TROPEÇA. MAS NÃO CAI.

Palmeiras cria muito, não realiza nada e perde para time misto de Felipão. Mas segue na ponta.

Meus amigos.

Todo mundo que dirige sabe que, às vezes, é preciso diminuir a marcha com que está conduzindo o carro. Por mais embalado que ele esteja, chega uma hora em que a subida de uma ladeira impede que dirijamos em 5ª ou 4ª, pois se assim agirmos certamente o veículo irá “morrer” antes de atingir o ponto mais alto.

No futebol é a mesma coisa. Quando a fase é positiva, tudo dá certo: o chute de longe vai no ângulo, a bola chutada para fora desvia no atacante e entra, o goleiro adversário falha, o zagueiro do outro time – mesmo sem querer – comete um pênalti, o atacante ruim de bola faz gol quase todo jogo, o técnico acerta em todas as mudanças que faz. Mas, quando o momento é ruim, tudo dá errado: o chute de longe vai pra longe, a bola que vai ao gol bate no atacante e sai, o goleiro adversário é o melhor em campo, o zagueiro adversário – mesmo sem querer – salva uma bola em cima da linha, o atacante ruim de bola perde gol todo jogo, o técnico erra em tudo o que faz.

Foi o que aconteceu nesta agradável noite de sábado. Mesmo com a Arena Palestra Itália quase lotada, o Palmeiras não conseguiu se impor ao time misto do Atlético/PR e, pelo que não jogou no primeiro tempo, não só mereceu esta que foi a nossa segunda derrota no Campeonato Brasileiro como, para lhes ser sincero, poderia ter tomado até mais do que apenas os dois gols que tomou. E como bem disse nosso treinador na coletiva pós-jogo, de nada adianta criar mais de 30 chances e não aproveitar nenhuma delas.

Por falar em Abel Ferreira, seu único acerto foi mandar a campo a equipe titular (com exceção de Marcos Rocha), já que a partida era muito importante e, afinal de contas, todos poderão descansar no meio de semana, diante do Cerro Porteño/PAR, pela Libertadores. No mais, o “portuga” errou feio.:

1 – Alterou o esquema inicial do 4-3-3 para o 4-4-2, montando o meio-campo com dois meias (Scarpa e Veiga) e o ataque com dois homens (Dudu e Rony).

2 – Alterou o lado do campo de atuação de Dudu, tirando-o da direita e o colocando na esquerda.

3 – Como viu que não deu certo, aos 30 minutos do primeiro tempo desmanchou tudo o que havia feito – passou Scarpa para o lado esquerdo, isolou Veiga como único armador e mandou Dudu à ponta-esquerda.

4 – Inventou que, quando tivéssemos a bola, Gómez seria o lateral-direito e Mayke o ponta pelo setor. O resultado foi o primeiro gol dos caras, em um ataque cujo cruzamento surgiu justamente de onde deveria estar um dos dois e não estava nenhum deles. Isso sem contar, claro, a falha adicional de Piquerez, mas aí a culpa não é do treinador, já que o uruguaio falha em quase todas as partidas.

5 – Mesmo terminando o primeiro tempo em desvantagem, voltou com a mesma equipe para a etapa final, e somente depois de levar o segundo é que resolveu mudar o time e sacar, principalmente, Zé Rafael, hoje numa noite terrível.

6 – E se tudo isso já não fosse mais do que suficiente, ainda por cima deixou no banco o atacante mais agudo que temos, Wesley, e optou por colocar o sempre inútil Atuesta.

Pois bem: tudo o que está escrito aí em cima é verdade. Mas então lhes pergunto: e o que mudou depois desta derrota? Nada. O Verdão tropeçou, mas não caiu: seguimos na liderança isolada da competição. Poderia ser melhor? Claro que sim. Mas talvez ainda seja muito cedo para atingir o pico da ladeira.

Em outras palavras, prezado palmeirense: talvez tenha chegado a hora de diminuir a marcha, ganhar mais força e só um pouco mais pra frente, quando o torneio chegar à fase decisiva, engatarmos a 4ª ou a 5ª e, aí sim, chegarmos ao ponto mais alto antes de todos os demais adversários.

O ÚNICO QUE SE SALVOU: DUDU
Muito Bom – Nota 6,5

Dudu, mesmo sem ser brilhante, foi o único do Palmeiras que realmente pode dizer que teve uma atuação muito boa. Tanto em lances individuais quanto em passes e lançamentos foi o mais perigoso jogador do nosso time nesta noite.
 

PELO MENOS TENTOU ALGUMA COISA: GUSTAVO SCARPA
Bom – Nota 6

Scarpa esteve longe daquele futebol que vem apresentando nos últimos meses, errando lances individuais fáceis e chutando bolas sem nenhuma direção. Mas, ainda ainda assim não se pode negar que cobrou escanteios perigos, deu bons passes e se entregou por completo.


SE NÃO FOSSE ELE, TERIA SIDO AINDA PIOR: GABRIEL MENINO
 Bom – Nota 6

Menino vem, aos poucos – mas bem aos poucos, mesmo – voltando a ser o jogador que um dia já foi. Hoje, além de melhorar muito o setor após substituir Danilo, ainda se sacrificou pelo time ao ser expulso e impedir aquele que seria o terceiro gol do Atlético/PR.

 

Confira abaixo avaliações de todos os demais PEREBAS do jogo de hoje:

Gustavo Gómez e Murilo – Satisfatório: nota 5,5
Weverton e Garcia – Regular: nota 5
Danilo, Raphael Veiga, Rony, Gabriel Veron e Atuesta – Ruim: nota 4,5
Mayke, Piquerez e Rafael Navarro – Muito Ruim: nota 4
Zé Rafael e Abel Ferreira - Péssimo: nota 3,5

FOTOS: CÉSAR GRECO /AG. PALMEIRAS

10 Responses to TROPEÇA. MAS NÃO CAI.

  1. roberto alfano

    Boa tarde caro Trevisan, infelizmente quem não Faz Toma, e olha que era para tomar mais.

    Como bem dito na sua crônica, não gostei do esquema tático do Sr Abel, que sirva de lição e temos que buscar os pontos perdidos fora.

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Alfano.

      Se vencermos o Fortaleza/CE domingo, fora de casa, “pagaremos” este tropeço.

      Mas pode anotar: apesar da má fase deles no Brasileirão, vai se rum jogo pra lá de complicado.

      Abs.

  2. Abçs Trevisan. Muito boa análise. Vamos lá:
    1- O nosso Rei-Sol Abel, perdeu tomando 2 gols e um show de um jogador – menino, que recém fez 17 anos. Você entende que se nosso Rei-Sol fosse o treinador deste menino, o teria mandado ir para a Disney ver o Pateta?
    2- Grande mestre de cerimônia que você é, que tal você criar uma empresa fornecedora de claque para programas de auditório. Pois, segundo determinação expressa de nosso Rei-Sol Abel, nós da torcida palmeirense, devemos única e exclusivamente aplaudir, com muito entusiasmo, entre outros, os craques Luan, Jorge, Navarro e, o inexplicável Atuesta. Nos tornamos uma claque. Já tem os “trikas”. E agora os “claques”.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Jurandir.

      Agradeço o elogio.

      Abel Ferreira é um ótimo treinador, mas também é europeu e, como tal, sente-se superior a todos que não sejam oriundos do Velho Mundo.

      Além disso, o sucesso que vem fazendo no Palmeiras o deixa à vontade para falar um monte de besteiras e tentar ser o professor de Deus (ele quer ensinar a torcida a torcer, o jornalista a perguntar, a presidente a gerir o clube, etc.).

      Perdoe-me pela parte que me toca, mas no meu tempo o treinador já sabia exatamente o que tinha de dizer nas coletivas.

      Parece-me óbvio que está faltando assessoria no nosso clube.

      Abs.

      Abs.

  3. Jorge Farani

    O presidente ditador do Atlhetic_-PR debochou com o Palmeiras e conseguiu provar que o Palmeiras não é nada disso que falam. Ainda bem que em maio a alguns jogos aparece uma “galinha morta” chamada de Cerro Portenõ para aliviar a barra junto a torcida. Pelo que vimos ontem temos que torcer para o Libertad eliminar o Athletic, do contrário vamos encontrar muita dificuldade para elimina-lo.

    • Márcio Trevisan

      Farani: antes de pensarmos no Atlético/PR, nosso possível adversário nas semifinais da Libertadores, temos de pensar no Atlético/MG, nosso provável adversário nas quartas de final.

      E vai ser uma dureza, meu amigo, pode apostar.

      Abs.

      • JORGE FARANI

        Falha minha! Eu troquei os Atleticos. Sinceramente vi em algum lugar que era o Atletico_PR.

        • JORGE FARANI

          Marcio,
          A informação que me diz que o Palmeiras nas quartas enfrenta o Atletico_PR está no site da Gazeta Esportiva e no site do Globo Esporte esta diferente.
          Portanto, alguem está errado nesse negocio.

  4. Opa, nós ainda estamos em primeiro, ó nós aqui ó. Caro Márcio, além de toda a sua análise, perfeita por sinal, não se pode atribuir também um pouco ao cansaço físico que o nosso elenco de pouco jogadores vem sofrendo?

    • Márcio Trevisan

      Olá, Tadeu.

      Agradeço o elogio.

      Pode ser. Mas todos os grandes times disputam várias competições e apenas o nosso treinador enche o saco por causa disso.

      Mas no caso do jogo de sábado ele fez o certo: hora de poupar é no meio de semana, até porque domingo será um pedreira no Ceará.

      Abs.

      P.S.: Vc parece o Palmeiras – quase sempre chega em primeiro (rs…)

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