SURPRESA ZERO

Palmeiras estreia no Brasileirão com derrota para o Flamengo/RJ. Nada diferente do que se previa.

Meus amigos.

Sejam sinceros comigo e consigo mesmos: se colocada de lado a paixão que sentimos, algum de nós apostaria nosso rico dinheirinho em um resultado diferente do que conseguiu o Palmeiras na tarde deste domingo? Por mais qualidade que tenha o nosso time, por mais boas opções que tenha nosso treinador, por mais que os jogos contra o Flamengo/RJ sejam, quase sempre, muito equilibrados, a verdade é que uma vitória, ou mesmo um empate alviverde nesta estreia de Brasileirão seria algo que causaria espanto.

E o motivo é um só: os caras têm um time superior ao nosso. Ou melhor: os caras são melhores do que qualquer outro dos 19 participantes do Campeonato Brasileiro. Daí que a derrota por 1 a 0, se obviamente não nos deixou felizes, pode tranquilamente nos deixar conformados. Até porque, o ótimo Diego Alves subiu de patamar e foi, mais uma vez contra nós, excelente. Ou seja: em um condições normais, o Verdão poderia até mesmo ter voltado do Maracanã com um empate pra lá de saboroso.

É possível que alguns de vocês estejam, neste momento, perguntando por que a equipe não atacou o adversário de forma mais contundente em toda a partida, e não apenas após sofrer o gol. E a resposta é simples: porque se o fizesse cometeria suicídio. O time carioca, embora tenha no sistema defensivo seu único ponto razoavelmente vulnerável, deita e rola quando recupera a bola e parte, célere, ao ataque. Praticamente igual a como joga o Palmeiras, mas com uma diferença: seus armadores e seus atacantes muito dificilmente desperdiçam chances.

Então, a forma como Abel Ferreira montou o time e a maneira que escolheu para se portar em campo foram corretíssimas e, como disse acima, poderiam ter nos garantido pelo menos um empate, não fosse a estupenda atuação do goleiro rubro-negro. Aliás, nosso treinador também acertou nas cinco alterações que promoveu, com a ressalva de que Viña, talvez já com a cabeça na seleção do Uruguai ou em uma possível (ou será provável) transferência para o futebol europeu, jogou tão mal que poderia ter sido sacado já no intervalo, e não somente aos 30 minutos do segundo tempo.

Como sabemos, esta foi apenas a primeira partida, e outras 37 ainda serão disputadas. O hendeca poderá acontecer neste ano? Claro que sim, até porque na janela de transferências que se abrirá em julho as chances de o Flamengo/RJ perder peças importantíssimas são muito maiores do que as nossas. Por sinal, parece-me ser este o único caminho não só para o Verdão, mas para qualquer outro clube que sonhe com a taça no final do ano.

SETOR POR SETOR

 DEFESA

  Se o goleiro do Flamengo/Rj foi bem, o do Palmeiras não ficou muito atrás. Weverton (nota 7), que hje se tornou o 100º jogador a mais vezes ter vestido a camisa alviverde (ao lado de Américo Murolo e Turcão), mais uma vez, provou porque merece estar na Seleção Brasileira. No miolo de zaga, Luan (5) teve mais uma atuação dentro do esperado (nem muito bom, nem muito ruim), Gustavo Gómez (5,5) não foi mal, mas esteve abaixo do que normalmente joga e Empereur (4,5) vinha sendo razoável até chegar atrasado no lance que culminou com a nossa derrota.

MEIO-CAMPO

  Formado mais uma vez por cinco jogadores, pouco produziu em termos de criação. Raphael Veiga (4,5), de novo, aceitou a marcação adversária e nada fez de útil ou produtivo. Felipe Melo (5) oscilou entre bons desarmes e perdas de bolas fáceis. Patrick de Paula (5) seguiu o mesmo padrão, com o agravante de também errar passes demais. Não à toa, todos estes foram substituídos até os 16 minutos do segundo tempo. Por fim, os “alas” Gabriel Menino (5,5) e Viña (4) tiveram atuações distintas: o destro marcou Bruno Henrique enquanto pôde e por isso praticamente não deu as caras no campo ofensivo; já o canhoto, mesmo sem ninguém específico para se preocupar, foi figura meramente decorativa – talvez já com a cabeça na seleção do Uruguai ou em uma possível (ou será provável) transferência para o futebol europeu.

ATAQUE

  A dupla não foi mal. Rony (6), mais uma vez, tornou-se o atacante palmeirense mais perigoso, e por pouco não marcou um lindo gol de fora da área. Além disso, como sempre não economizou uma gota de suor para tentar levar nosso time à vitória. Luiz Adriano (6), que sofre quando não tem ninguém a municiá-lo, foi mais útil ajudando na recomposição no meio-campo. E também só não fez um lindo gol devido a um milagre de Diego Alves.

SUPLENTES

  Danilo (5,5), Gustavo Scarpa (5,5), Zé Rafael (5,5) e Victor Luís (5,5) melhoraram o time porque foram, ainda que levemente, superiores aos companheiros que substituíram. Já Wesley (5), que entrou para ser nossa opção de velocidade pela ponta esquerda, rendeu menos do Luiz Adriano e nada de importante fez nos 35 minutos em que jogou.

TREINADOR

 A forma como Abel Ferreira (6) montou o time e a maneira que escolheu para se portar em campo foram corretíssimas e, como disse acima, poderiam ter nos garantido pelo menos um empate, não fosse a estupenda atuação do goleiro rubro-negro. Aliás, nosso treinador também acertou nas cinco alterações que promoveu, com a ressalva de que Viña jogou tão mal que deveria ter sido sacado já no intervalo, e não somente aos 30 minutos do segundo tempo.

CRÉDITO FOTOS – CÉSAR GRECO/AG. PALMEIRAS

16 Responses to SURPRESA ZERO

  1. roberto alfano

    Boa tarde caro Trevisan, muito boa a apresentação do site, agora quanto ao jogo na minha modéstia opinião já esta na hora do Palmeiras saber explorar as falhas do adversário, apesar do Time deles ser superior.

    Em pontos corridos o que vale é o maior numero de vitórias, não podemos desperdiçar pontos.

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Alfano.

      Fico feliz que tenha gostado.

      É exatamente o que vc escreveu: nossa resposta tem de ser dada já diante da Chape, domingo, em casa. Caso contrário, correremos o risco de ver alguns times se distanciarem muito.

      Abs.

  2. JORGE FARANI

    Quando o presidente Kojak demitiu Wanderley Luxemburgo, ele declarou que ia contratar um técnico que fizesse com que o Palmeiras voltasse às suas origens e que para mim seria voltar a jogar o futebol-arte dos bons tempos e que nos levou a ser chamado de “Academia do futebol Brasileiro”.

    Só que, quando ele trouxe esse técnico, por não ser conhecido da grande maioria de todos nós ainda assim passamos a acreditar e o resultado é esse que estamos vendo é que não tem qualquer diferença do futebol implantado por Roger Machado, Luiz Felipe Scolari e Mano Menezes pois tem muita semelhança pelo fato de continuar a jogar retrancado procurando uma bola para fazer sempre o primeiro gol e com isso explorar os contra-ataques e tentar golear os adversários.

    Outra coisa que vejo é um time que ninguém mais do que ele recua devolvendo a bola para que o goleiro faça a ligação direta, dando prova de que com esse meio-de-campo não vamos pra lugar algum, pois ele não existe. A maior prova do que estou dizendo é que nenhum do três, Rafael Veiga, Gustavo Scarpa e Lucas Lima nenhum consegue se firmar e penso que se colocar os três no “liquidificador” não dá um Zinho, um Rivaldo, um Djalminha e um Alex.

    Apesar de tudo isso não acho o treinador totalmente culpado pois gostaria de ver o time jogando com os dois jogadores (um atacante e um meia armador) que ele pediu a diretoria para então ver se ele teria um melhor futebol a apresentar, pois com esse plantel “inchado e mediano” que não tem um craque sequer, fazer as substituições que vem fazendo não apresenta nada de novo.

    É o mesmo que trocar seis por meia dúzia.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Farani.

      Sério que vc pensou que jogaríamos como a Academia? Amigo, isso até chegou perto em 1996, mas nunca mais irá acontecer. Pode esquecer.

      Em relação ao “suco” que você mencionou, com certeza. E nem mesmo se Valdivia entrasse na receita teríamos algo semelhante aos três citados pelo amigo.

      Por fim, é verdade: nossa diretoria não consegue contratar nem jogador do América/MG ou argentino que joga nos EUA. Aí, fica difícil.

      Abs.

  3. Bom dia.
    Como disse, realmente o time deles é melhor. Mas ontem, se não fosse o goleiro deles, sairíamos talvez com uma vitória.
    Quanto a nova forma de análise, gostei muito.
    Boa semana a todos.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Edson.

      De fato: Diego Alves é um ótimo goleiro que, contra o Palmeiras, torna-se sempre excelente.

      Agraço o elogio e aproveitou para lhe dar as boas-vindas a esta seção.

      Escreva sempre, ok?

      Abs.

  4. RODRIGO MIRANDA

    Bom dia Marcio e Amigos,

    Perfeita sua análise. Como é difícil as pessoas entenderem que nosso time não é melhor que o flamengo! Talvez, na comparação jogador por jogador, teremos 1 ou dois jogadores melhores que os deles, simples assim.
    O jogo de ontem mostrou que seremos competitivos no campeonato, mas mostrou também que somos um “samba de uma nota só” precisamos e podemos melhorar nosso arsenal.
    Ontem assistindo uma debate esportivo, tive a nítida sensação de que não entendo nada de futebol, pois um dos comentaristas, que aliás eu até respeito, disse que o Palmeiras piorou devido a saída do Raphael Veiga!!! Assisti o jogo com atenção e não vi nada disso, muito pelo contrário, vi o Luis Adriano ter que voltar para tentar criar alguma coisa, vai entender…

    Abs

    • Márcio Trevisan

      Olá, Rodrigo.

      Sua discordância em relação ao comentarista é natural, pois cada um vê o jogo como pode ver.

      Mas concordo contigo: mais uma vez, o Raphael Veiga esteve mal e poderia ter sido substituído bem antes.

      Abs.

  5. Bom dia, Márcio.

    Parabéns pela inovação da análise por setor. Ficou muito concisa e sensata.

    Concordo com quase tudo que você escreveu, à exceção de uma análise. Não achei que as substituições que o Abel fez foram corretas e digo mais: deixou nosso time bem mais fraco. Tanto que o gol surgiu após as alterações que ele fez.

    LA e FM vinham jogando muito bem e não entendi as razões pelas quais nosso treinador os substituiu. Cansaço? Não me pareceu, tanto que ambos saíram descontentes.

    Trocar Viña por VL – na atual situação – é o mesmo que trocar um sanduíche de presunto e queijo por um sanduíche de mortadela. Tem que goste, mas não apetece o paladar.

    Agora, Zé Rafael e Scarpa foram piadas. O primeiro há tempos não joga absolutamente nada. O segundo até que tenta, e em certos jogos tem lampejos, mas é fraquinho. Às vezes, me faz lembrar o Tchê-Tchê (Deus me livre!).

    A verdade é que o time titular do Flamengo é excelente, mas o banco é limitado. Por isso os técnicos demoram tanto para substituir quem está jogando.

    Um abraço.

    Valter

    • Márcio Trevisan

      Valter, salve!

      Agradeço o elogio.

      Vc tem razão: banco por banco, sou mais o nosso. Só que os titulares deles…

      Abs.

  6. Joao Gabriel Mestieri.’.

    Marcio, parabéns pelo novo formato de avaliação. Ficou bem mais justificado e esclarecido.

  7. Fábio P. R.

    Márcio, gostei da nova configuração do seu post, com comentários por setor.

    De resto, acho [infelizmente] normal essa derrota, nada com que nos preocuparmos, desde que não percamos pontos inadmissíveis como aconteceu ano passado.

    • Márcio Trevisan

      Obrigado, Fábio.

      Que bom que você gostou.

      E tem razão: ontem não perdemos o Brasileirão, assim como os caras não ganharam o título. O negócio é se recuperar imediatamente, ou seja, já no próximo domingo.

      Abs.

  8. Ficou claríssimo, escancarado neste jogo o duelo entre 1 time com esquema tático montado e obedecido pelos jogadores (Palmeiras) enfrentando 1 time eminentemente de jogadores melhores tecnicamente sem rigidez tática.
    Desta vez venceu a qualidade individual dos jogadores.
    Vamos ver da próxima vez o que acontecerá.
    Abçs

    • Márcio Trevisan

      Jair: se jogarmos 10 partidas contra o Flamengo/RJ, cinco em casa e cinco no Rio, perderemos seis, empataremos duas e ganharemos duas.

      É duro, mas é verdade.

      Abs.

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