pelo espaço e desculpe-me por me alongar tanto.

    Um abraço

    Roberval

    • Márcio Trevisan

      Oi, Roberval.

      O espaço é nosso. Utilize-o como desejar.

      Mas, como historiador do clube, me vejo na obrigação de corrigir alguns ponto que a memória o traiu:

      1 – O primeiro jogo com o Inter/RS foi no Morumbi.

      2 – A derrota por 3 a 2 (gols palmeirenses marcados por Jorge Mendonça e Baroninho) não nos alijou da competição. Para nos classificarmos às finais, teríamos de vencer no Beira Rio mas, lá, só empatamos: 1 a 1, gol de Mococa.

      3 – Pelo Paulistão de 1979 enfrentamos o time “deles” quatro vezes. De fato, vencemos no 1º Turno por 3 a 1, gols de César, Carlos Alberto Seixas e Mauro (contra), mas não fomos bem nas outras três: empatamos no 2º Turno por 1 a 1 (César) e na primeira semifinal, também por 1 a 1 (Jorge Mendonça), e perdemos a partida decisiva por 1 a 0, já na volta das férias (gol de Biro Biro, de canela).

      Pela quantidade de vezes que citei o nome de Jorge Mendonça, talvez ele não tenha sido tão “pipoqueiro” quanto muitos torcedores o classificam, certo?

      Agradeço seu elogio. Escreva sempre.

      Abs.

      • Valeu Márcio. Ultimamente minha memória elefantina anda me pregando peças (deve ser a idade, rsrsrs), se bem que afinal, lá se vão 34 anos!!!

        Um abraço

        Roberval

  8. Gostei da sua matéria Marcio,concordo totalmente, mas minha unica preocupação continua sendo com o Gilson Kleina. Um bom chef pode ter os melhores ingredientes, mas se não souber montar os pratos de nada adiantará.

    • Márcio Trevisan

      Oi, Marcos.

      Agradeço o elogio e concordo contigo.

      Porém, lembro: em 2009, o grupo estava fechado com Jorginho, Belluzzo insistiu em Muricy e deu no que deu.

      Em outras palavras: é melhor um técnico médio que tem o elenco nas mãos do que um fera do qual ninguém gosta.

      Abs.

  9. Bom dia, fica uma pergunta, será que este futebol apresentado por nossos jogadores não tem efeito salário produtividade? Eu sempre achei, e não de agora que jogadores deveriam ganhar por produtividade. Ontem foi matéria de um programa de televisão que disse: Hoje o Brasil pagasse muito bem aos jogadores estrangeiros, principalmente do eixo Mercosul.

    Duas perguntas Márcio, estas enxurradas de processo de ex-jogadores que passram pelo verdão é verdade?, e não esta nos atrapalhando? (Lincoln, Marcos Assunção, Dinei, etc.), e a outra é sem patrocino master não vai nos enfraquecer para o Brasileirão?

    • Márcio Trevisan

      Oi, Ronaldo.

      Vamos às suas respostas:

      1 – Sim. Creio que o maior empenho por parte dos jogadores se deva a esta nova política salarial, a qual sempre apoiei embora tenha salientado a dificuldade de sua implantação.

      2 – Sim. Os processos são verídicos, mas não são exclusividade do Palmeiras – todos os clubes os têm. E não atrapalham em nada, pois isso comum no futebol.

      3 – Sim. Será um absurdo se começarmos o Brasileirão sem um patrocínio principal. Tomara que esta situação se resolva em breve.

      Abs.

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