CAP. 25: É CAMPEÃO! (2ª PARTE)

No mesmo ano em que adquiriu o Parque Antarctica, Palestra Itália fatura seu primeiro Campeonato Paulista.

Nosso principal concorrente, claro, era o todo-poderoso Paulistano. De longe o melhor time do País devido, principalmente, à presença em seus quadros do mulato Arthur Friedenreich, o melhor jogador de futebol do planeta até o surgimento de Pelé, o time do Jardim América lutava pelo pentacampeonato paulista. Contudo, pelo menos no primeiro turno daquela competição seu desempenho deixou a desejar. Ao final das nove primeiras rodadas, estava a aparentemente inalcançáveis seis pontos de distância em relação ao líder, ou seja, o Palestra – 11 contra 17, para ser mais claro.

Mas nem sempre o que aparenta de fato se torna realidade. Na última rodada daquele Paulistão, em 12/12, o Palestra Itália só dependia de um empate diante do Paulistano para garantir o título, já que somava 28 contra 26 pontos do rival. Nosso time suportou a pressão dos primeiros minutos tanto no primeiro quanto no segundo tempo mas, aos 22 da etapa final, o Paulistano conseguiu furar nosso bloqueio. Ganha um doce quem apostou que o autor da façanha foi Friedenreich.

Assim que Walter Raul Hampshire apitou o fim daquele clássico, Palestra e Paulistano estavam empatados na primeira colocação com 28 pontos. Mandava o regulamento que, neste caso, um jogo-extra fosse disputado, e ele foi marcado para o domingo seguinte, 19/12, no neutro Campo do Floresta.

De um lado, o gigante Paulistano, tetracampeão estadual; do outro, aqueles italianos contra os quais tanto se tentara e tanto se fizera para que não estivessem ali, disputando a condição de melhor time do Estado. Assim que Herman Friese apitou o início do jogo, o que se viu foram duas equipes aguerridas e voluntariosas, lutando de maneira impressionante pela posse da bola. Talvez por isso se explique o justo empate sem gols, que perdurou até o fim do primeiro tempo.

Na etapa final, porém, o jogo começou quente. Logo aos 5 minutos, o ponta-esquerda Martinelli colocou o Palestra Itália em vantagem, levando à loucura os seus torcedores, maioria absoluta nas dependências do estádio. Mas nossa alegria não duraria muito: aos 14 minutos, Mário se aproveitou de um cochilo da defesa palestrina e empatou a partida. O alviverde não se deixou abater. Mesmo num jogo equilibrado, conseguiu se impor e, aos 29, outro ponta, o direito Forte, mais uma vez deixou o Palestra Itália em vantagem.

Daí em diante, meus amigos, conta a história que todo o time palestrino se fixou no campo de defesa. Até o goleador Heitor abriu mão do que melhor sabia fazer – ou seja, gols – para dar uma força na marcação. Foi uma pressão incrível do Paulistano, que durou exatos 16 minutos, quando se expirou o tempo regulamentar e o árbitro deu o jogo por encerrado.

Explosão de alegria, que se materializou em verde, branco e vermelho. O verde, cor da esperança daqueles italianos que, por mais difíceis que tivessem sido as situações, jamais haviam deixado morrer o sonho de ter um time de futebol. O branco, cor da pele daqueles imigrantes, que tiraram do próprio bolso os recursos para manter vivo o clube que tanto amavam. O vermelho, do sangue que corre nas veias de um povo tão apaixonado por tudo o que faz. Enfim, o Palestra Itália era campeão paulista.

Naquela São Paulo/SP às vésperas do Natal de 1920, faltou vinho tinto para tanta festa.

CAMPEONATO PAULISTA/1920

2×1 


19/12/1920


14h45


CAMPO DO FLORESTA, EM SÃO PAULO/SP


NÃO DIVULGADA


PÚBLICO NÃO DIVULGADO


HERMANN FRIESE/SP

MARTINELLI AOS 5, MÁRIO AOS 14 E FORTE AOS 29 MINUTOS DO SEGUNDO TEMPO

PRIMO
-
OSCAR
BIANCO
-
BERTOLINI
PICAGLI
SEVERINO CESTARI
-
FORTE
MINISTRO
HEITOR
FEDERICI
MARTINELLI

ARNALDO
-
GUARANY
CARLITO

-
SÉRGIO
ZITO
MARIANO
-
AGNELO
MÁRIO
FRIEDENREICH
CASSIANO
CARNEIRO LEÃO

Obs.: Esta seção será atualizada em 20/08/2011.

2 Responses to CAP. 25: É CAMPEÃO! (2ª PARTE)

  1. FORAM JOGADORES DE UM TEMPO EM QUE O FUTEBOL ERA JOGADO POR PAIXÃO E NÃO POR DINHEIRO, ERAM TODOS JOGADORES AMADORES. FORAM ELES QUE COMEÇARAM A GRANDE FESTA DO FUTEBOL E NOS DIAS DE HOJE JÁ PODEMOS DIZER A GRANSE INDUSTRIA DO FUTEBOL, ONDE RARARAMENTE UM ATLETA JOGA POR AMOR A CAMISA DO SEU CLUBE. ESTES HERÓS DO PASSADO DEVIAM SER SEMPRE LEMBRADOS E HOMENAGEADOS, COMEÇARAM A GRANDE FESTA E NÃO COMERAM O BOLO. PARABÉNS POR ESTE CANTINHO QUE NOS DÁ A PORTUNIDADE DE CONHECER UM POUQINHO DOS JOGADORES E VERDADEIROS AMANTES DO FUTEBOL.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Fernando.

      Seja bem-vindo ao nosso site. E obrigado pelo elogio e por enviar seu comentário.
      Abs.

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