VIRADA À GAROTADA

Palmeiras vira mais um jogo e, desta vez, graças à qualidade de seus meninos.

Meus amigos.

Endrick tem 17 anos, quase 18. Luís Guilherme completou 18 em fevereiro. Lázaro, o “vovô” desta relação, soprou sua 22ª velinha no mês passado. Tratam-se, como se vê, de três jovens, dois deles ainda vivendo a fase de adolescência, mas que hoje foram essenciais para que o Palmeiras conseguisse mais uma virada épica em sua história. 

“Épica, Trevisan? Será que você não está exagerando um pouco, não?”. Sei bem que  muitos de vocês devem pensar exatamente desta forma. Afinal, ganhamos de virada, sim, mas de uma equipe equatoriana e que não tem 1/100 da nossa tradição. Ocorre, porém, prezado palmeirense, que nunca é fácil jogar sob uma altitude de mais de 2.800 metros, e mais difícil ainda é levar 2 a o logo no primeiro tempo. E o pior de tudo é não ver a cor da bola até os 45 minutos, escapando inclusive de levar pelo menos mais dois gols ainda na etapa inicial.

Por isso, estou bastante tranquilo quanto a classificar este resultado com o adjetivo que utilizei. Mas tenho certeza de que mais esta virada, mais esta vitória só foi possível porque Endrick, Lázaro, Luís Guilherme, Estêvão, Vanderlan e todos os demais garotos que hoje não atuaram, mas que compõem o grupo, atuam como se veteranos fossem.

E para um clube que, historicamente, sempre foi muito mais comprador do que revelador, há um sabor especial ao ver tantos jovens assumindo a condição de protagonistas.

WEVERTON – 6,5
MUITO BOM

Além de não ter culpa alguma nos dois gols que levou, ainda fez três boas defesas. Um dos melhores do nosso time. 

MARCOS ROCHA – 5,5
SATISFATÓRIO

Atuou como zagueiro pela direita no primeiro tempo e não comprometeu. Melhorou um pouco na etapa final, quando passou a jogar na lateral.

GUSTAVO GÓMEZ – 4,5
RUIM

Vive, sem dúvida alguma, sua pior fase desde que chegou ao Palmeiras. Hoje, embora tenha feito uma ou outra boa antecipação, falhou feio no segundo gol dos caras, permitindo que Hoyos cabeceasse mesmo estando à sua frente.

LUAN – 5
REGULAR

Jogou na sobra e, por isso, não teve muitas preocupações e nem muito trabalho. 

MAYKE – 5
REGULAR

No primeiro tempo, como ala, foi de uma inutilidade ímpar, já que só atacamos no último lance e pelo lado oposto ao seu. Na etapa final, já de volta à lateral direita, fez apenas um cruzamento com qualidade. Demorou para ser substituído.

ANÍBAL MORENO – 4,5
RUIM

Hoje foi bem abaixo do que já mostrou que pode jogar. Perdeu o duelo para o excelente Páez, de apenas 16 anos, e também não conseguiu ajudar na construção de jogadas.

RICHARD RÍOS – 5,5
SATISFATÓRIO

É aquela velha história: em um mesmo lance, pode ser perfeito no desarme e péssimo no passe. Hoje, seu ponto positivo foi ter participado com muita intensidade de todos os lances, tanto defensivos quanto ofensivos.

RAPHAEL VEIGA  – 3,5
PÉSSIMO

Este rapaz deve estar com algum sério problema, talvez de ordem pessoal, pois não há explicação para uma queda tão brusca de rendimento. Por vezes, até me esqueci de que ele estava em campo. Está ainda pior do que quando chegou e foi emprestado.

PIQUEREZ – 3,5
PÉSSIMO

Hoje foi uma perfeita avenida para o Independiente Del Valle/EQ, que usou e abusou das jogadas pelo seu setor. Para piorar ainda mais, foi o principal responsável pelo segundo gol dos caras, já que deu a bola nos pés de Páez e este a cruzou para Hoyos cabecear. Começo a desconfiar dos motivos que levam Abel Ferreira a manter este cara entre os titulares. 

ENDRICK – 6
BOM

Mesmo sem ser “aquele” Endrick que conhecemos, pelo menos deixou os zagueiros adversários preocupados. Além disso, soube se antecipar à marcação e, contando com a falha do goleiro, fazer nosso primeiro gol, que resultou em mais 2,5 milhões de euros para os cofres palmeirenses.

RONY – 5,5
SATISFATÓRIO

Outro que, mesmo sem brilhar, contribuiu para nossa vitória. Sobretudo pelo ótimo cruzamento que fez para Endrick marcar.  

ABEL FERREIRA – 6,5
MUITO BOM

Nosso treinador teve uma atuação bastante positiva na partida desta noite, em Quito/EQ. Muitos podem questionar sua decisão ao optar por uma equipe mais experiente e, por consequência, também mais velha para começar a partida, mas entendi seu objetivo: ele acreditava que, com jogadores mais tarimbados e também mais conhecidos, poderia não só segurar o ímpeto inicial do Independiente Del Valle/EQ mas também impor respeito ao nosso adversário.

Não deu certo e nem passou perto disso, é verdade (até porque não jogamos absolutamente nada no primeiro tempo e só não o terminamos com uma desvantagem maior graças a duas boas defesas de Weverton), mas isso Abel Ferreira não tinha como adivinhar. São coisas que acontecem no futebol e que ninguém consegue prever.

O mais importante é que ele conseguiu consertar tudo no vestiário. Sua grande sacada foi mudar o esquema tático na etapa final: saímos do 3-5-2 e passamos a jogar no 4-3-3. Com isso, melhoramos um pouco defensivamente e muito, mas muito mesmo no aspecto ofensivo. Se o gol de empate só aconteceu aos 36 e o da virada já aos 50 – portanto, no último minuto dos acréscimos – isso se deu mais por méritos do time equatoriano do que por deméritos nossos. E, claro, vale lembrar que as cinco substituições que promoveu melhoram muito o Palmeiras, cada uma delas dentro de suas condições técnicas e táticas.

Mas se o nosso portuga foi tão bem assim, porque sua nota e avaliação não são mais positivas? Por uma razão: se decidiu, já no intervalo, voltar com três atacantes, deveria ter colocado Estêvão no lugar de Mayke (ou de Marcos Rocha) desde o início do segundo tempo, e não apenas aos 20 minutos. O mesmo se aplica à entrada de Luís Guilherme: se viu que Raphael Veiga, mais numa vez, não jogava absolutamente nada, por que esperar tanto para colocar Luís Guilherme? Mas ele é assim: muitas vezes, ou até mesmo quase sempre, demora a agir – mas age. E acerta.

E é também por isso que, neste momento, lideramos o grupo e temos tudo para terminar esta fase da Libertadores como líderes da chave. Mais uma vez.

LUÍS GUILHERME – 6,5
MUITO BOM

Mesmo que não tivesse feito o golaço (aliás, seu primeiro como profissional) que garantiu nossa vitória já teria sido muito, mas muito melhor do que Veiga. Mas sua personalidade e seu talento forma determinantes para que deixássemos Quito/EQ com os três pontos e a liderança isolada do grupo.

FLACO LÓPEZ – 6
BOM

Foi a campo para ser nossa referência ofensiva pelo alto, mas brilhou mesmo com o perfeito lançamento que fez para o gol do amigo aí de baixo.

LÁZARO – 6,5
MUITO BOM

Ao lado de Weverton e Flaco López, o melhor do Verdão. Entrou para dar maior poder ofensivo pela esquerda e soube não só se posicionar mas também concluir como se um centroavante fosse no lance do gol de empate.

VANDERLAN – 5
REGULAR

Deveria ter entrado ainda no primeiro tempo para acabar com a festa que o IDV fazia sobre o horrendo Piquerez, mas só conseguiu seu intento quando Abel se lembrou dele, já aos 32 da etapa final.

ESTÊVÃO – 6
BOM

Mais uma vez entrou mostrando personalidade e se tornando o home das bolas paradas da nossa equipe. E no dia em que completou 17 anos, ajudou bastante em mais uma virada do time, dando o passe para Luís Guilherme fazer o golaço que fez.

FOTOS: CESAR GRECCO/AG. PALMEIRAS

10 Responses to VIRADA À GAROTADA

  1. roberto alfano

    Boa tarde caro Trevisan, tem plena razão não é fácil uma virada desta, perdendo de 2 no primeiro tempo, mais uma para entrar na História do Palmeiras.

    Que golaço do menino Luís Guilherme e da virada épica.

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Alfano.

      Luís Guilherme tem muito talento, mas para “acontecer” precisa de duas coisas: mais oportunidades em sua real posição, como aconteceu neste jogo, e também perder um pouco de sua timidez.

      Quando isso acontecer, teremos um craque.

      Abs.

  2. Boa tarde
    Precisamos de dois laterais, um meia esquerda e um atacante de área, Urgente!
    Precisamos treinar Fundamentos!!
    Temos um ótimo treinador,fenômeno!
    E estamos com sorte, muita!

    • Márcio Trevisan

      Olá, Eduardo.

      Em relação aos laterais e ao centroavante concordo.

      Mas em relação ao meia-esquerda, discordo: o grupo já tem três para esta posição – Veiga, Rômulo e Luís Guilherme.

      E vc tem razão: estamos tendo sorte, sim. Mas o detalhe é que a sorte só sorri para quem trabalha.

      Abs.

  3. Uai meu caro tutor Trevisan. Se a vitória foi épica pq as notas dos jogadores não foram melhores ? Abraços

    • Márcio Trevisan

      Olá, Tadeu.

      A vitória foi conseguida de forma heroica, mas só depois de um primeiro tempo pavoroso.

      Na média, foi o que se deu.

      Abs.

  4. Concordo 100 % com seu ótimo comentário.
    Mas… como é difícil pra mim ver o Mike de titular do Palmeiras.
    Eu simplesmente vi Djalma Santos nos anos 60 !
    Misericórdia que sofrimento ver o Mike !!!!

    • Márcio Trevisan

      Olá, Jair.

      Agradeço o elogio e entendo seu posicionamento, mas ele está equivocado.

      E o motivo é simples: não existem mais Djalmas Santos, Ademires da Guia, Leivinhas, Heitores, Leões, etc.

      O nível, hoje, é muito mais baixo do que antigamente, e é por isso que não apenas Mayke, mas inúmeros outros jogadores não só do Palmeiras, mas de todos os clubes, conseguem se destacar.

      Abs.

  5. JORGE FARANI

    Com todo o respeito a você meu caro Márcio, mas a minha manchete para esse jogo seria: UMA VITORIA DE UM TIME QUE PRECISA MELHORAR MUITO PARA CONQUISTAR ALGUMA COISA QUE TEM PELA FRENTE !!!!!

    • Márcio Trevisan

      Olá, Farani.

      Você sempre me respeita, caro amigo.

      E tem razão em sua análise. Até porque, como eu já disse por aqui, nem sempre vamos conseguir virar jogos.

      Mas é inegável que o talento dos garotos foi fundamental para que conseguíssemos a vitória, certo?

      Abs.

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