QUEM JOGA PRA EMPATAR, PEDE PRA PERDER

Covarde, Palmeiras leva de pouco no Morumbi e se complica na Copa do Brasil

Meus amigos.

Se existe uma verdade absoluta não só no futebol, mas em quase todos os outros esportes, é que sempre há três resultados possíveis: a vitória, o empate e a derrota. E quando qualquer uma destas três situações acontece sem que haja a interferência de terceiros, aqueles que são verdadeiros esportistas têm o dever de aceitá-la. Por isso, deixo claro que este 1 a 0 para o São Paulo/SP, no Morumbi, nesta quarta-feira, é por mim aceito com humildade e, principalmente, com gratidão.

“Esse Trevisan deve estar louco. Gratidão???”. Sei que esta é a pergunta que vocês fazem neste momento, mas eu explicarei tal sentimento.

Estou grato por termos perdido o Choque-Rei por duas razões:

1 – Perdemos por apenas 1 a 0, um resultado que nem de longe espelhou a superioridade tricolor desde os 20 minutos do primeiro tempo e até o último minuto do clássico. Se a justiça sempre prevalecesse no futebol, neste momento amargaríamos um placar bem pior, pelo menos por uns 3 a 0, dadas as chances que nosso adversário criou e não converteu. Tal situação se deu menos por méritos dos caras (que, é bom lembrar, perderam seus dois principais atacantes no fim da etapa inicial) e muito, mas muito mais pela filosofia de jogo com a qual entramos no gramado. Mesmo reconhecendo a falta que Zé Rafael, Artur e Rony fizeram, em nenhum momento, nem mesmo quando foi superior (ou seja: apenas nos primeiros 20 minutos), o Verdão mostrou que jogava pra vencer. Ao contrário: foi visível – e em minha opinião até mesmo vergonhosa – a forma como atuamos, pensando exclusivamente em não perder a partida. E quem joga para não perder tem mesmo é que levar na cabeça.

2 – Perdemos por apenas 1 a 0, um resultado que pode ser revertido na Arena Palestra Itália no encontro da próxima quinta-feira, 13/07, talvez até mesmo com certa facilidade. Aliás, vou mais além: FOI MELHOR TERMOS PERDIDO POR UM GOL DE DIFERENÇA DO QUE SE TIVÉSSEMOS EMPATADO. “É, hoje o Trevisan está mesmo louco…” é o que vocês certamente pensam neste momento, mas eu novamente explicarei: se não fôssemos derrotados hoje, certamente no clássico decisivo entraríamos com a certeza de que em qualquer momento faríamos o gol da nossa classificação – é a natureza desta equipe ter uma certa dose de arrogância. Mas como teremos de ganhar por pelo menos dois gols de diferença, tenho certeza absoluta de que o time pressionará desde o começo e sufocará o São Paulo/SP em seu campo de defesa até conseguir o resultado que lhe serve. Isso já aconteceu algumas vezes nos últimos anos e, mesmo reconhecendo que agora o adversário tem um treinador muito mais competente, tem tudo para se repetir mais uma vez.

Até porque eu até entendo que Palmeiras jogue de forma covarde contra um adversário que lhe é superior, mas jamais entenderei ver o Palmeiras jogar de forma covarde – e duas vezes seguidas!!! – diante de um oponente que lhe é inferior.

WEVERTON – SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

Não teve como evitar o golaço de Rafinha e ainda fez uma boa defesa no primeiro tempo.

MAYKE – RUIM
NOTA 4,5

Até teve bons lances na etapa inicial, mas na etapa final perdeu todas para Caio Paulista e, depois, também para Deivid.

GUSTAVO GÓMEZ – MUITO BOM
NOTA 6,5

O único que se salvou em nosso time. Foi perfeito nas bolas aéreas.

MURILO – REGULAR
NOTA 5

Começou mal, errando interceptações e levando dribles fáceis. Melhorou no decorrer da partida.

PIQUEREZ – REGULAR
NOTA 5

Hoje jogou o que normalmente joga – ou seja: pouca coisa. Mas pelo menos não cometeu erros defensivos.

LUAN -  BOM
NOTA 6

Apesar da infelicidade no lance do gol são-paulino, gostei de sua atuação tanto como primeiro volante (quando saímos para o jogo) quanto como terceiro zagueiro (quando fomos atacados). E ainda evitou um gol em cima da linha.

GABRIEL MENINO – RUIM
NOTA 4,5

Foi mal desde o começo, pois não sabia se era segundo volante ou primeiro homem de armação no meio-campo. Perdido, não foi bem nem em uma e nem na outra função. Demorou demais para ser substituído.

RICHARD RÍOS – REGULAR
NOTA 5

Este rapaz tem futuro, mas parece estar sendo utilizado fora de sua posição. Hoje, na função de primeiro homem de armação, armou muito pouco e, como sempre, prendeu a bola demasiadamente.

RAPHAEL VEIGA – MUITO RUIM
NOTA 4

Por sua causa o Palmeiras jogou quase toda a partida com um homem a menos, já que nesta noite ele não armou, não lançou, não passou e nem escanteio cobrou de forma decente. Foi o pior do nosso time titular.

ENDRICK – REGULAR
NOTA 5

Mais uma atuação pra lá de meia-boca do garoto. Não vou dizer que foi mal, mas também esteve longe de ser o centroavante do qual precisávamos. Foi “engolido” em quase todas as disputas que teve com Arboleda.

DUDU – REGULAR
NOTA 5

Pra não dizer que não fez nada, por pouco não abriu o placar no primeiro tempo com uma bonita cabeçada. Mas com o passar do tempo se pareceu com uma pedra de gelo: foi derretendo aos poucos. Outro que deveria ter sido substituído bem antes, pois cai demais de produção em todos os segundos tempos.

JOÃO MARTINS – MUITO RUIM
NOTA 4,5 

Obviamente, a escalação inicial e a escolha pelos dois esquemas táticos (4-4-2 quando tínhamos a posse de bola e 3-5-2 quando ela estava com o São Paulo/SP) não foi uma decisão sua, mas sim de Abel Ferreira – decisão esta, por sinal, que achei correta e inteligente – pena ter sido utilizada somente nos primeiros 20 minutos do Choque-Rei. Assim, o desempenho do amigo aí de cima deixou bastante a desejar desta vez por duas razões: a primeira é que o Verdão não teve à beira do gramado alguém com ímpeto e força para injetar ânimo numa equipe que, sobretudo no segundo tempo, mais pareceu ser um XV de Jaú da vida do que o atual campeão paulista e brasileiro. Não quero uma sucessão de pitis ou grosserias, comuns ao titular do posto, mas também não aceito um cara passível e achando que empatar sem jogar está tudo bem, obrigado. Já a segunda razão é ainda mais grave: o time não joga nada, é amplamente dominado pelo adversário, não cria uma única jogada de ataque na etapa final e dá inúmeras pistas de que vai levar o gol a qualquer momento, e ele só mexe no time aos 30 minutos do segundo tempo??? E se isso já não fosse suficiente para as críticas que ora lhe faço, João Martins ainda conseguiu piorar mais ainda ao ter a coragem de colocar Luís Henrique aos 44 minutos. Aí, foi pra acabar.  

JHON JHON – RUIM
NOTA 4,5

Juro que eu tento, sempre que ele joga, mas ainda não consegui ver qualidade suficiente neste garoto para fazer parte do time principal do Palmeiras. Hoje, de novo entrou, e de novo não fez nada que prestasse.

LÓPEZ – RUIM
NOTA 4,5

Só entra no fim dos jogos ou então quando a situação está complicada ou seja: na “podre”. E como aconteceu nesta noite, nunca resolve nada.

LUÍS GUILHERME – SEM AVALIAÇÃO
SEM NOTA

Jogou apenas 7 minutos, sem tempo para ser avaliado.

BRENO LOPES – RUIM
NOTA 4,5

Sempre entra no lugar de Dudu, e quase sempre não faz nada que preste. Hoje, foi assim. De novo.

 

FOTOS: CESAR GRECO/AG. PALMEIRAS

14 Responses to QUEM JOGA PRA EMPATAR, PEDE PRA PERDER

  1. roberto alfano

    Boa tarde caro Trevisan, me desculpe mais jogar com 03 zagueiros e ainda tomar um baile na defesa não dá, agora na próxima partida vai ter que jogar muita bola para virar.

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Alfano.

      Acontece que jogar com três zagueiros, algo que o Palmeiras fez quando não teve a posse de bola (ou seja: em quase todo o jogo) não torna automaticamente o time mais bem montado defensivamente Há uma série de fatores que interferem nesta condição, como posicionamento dos meio-campistas, postura dos laterais e até marcação na saída de bola.

      E ontem não tivemos nada disso.

      Abs.

  2. Bom dia a todos.
    A performance de um time depende das individualidades e do coletivo.
    E a parte tática é fundamental.
    Ontem foi uma tragédia a escolha tática de nosso rei deus sol.
    Assim, acho muito injusto criticar ou dar notas para qualquer jogador, inclusive Luan Chamagol e Richard Guarani Rios.
    Se fosse jornalista, me recusaria a dar notas para os jogadores e resumiria minha matéria a:
    Nota do Abelito: ZERO.
    Simpels assim.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Jurandir.

      Respeito sua opinião, claro, mas como disse no texto concordei com a ideia de Abel Ferreira em utilizar dois esquemas táticos simultaneamente.

      Mas a pergunta que fica é a seguinte: será que ele também mandou os jogadores se defenderem tanto e quase nunca atacarem? Ou esta terá sido uma decisão dos caras que estavam em campo?

      Aí é que está.

      Abs.

  3. Normal o Palmeiras jogar assim no Morumbi, há décadas que joga lá morrendo de medo, parece até outro esporte, melhorou um pouco com o Abel pois antes acho que eram mais de 15 anos só sendo derrotado lá, não sei o que acontece com o Palmeiras quando vai jogar naquele estádio contra o SP.
    Dudu já passou da hora de ir pro banco de reservas, será muito mais útil entrando no segundo tempo e pegando a defesa adversária cansada.
    Piquerez fez uma ótima partida, não sei o que o Márcio espera dele, que seja um novo Roberto Carlos ? É o melhor lateral esquerdo em atividade no Brasil na minha opinião.
    Endrik enganou bem o Real Madrid, sorte a do Palmeias que embolsou uma grana surreal com essa enganação.
    Rony faz muita falta, até jogando mal ele é importante no ataque do time já que muitas vezes também faz a função de um defensor voltando e dando combate.
    Breno Lopes não dá, sem condições, dá até dó desse rapaz vendo ele apanhar da bola, foi um verdadeiro milagre na vida dele aquele gol contra o Santos.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Ed.

      Vamos às suas respostas:

      1 – A maior sequência de jogos sem vitória sobre o São Paulo no Morumbi se deu entre abril de 2002 e maio de 2017, quando jogamos 24 vezes, empatamos nove e perdemos 15. Logo em seguida aparece o período entre março de 1971 e agosto de 1976, quando empatamos seis e , sete vezes deles no “Panetone”. Contudo, de 2022 para cá, foram seis partidas, com três vitórias para cada lado.

      2 – Tecnicamente, concordo com o banco para Dudu. O problema é o que tal decisão pode causar psicologicamente ao jogador, que poderá ser abater ainda mais. E lembro que se Dudu for para a reserva, o titular passará a ser Breno Lopes.

      3 – Não quero que Piquerez seja um novo Roberto Carlos. Mas também espero que ele não seja um novo Misso, um novo Márcio Careca, um novo Jefferson…

      4 – Além de ajudar na saída de jogo adversário, Rony luta o tempo todo. Tecnicamente tem suas limitações, mas com ele o Palmeiras normalmente joga melhor.

      5 – E você ainda pede para Breno Lopes ser titular – Rs…

      Abs.

      • Mas eu não pensei no Breno Lopes e sim no Flaco Lopes, claro que não tem a mesma característica de driblar e ir pra cima como o Dudu, mas não tá mais funcionando essas jogadinhas em velocidade do Dudu, tá muito manjado, talvez no segundo tempo com os zagueiros cansados dê certo.

  4. Bom dia, Márcio.

    Que partida horrível foi essa contra o SPFC! Eu não consigo entender como é que se poupam jogadores para este jogo e os caras jogam tão mal. Dudu e Veiga estavam irreconhecíveis e todas as substituições realizadas não serviram para absolutamente nada. Depois tem jogador que reclama que não é titular. Recebem oportunidades e quando tem chance de mostrar algo diferente são apáticos.

    Eu concordo com tudo o que você escreveu em sua crônica, com exceção do título. Penso que não nos complicamos na Copa do Brasil e temos totais condições de reverter este cenário. Já estivemos em situação bem pior contra o SPFC e já superamos esta adversidade.

    Agora, é preciso jogar bola. Já faz tempo que não jogamos bem e consistente de maneira consecutiva.

    Um abraço.

    Valter

    • Márcio Trevisan

      Valter, salve!

      Creio que você quis dizer que não concorda com o subtítulo, que jornalisticamente é conhecido também como “linha fina”, certo?

      Mas a verdade é que o Palmeiras se complicou, sim, pois precisará vencer por pelo menos dois gols de diferença na quinta-feira que vem (até porque se vencer por apenas um gol a decisão irá para os penais e aí você já sabe o que normalmente acontece).

      Contudo, você está certo quanto à sua segunda afirmação: temos totais condições de reverter esta situação e, se jogarmos o que sabemos e podemos, reverteremos.

      Abs.

  5. JORGE FARANI

    Caro Márcio,
    Do jeito que esse time vem jogando o torcedor Palmeirense deve se preparar para o que vem pela frente com os próximos jogos contra o Flamengo, São Paulo, Internacional, Fortaleza, pois com esse “joguinho manjado” e ainda mais com uma diretoria de futebol que leva tanto tempo para contratar que termina contratando “perebas”. Ontem vimos a deficiência do time jogando com Gabriel Menino e Richard Rios como volantes, parecendo que eles jogam numa academia de tanta pose que eles fazem para passar a bola. O time já faz tempo que sente a venda do Danilo, ainda mais com a ausência do Zé Rafael.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Farani.

      Vc tem razão: nossa presidente e nossa diretoria são lentas demais na hora de contratar, e nem sempre contratam corretamente (Bruno Tabata é um bom exemplo disso).

      Espero que nesta “janela” pelo menos dois ou três reforços de primeira linha cheguem ao clube, caso contrário correremos, sim, o risco de perder os três campeonatos que disputamos.

      Abs,.

  6. Marcos Alvim

    Prezado Trevisan e amigos
    É estranho e ruim quando temos um R Veiga e Dudu pouco ou nada produzindo e um G Menino perdido . Cadê o Abel ? O que passa no vestiário? Seria normal tal desmotivação de tão importantes atletas ? Será que não se tem mais inspiração? Por que ?

    • Márcio Trevisan

      Olá, Marcos.

      Não creio em desmotivação.

      O que acontece é que passamos por um momento de turbulência, comum a qualquer equipe – mesmo as mais fortes, como a nossa.

      Caso vençamos o Flamengo/RJ no sábado e consigamos a classificação diante do São Paulo/SP na quinta, pode estar certo de que tudo voltará ao normal.

      Abs.

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