A DIFÍCIL ARTE DE OLHAR PARA O PRÓPRIO UMBIGO

Felipão aponta vários problemas do Palmeiras, mas não fala uma única palavra sobre os seus próprios defeitos.

1 – “Não há bons jogadores nas categorias de base do Palmeiras. O pessoal vai ficar chateado, mas é a verdade. Os que eram bons já estão trabalhando comigo, e ainda precisam ser mais bem preparados”.

2 – “Um dos problemas do Palmeiras é o ciúme que existe aqui. E ciúme de homem é muito pior do que ciúme de mulher”.

3 – “Eu não faço milagres. Faço o que posso, mas não posso tudo. Meu trabalho é pensado no momento e também no futuro, pois sou um técnico identificado com o clube”.

4 – “Indicamos a contratação, por exemplo, do Émerson, hoje no Corinthians/SP, mas os salários dele não estavam ao nosso alcance. Então, veio o Fernandão, ganhando 10% do que ganharia o Émerson. A situação é essa”.

5 – “Estamos apostando em alguns nomes desconhecidos, mas com potencial de crescimento. Só que a torcida tem de entender que algumas apostas vingam, outras não. Faz parte”.

As cinco frases acima foram ditas na sexta-feira, 16/09, durante entrevista coletiva, pelo técnico Luiz Felipe Scolari. E sabe quantas delas são verdadeiras? Todas. As principais afirmações do nosso treinador exprimem a mais perfeita realidade do assuntos que ele abordou.

Contudo, se em cada mentira por vezes pode haver um fundo de verdade, também se pode dizer que cada verdade pode, muitas vezes, ter sua parcela de mentira. Seguindo a mesma ordem, vejamos:

1 – As categorias de base do Palmeiras podem não ser, como aliás jamais foram, um celeiro de craques, mas isso não significa que ninguém que delas faça parte tenha condições de atuar no time de cima. Às vezes, o que se precisa é de um olhar um pouco mais atento, mais atualizado e também mais inteligente.

2 – Ciúmes e vaidades fazem parte do Palmeiras desde 26/08/1914. Se você acha exagero, leia o capítulo 3 de “Nossa História”. Mesmo assim, o time foi o maior campeão brasileiro do século XX, tem 22 títulos estaduais, 8 brasileiros, um sul-americano, um mundial e centenas de outros quase ou tão importantes quanto. Ou seja: ciúme e vaidade atrapalham, mas não impedem conquistas.

3 – Ninguém espera que ninguém faça milagres. Espera-se apenas que faça o seu trabalho da melhor maneira possível. Felipão o faz, mas esbarra no ego, defeito encontrado em 100% dos treinadores de ponta, para admitir equívocos próprios que contribuíram para algumas derrotas que, como treinador, vem sofrendo desde 2002.

4 – É verdade que o Palmeiras não tem dinheiro para grandes contratações, mas também é verdade que alguns jogadores a médio ou até baixo custo foram vetados por Felipão, tipo Elkeson, destaque do Botafogo/RJ, ou mesmo Wellington Paulista que, mesmo sem ser brilhante, não foi escalado uma única vez em sua real posição. Pior ainda quando jogadores como Pierre são preteridos em relação a outros, muito menos competentes.

5 – Apostas, como o próprio nome diz, não são garantia de sucesso. Mas esperar sucesso de nomes como Rivaldo, Chico e Dinei, só para ficarmos em apenas três exemplos, é pedir para que a galera, da arquibancada, lance o famoso coro de “Burro”, que aliás já se começou a ouvir esporadicamente.

Ou seja: com seu discurso em tom pra lá de crítico, Scolari deixou bem claro que, em sua opinião, nada, absolutamente nada de errado que tenha acontecido ou esteja acontecendo com o Verdão desde sua chegada seja ao menos em parte responsabilidade sua.

Em síntese: apontar o dedo para defeitos alheios é muito mais fácil do que olhar para o próprio umbigo.

11 Responses to A DIFÍCIL ARTE DE OLHAR PARA O PRÓPRIO UMBIGO

  1. Concordo com você Márcio.
    Especialmente nos pontos 1, 4 e 5. A saída do Pierre é algo que jamais vou aceitar, pois ele foi titular com todos os treinadores que aqui passaram e é um exemplo de humildade, caráter, garra, determinação e dedicação…

    O empréstimo do Luís Felipe, LD que vem bem no bragantino, e do Miguel Bianconi, também, foi algo ridículo, pois contrataram o Paulo Henrique para ser reserva do Cicinho e ele mal é convocado para os jogos quanto mais jogar, aliás nem estreou ainda, mas Rivaldo Fake e Tinga tem oportunidades de sobra…Depois subiram o Patrick Vieira que se não me engano foi para o banco de reservas apenas uma vez, e mais um LD, o Bruno Oliveira mas eles nunca jogaram com o nosso técnico atual se não aprenderem a marcar como um zagueiro ou volante.

    Falta humildade, alegria e vontade em alguns jogadores e também na comissão técnica. Kléber e Valdívia tem status de craques e ídolos aqui no Palmeiras, mas ganharam quantos títulos mesmo, hein?! meia-dúzia, uma dezena?? NÃO!! Nesta segunda passagem por aqui estão fracos… com apenas lampejos de bom futebol. Cleiton Xavier é muito mais humilde que Valdívia e colabora muito mais com o time dentro de campo. Obina tinha tanta vontade ser campeão brasileiro em 2009 que até perdeu a cabeça…

    Abraço Márcio!

  2. Infelizmente não existem mais treinadores como o Mestre Tele Santana, que fez do Ronaldão (Zaqueiro), Cafu, e tantos outros, de jogadores limitados mas com treinamentos especifico de cabeceio, cruzamento, etc, se tornaram até jogadores de seleção.
    Hoje os treinadores de ponta, faz os treinamentos básicos, rachão, e se manda para seus escritório para ver como estão seus negócios particulares.
    Aquele gol que o Patrick perdeu de cabeça no jogo contra o Inter prova isso, ele errou a cabeçada sozinho, sem goleiro.
    Realmente o Felipão esta “falando demais”. O que ele, o Palmeiras e nos palmeirenses ganhamos com os seus comentarios, nada.
    Somente a midia que ganhou assunto para tumultuar a concentração dos jogadore, dirigentes e nos torcedores.
    Gosto do felipão como treinador, mas minha paciência esta acabando.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Josué.
      Seja bem-vindo ao nosso site e obrigado pelo seu comentário.
      Permita-me apenas uma correção: quem perdeu o gol de cabeça, em cima da linha, diante do Inter/RS, foi Gabriel Silva.
      Abs.

  3. Prezado Márcio,
    boa parcela da nossa torcida sempre foi muito rigorosa com as categorias de base do Palmeiras.
    A verdade é que se formos pesquisar não encontraremos nos chamados grandes clubes revelações constantes, ano a ano. A maioria, capitaneada pelo Palmeiras, sempre optou por comprar. De onde vem a expressão ” o interior é o celeiro do futebol brasileiro”? Logo, o Palmeiras não é exceção.
    Desde que o acompanho sei da sua opinião, pela qual tenho respeito porque sei que você escreve com muito embasamento, pois acompanha a trajetória dos garotos nas peneiras e nos jogos.
    Êste velho palmeirense vê as categorias de base do Palmeiras como um patrimônio do clube, como membros da família, família que tem filhos bons e outros nem tanto, mas nem por isso devem ser escorraçados, como vemos no nosso clube.
    Acho que 99% dos nomes indicados nos últimos 12 meses não são superiores aos jogadores da base. O que faltou foi um olhar mais respeitoso com os garotos. O que vimos foi empáfia de um prepotente que vamos aturar por mais 15 meses.
    Confesso que os resultados ruins me abalam, mas os vejo como passageiros. Não há mal que sempre dure e nem bem que nunca se acabe… Esses dirigentes que nos infelicitam passarão, esse “mestre” que, como você diz, só não olha o próprio umbigo, também passará. O que me preocupa mesmo é o que se faz com o patrimônio do clube, com os jovens que começam a vida no futebol vestindo a camisa que tanta amamos (uma camisa cada vez mais desvirtuda pelos experts em moda).
    Para finalizar: quem boicotou Evair na disputa do mundial em Tóquio, quem preteriu Alex levando para a Copa 2002 uma coisa chamada Kleberson, quem ao falar sobre categorias de base cita Arilson (quero apagar da memória a sua passagem pelo Palmeiras) e Emerson (que uma providencial contusão nos livrou da seleção), quem dá uma mísera “chance” de 10 e de 45 minutos a Miguel e depois faz o Palmeiras trazer vários atacantes nem um pouco superiores a ele, quem detona o garoto Patrick Vieira porque não sabe chutar com o pé direito e ignora que Jair da Rosa Pinto, Pepe, Rivelino, Gerson, Mário Sérgio, Alex e tantos outros só usavam o pé direito para subir no bonde, quem ignora que alguns dos seus “craques” preferidos como Dinei e Rivaldo chutam pior que Bizu (a lembrança doeu, não é Márcio?), quem perde sempre no duelo de técnicos porque não sabe criar alternativas, quem ressuscita os candiatos à série B, quem se acovarda escalando 5 volantes, quem consegue ser eliminado pelo desclassificado Goiás em casa, quem perde de 6 do Coritiba, quem faz a façanha de sair da Sul Americana diante do primeiro adversário, quem não explica porque saiu escorraçado do time inglês, quem mesmo se em algum momento do passado – nas competições curtas – demonstrou enxergar um pouco, hoje precisa no mínimo de um oftalmologista. Seria bom também procurar um bom terapeuta, quem sabe até mesmo um psiquiatra..
    Abraços do
    Penna Filho – Verde que te quero verde (citação de Federico Garcia Lorca)

    • Márcio Trevisan

      Penna: chegará o dia em que nossos dirigentes lembrarão que se o Palmeiras é maior até do que Ademir da Guai, então é maisor do que qualquer outro.
      Abs.

  4. Quando Leão falou que o time era nota cinco a coisa ficou feia, acho que felipão acabou de encerrar sua passagem pelo verdão.

  5. Elaine Serafim

    Olá Márcio!
    Objetivo como sempre e sem fazer firulas!! Por isso que te acompanho Márcio. A verdade é que existem outras verdades por trás destes comentários do Felipão, aliás existem momentos em que ele não sabe conter a língua e acaba falando o que não deve e tumultuando ainda mais o nosso crítico dia-a-dia.
    Alisando esses tantos técnicos que já passaram pelo verdão o único que nos fez jogar como GRANDES foi Jorginho, pelo qual tenho muito respeito e o acompanho desde que saiu do Palmeiras. Ah e o Muricy foi o que mais arriscou, pois a cada jogo ruim ele ia lá e mudava esquema ou jogador, sem dó, além de utilizar vários meninos da base. Me recordo bem do João Arthur e foi uma tenha ter se contundido num momento importante para ele, pois depois disso não teve mais chances.

    Um grande abraço.

  6. Ele poderia citar quem tem lhe passado as informacoes da base,
    a lua ou sol, sao os únicos a estarem la.

  7. Assino embaixo de tudo o que escreveu. Imagine o prejuízo que uma declaração dessa pode causar, tanto moral como financeiramente.

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