POUCA BOLA. MAS MUITA COMPETÊNCIA.

Na retranca, Palmeiras vence no Equador e se garante nas oitavas da Libertadores

Meus amigos.

Como jornalista, vez ou outra tenho uma visão do futebol diferente da que tem a maioria ou mesmo todos vocês. Nada mais natural: afinal, são mais de três décadas falando e escrevendo diariamente sobre o assunto, milhares de partidas acompanhadas “in loco” ou pelo TV e, também, um conhecimento dos bastidores do mundo da bola que são, por razões mais do que óbvias, vetados aos torcedores. Tudo isso faz nossa paixão ser distinta para nós.

Por isso, já espero uma saraivada de críticas por parte de vocês assim que terminarem esta crônica pós-jogo. E o motivo é simples: não gostei, nem um pouco, do que o Palmeiras jogou nesta noite na capital equatoriana. Sei bem que o resultado foi excelente, que nos garantiu não só na próxima etapa da Copa Libertadores (e com duas rodadas de antecedência!) como, muito provavelmente, também na liderança da chave (o time precisa somar apenas mais um ponto nos dois últimos jogos, ambos em casa, isso se o Defensa y Justicia/ARG vencer nesta quarta o Universitário/PER). Mas, ainda assim, repito: a bola que não jogamos me decepcionou.

Obviamente, não esperava uma equipe ofensiva, propondo o jogo e tomando conta de todas as ações, pois havia vários motivos que a impediriam de assim atuar: a altitude de mais de 2.800 metros, o desgaste de uma longa viagem e, também, o desespero do Independiente Del Valle/EQU, a quem somente uma vitória interessaria devido à sua situação no grupo. Mas daí a jogarmos no estilo “10 atrás e ninguém na frente”, buscando apenas raríssimos contra-ataques (ainda que tenha sido por meio de um destes que conseguimos o pênalti e o gol) e passando praticamente toda a partida vendo a bola rodar à frente de nossa área, foi muito incômodo para mim. Até me fez lembrar um certo time que, até bem pouco, utilizava-se do esquema “10 atrás e ninguém na frente”. E pior: ainda se orgulhava disso.

Eu até entenderia um esquema tão defensivo se, à nossa frente, estivesse um Flamengo/RJ, um River Plate/ARG ou qualquer outro time que fosse tão bom quanto ou superior ao Verdão. Mas jogar assim contra uma equipe bem mais fraca deixou no ar uma pergunta: e se o adversário desta noite tivesse um pouquinho, apenas um pouquinho mais de qualidade, teríamos conseguido suportar a pressão? Como disse acima, a estratégia montada por Abel Ferreira (que, para fortalecer tal opção, optou pelo defensivo Victor Luís em detrimento do ofensivo Viña) deu certo, mas espero que só volte a ser repetida em circunstâncias muito, mas muito específicas.

Afinal, na condição de palmeirense-raiz, eu gosto muito quando o Palmeiras é competente. Mas o amo quando ele o é jogando muita bola.

ANÁLISES INDIVIDUAIS

WEVERTON – 6,5
MUITO BOM

LUAN – 5,5
SATISFATÓRIO

GUSTAVO GÓMEZ – 6
BOM

RENAN – 6,5
MUITO BOM

MARCOS ROCHA – 5
REGULAR

FELIPE MELO – 5
REGULAR

PATRICK DE PAULA – 6,5
MUITO BOM

RAPHAEL VEIGA – 7
ÓTIMO

VICTOR LUÍS – 6
BOM

RONY – 5
REGULAR

LUIZ ADRIANO – 5,5
SATISFATÓRIO

ABEL FERREIRA – 5,5
SATISFATÓRIO

DANILO BARBOSA – 5
REGULAR

MAYKE – SEM NOTA
SEM AVALIAÇÃO

DANILO – 6
BOM

GUSTAVO SCARPA – SEM NOTA
SEM AVALIAÇÃO

CRÉDITO FOTOS: CÉSAR GRECO / AG. PALMEIRAS

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

10 – DIVINO
9,5 – PERFEITO
09 – QUASE PERFEITO

08 a 8,5 – EXCELENTE
07 a 7,5 – ÓTIMO
6,5 – MUITO BOM
06 – BOM
5,5 – SATISFATÓRIO
05 – REGULAR
4,5 – RUIM
04 – MUITO RUIM
00 a 3,5 – PÉSSIMO

13 Responses to POUCA BOLA. MAS MUITA COMPETÊNCIA.

  1. José Aparecido-Mogi das cruzes

    Boa noite a todos!

    Não assisti e nem ouvi o jogo.
    Mas pelas circunstâncias foi uma excelente vitória e histórica.
    Convenhamos Márcio.
    Em um passado não muito distante, era sofrível, sempre voltamos derrotados por times medíocres da Bolívia, Peru, Venezuela, etc.
    Libertadores tem que sempre jogar com outro espírito.
    Vc tá sendo muito crítico…rsrsrsrs

    • Márcio Trevisan

      Zé: não estou sendo crítico. Estou sendo palmeirense.

      É aquele tal negócio: tem gente que prefere o Brasil tetracampeão em 1994. Já eu prefiro mil vezes o Brasil eliminado em 1982.

      Abs.

  2. roberto alfano

    Boa tarde, também gosto do Futebol bem jogado caro Trevisan, mais confesso que na Libertadores muitos jogos tem que ser cascudos como foi o Palmeiras e buscar a classificação.

    Agora com um River Plate, não da para jogar só se defendendo como já ocorreu.

    Valeu Palmeiras pela já classificação.

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Alfano: o Palmeiras só foi “cascudo” porque ganhou.

      Se tivesse empatado ou perdido o adjetivo que você e outros dariam seria “covarde”.

      Abs.

  3. Acho que entendi seu ponto de vista (espero estar certo), mas pontuaria o seguinte:
    - o que o time jogou está dentro da capacidade e do possível. Faltam jogadores para contribuir com mais qualidade na armação e na finalização.
    - como você ponderou, a altitude é um adversário a mais, portanto creio que não dava para ser muito diferente. Prefiro essa e a vitória do ano passado na Bolívia do que apenas empates ou mesmo derrotas. Note que tanto bolivianos como equatorianos quase não perdem em seus domínios.
    - o excesso de jogos exige escalações balanceadas e um jogo feio com vitória e classificação pode garantir um time mais forte contra o RB.
    Sem nivelar por baixo, com a de ontem, foram cinco vitórias consecutivas e cada uma com sua particularidade. Sem esquecer que quatro como visitante (Santo André, Defensa, Ponte e IDV).

    • Márcio Trevisan

      Olá, Marcelo.

      Concordo com tudo o que vc escreveu.

      Mas ver o Palmeiras jogar como se fosse o time “deles” até pouco tempo atrás é, para mim, inaceitável.

      Abs.

  4. Bom dia, Márcio.

    Concordo em partes com o que você escreveu, mas pensemos no seguinte: o Palmeiras foi a primeira equipe a derrotar o Del Valle como visitante na história da Libertadores. Até então, eram 15 vitórias e 8 empates.

    Isso nitidamente significa que os caras são letais quando jogam em casa. O jogo foi bonito? Não, foi horroroso. Porém, alguém vai reclamar por não jogar bonito e ser o primeiro classificado às oitavas de final, único com quatro vitórias em quatro jogos? Acho difícil.

    Como Abel ponderou em sua entrevista, “minha função é estudar os adversários, perceber o que fizeram no presente e no passado”. Isso ele fez muito bem.

    Um abraço.

    Valter

    • Márcio Trevisan

      Valter, salve.

      Ninguém vai reclamar porque ganhamos o jogo. Se o Weverton não faz a grande defesa que fez quase nos acréscimos, todos estariam fazendo coro ao que eu escrevi.

      Abs.

  5. Fábio P. R.

    Márcio, como qualquer palmeirense deste mundo, também prefiro o Verdão indo para cima de qualquer adversário, mas neste caso a estratégia foi muito bem executada, deve ser a única maneira de jogar na altitude. Como o próprio Abel disse, outros adversários mais proativos foram humilhados lá (vide Flamengo 0×5), e de lambuja fomos responsáveis pela primeira derrota do Del Valle em sua casa na Libertadores.

    Cada jogo é um jogo, Abel já provou que sabe fazer essa leitura, portanto acho que tal estratégia só ocorrerá em casos muito específicos.

    Abs.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Fábio.

      A altitude de Quito/EQ (pouco mais de 2.800 metros) atrapalha? Sim. Mas não pode ser usada para justificar possíveis maus resultados.

      Se fosse assim, a seleção do Equador e os times de lá que jogam na cidade ganhariam todas as partidas, certo?

      E de altitude, meu amigo, eu entendo: já estive em La Paz/BOL (3.640 metros) e, lá, conheci o que é o inferno.

      Por fim, também acredito que o português não terá coragem de montar uma retranca como esta toda hora. Afinal, nem contra o Flamengo/RJ ele jogou desta forma.

      Abs.

  6. Opa, ó nós aqui ó. Sem críticas, meu caro tutor Trevisan. Vc está correto, e eu ainda lhe pergunto, será que o Ademir da Guia assistiu esse jogo ontem? com certeza sim, e o que ele diria ao ver aquela retranca mais parecendo um time pequeno? Ele deve ter pensado, que Palmeiras é esse? Mas oxalá deu tudo certo, a estratégia funcionou, vencemos e pela primeira vez o del Vale perde um jogo pela Libertadores em sua casa. E como vc diz, meu caro tutor, esperamos que esses estratégia só volte a ser utilizado em condições muito especificas, afinal gostamos de ver o nosso time jogando bonito e agredindo o adversários. Abraços e dá-lhe Verdão.

    • Márcio Trevisan

      Tadeu, boas.

      Não se trata nem mesmo de jogar bonito, pois inúmeras vezes em nossa história nosso futebol foi feio porque nosso time era feio.

      O que eu não aceito, e nunca aceitarei, é um time jogar o tempo todo – repito: o tempo todo!!! – na retranca, naquela famosa frase de “jogar por uma bola”.

      Abs.

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