NÓS, OS CORNETEIROS

Palmeiras cria muito, mas faz pouco. E mesmo assim está nas oitavas da Copa do Brasil.

Meus amigos.

Corria o ano de 2002. Trabalhando juntos no Palmeiras, certa vez perguntei a Wanderley Luxemburgo qual era a torcida mais chata que ele conhecia. Sem hesitar um segundo sequer, o técnico me disse que, sem dúvida alguma, era a do Verdão. E me explicou por que pensava assim: “Para o palmeirense não adianta vencer; há também que convencer. Já dirigi times que, se ganhávamos qualquer joguinho por 1 a 0, no sufoco, com um gol no fim, a galera saía do estádio ao fim da partida comemorando como se tivéssemos sido campeões. Aqui, meu amigo, é justamente o contrário: a equipe pode vencer por três ou quatro gols que, ainda assim, muitos torcedores vão torcer o nariz e reclamar pelo fato de não ter ganhado por cinco ou seis”.

O famoso e, infelizmente, quase esquecido treinador está coberto de razão. Talvez pelo DNA palmeirense ser repleto de memoráveis esquadrões que jogavam um futebol refinado e quase sempre atropelavam quem lhe aparecesse pela frente, a maioria de nós sempre está à procura de num defeito, de uma falha, de um problema que o time apresente em um jogo ou em um campeonato.

Um bom exemplo disso vivemos nesta noite, em Uberlândia/MG. Começando o jogo com apenas três titulares – Weverton, Rocha e Murilo -, o Palmeiras sempre foi o senhor absoluto da partida. O gol de Breno Lopes logo no começo deu indícios de que uma nova goleada surgiria, assim como obtivemos no primeiro jogo. Porém, seja por excesso de individualismo ou por escassez de qualidade, o fato é que criamos várias chances e não conseguimos transformar nenhuma outra delas em gol. E como a bola, realmente, pune, levamos o gol do Tombense/MG no fim do encontro e deixamos escapar a vitória. Contudo, o mais importante não era a classificação? Então, por que estamos reclamando?

A resposta já me foi dada por Luxa há mais de 20 anos.

MWEVERTON – SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

Fez apenas uma boa defesa durante todo o jogo. E, claro, não havia como evitar o gol que levamos.

MARCOS ROCHA – BOM
NOTA 6

Não teria como repetir a horrível apresentação contra o Cerro Porteño/PAR. Mas hoje, mesmo tendo um trabalho dos infernos com Guilherme e Marcelinho, conseguiu se impor e ainda apoiou com competência. 

LUAN – BOM
NOTA 6

Atuação segura. Não teve muito com o que se preocupar com o ataque adversário e, por isso, apresentou-se com competência para a saída de jogo.

MURILO – REGULAR
NOTA 5

Poderia estar mais esperto com o centroavante dos caras na hora do gol que ele fez, mas é claro que não poderia esperar o vacilo de Fabinho. Atuação normal. 

VANDERLAN – BOM
NOTA 6

Mais uma vez, foi melhor no primeiro do que no segundo tempo, etapa em que pareceu se cansar e sumiu do campo de ataque. Não à toa, foi substituído.

FABINHO -  RUIM
NOTA 4,5

Vinha muito bem, talvez sendo o nosso melhor jogador. Além de proteger bem a zaga, roubou várias bolas na saída de jogo do Tombense/MG e, assim, iniciou muitas jogadas de ataque. Mas, infelizmente, talvez por excesso de confiança cometeu o erro infantil que nos custou a vitória.

RICHARD RÍOS – SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

Hoje um pouco menos participativo, tanto defensiva quanto ofensivamente, do que nas partidas anteriores. Limitou-se a cumprir sua função tática em nossa intermediária defensiva até se cansar e ter de ser substiutído.

JHON JHON – BOM
NOTA 6

O amigo aí de cima foi bem, pois além de armar boas jogadas ainda foi o responsável pela maioria das nossas bolas paradas. Mas perdeu duas ótimas chances na etapa final – daí a nota e a avaliação acima.

GIOVANI – SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

Muito bem no primeiro tempo, fez a jogada e a assistência para o gol de Breno Lopes. Porém, sumiu no segundo tempo e deveria ter sido sacado bem antes do que somente aos 26 da etapa final.

 LÓPEZ – SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

Eu entendo que ele é um centroavante e que estes vivem de gols. Mas não pode colocar seus interesses pessoais acima dos da equipe. Hoje, foi bem ao buscar o jogo e teve bons lances individuais, mas foi “fominha” em pelo menos três jogadas e, com isso, impediu que vencêssemos a partida.

BRENO LOPES – BOM
NOTA 6

Esteve longe de brilhar, mas pelo menos estava muito bem colocado para receber o cruzamento de Giovani e marcar o único gol do Palmeiras nesta noite. No mais, pouco fez.

ABEL FERREIRA – BOM
NOTA 6

Nosso treinador começou muito bem, mandando a campo uma equipe quase que totalmente suplente. Afinal, tínhamos a vantagem de até poder perder, desde que por apenas um gol de diferença. Além disso, no sábado teremos mais um derby que, mesmo valendo pouco para o campeonato (pois valerá apenas pela 3ª rodada), não deixa de ser uma partida que, se vencida, dará ao grupo uma tranquilidade ainda maior. No que diz respeito às substituições, gostei de todas, mas Mayke deveria ter entrado logo no intervalo, pois era visível o trabalho que o lateral-esquerdo Guilherme e o ponta Marcelinho (ex-jogador do Verdão) davam a Marcos Rocha. E como Giovani havia parado de voltar para ajudar na marcação… De qualquer forma, pelo menos se manteve calmo no banco de reservas, o que em se tratando de Abel Ferreira já é algo tão importante quanto raro.   

PIQUEREZ – REGULAR
NOTA 5

Entrou porque Vanderlan se cansou e também porque, infelizmente, deverá ser titular contra “eles” e precisa ganhar ritmo de jogo. Mas a única coisa que fez foi errar cruzamentos. Qual a novidade? 

MAYKE – SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

Após entrar na ponta direita, acabou a festa do Tombense/MG pelo setor. E ainda fez uma linda jogada que por pouco não se transformou em gol.

RONY – BOM
NOTA 6

Outro que foi a campo para ganhar um pouquinho de minutagem após a cirurgia no braço esquerdo. Mas foi bem: quase fez um lindo gol de fora da área e ainda participou do gol marcado por Luís Guilherme e anulado pelo VAR.

LUÍS GUILHERME – BOM
NOTA 6

Fez hoje o gol que, de forma inacreditável, perdeu na primeira partida. Pena que o VAR apontou impedimento de Rony no início da jogada.

GABRIEL MENINO – REGULAR
NOTA 5

Entrou já no fim para dar mais poder de marcação ao nosso meio-campo. E não comprometeu.

FOTOS: CESAR GRECO/AG. PALMEIRAS

9 Responses to NÓS, OS CORNETEIROS

  1. Jogo tranquilo, regulamento embaixo dos braços, além do fato de sabermos que jogador se esforça de acordo com o adversário e isso sempre gera um relaxo as vezes no jogo, não é certo, mas futebol sempre foi assim, até o São Paulo do Telê se comportava assim em jogos menos expressivos.

    Abraços aos amigos palestrinos !!!

    • Márcio Trevisan

      Olá, Ed.

      Vc tem razão: eu mesmo já disse várias vezes que jogador só corre quando precisa.

      O problema é que, às vezes, acabamos pagando caro. Mas, como vc mesmo disse, faz parte do futebol.

      Abs.

  2. roberto alfano

    Boa tarde caro Trevisan, jogamos com o regulamento de baixo dos braços, porém o que perdemos de Gols não está escrito, valeu pela classificação.

    Agora no próximo sábado o bicho vai pegar.

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Alfano.

      Será um jogo complicado, como quase todos contra “eles”.

      Mas se jogarmos de forma séria e com vontade de vencer, provavelmente venceremos.

      Abs.

  3. Não assisti o jogo fantasma, que deve ter passado numa teve fantasma.
    Vou comentar pelo que esta escrito na ótima matéria do Marcio.
    Weverton não foi culpado no gol. Que novidade !
    Luan não foi culpado no gol. Que novidade !
    Rony IMPEDIDO. Que novidade !
    Fraco Lopes. Perdendo gol e fominha. Que novidade !

    Poxa vida, como o tempo judia da gente !
    E dizer que num passado recente eu considerava o Wanderley Luxemburgo um ótimo técnico mas PREPOTENTE !
    Misericórdia ! Se compararmos o Wanderley Luxemburgo com o Deus Sol que atualmente esta dirigindo o Palmeiras, o Luxemburgo parece que tem a humildade de Mahatma Gandhi !
    Abçs.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Jair.

      Agradeço o elogio.

      A única plataforma a transmitir a partida foi o Prime Video.

      Quanto ao portuga, ele parece – repito: parece – que está melhorando um pouquinho no que diz respeito à arrogância inerente a treinadores europeus.

      Abs.

  4. Salve Trevisan e amigos. Ó eu aqui de novo ó, em primeiro, mas tem uma explicação para isso, é que agora aqui na Itália já são 11 da manhã enquanto aí no Brasil está amanhecendo o dia. Só não sei a hora que o nosso tutor está lançando a crônica, mas com certeza está trabalhando de madrugada. Quanto ao jogo, eu ia falar o mesmo que o Trevisan, que o Flaco foi fominha. Mas tudo bem, se tinha um dia que podia ser fominha era ontem. E tomara que perdemos todos os gols que podia perder ontem porque no sábado o bicho vai pegar. Abraços.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Tadeu.

      Sou um notívago incorrigível, e os horários dos jogos e a demora para a disponibilização das fotos me obrigam a, por vezes, varar a madrugada.

      Há momentos em que penso em não escrever sobre determinado jogo, mas isso dura apenas alguns segundos – é o tempo que levo para me lembrar que, assim como você, centenas de palmeirenses aguardam a crônica pós-jogo de cada jogo. Aí, meu coração se enche de alegria e eu escrevo, escrevo, escrevo…

      Abs.

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