O PARDAL DE PORTUGAL

Abel inventa três zagueiros que não são zagueiros e Palmeiras está quase eliminado no Paulistinha

Meus amigos.

Sei que o título e a linha fina desta crônica pós-jogo parecem imputar a Abel Ferreira a exclusiva responsabilidade por mais uma derrota do Palmeiras dentro de casa neste Paulistinha. Mas, para lhes ser sincero, não é assim que penso (vejam seua nota e sua avaliação, logo mais abaixo). Incoerente? Admito. Mas são posturas que, vez ou outra, um jornalista precisa adotar a fim de tornar aquilo que escreve ou fala mais instigante àqueles que o leem e ouvem. Entenderam? Talvez, sim, talvez, não. Então, na dúvida, eu lhes explicarei.

De fato, nosso treinador extrapolou no direito de ser Professor Pardal nesta noite de quinta-feira. Que ele começasse o jogo com o esquema ao qual parece ter se apaixonado repentina e ultimamente, o 3-5-2, vá lá; mas escalar nas três posições da zaga três jogadores que não são zagueiros eu confesso que, em mais de 32 anos como jornalista profissional, nunca na minha vida tinha visto.

Sua alegação para tamanho descalabro é que se viu obrigado a optar por dois laterais – Mayke e Viña – e um “coringa” – o bom Danilo Barbosa – porque não poderia escalar Goméz, Luan e Renan porque estes jogaram na terça-feira, e também porque Kuscevic e Empereur estão contundidos. Ora, se não há zagueiros disponíveis, não seria mais simples fazer o simples, ou seja: não escalar o time no 3-5-2? Mas foi por isso que perdemos para o apenas esforçado – e isso porque estou sendo muito simpático – time da Inter de Limeira/SP?

Não, claro que não. Perdemos porque, mais uma vez, desperdiçamos chances claras de gol, o que prova que enquanto nosso ataque não receber reforços continuaremos tendo problemas (ou vocês já se esqueceram dos gols que Bigode e Wesley perderam contra os equatorianos?). E, principalmente, perdemos porque nossos jogadores ou não têm, ainda, condições de ser titulares – e aqui me refiro a vários garotos vindos das categorias de base – ou, então, estão com o saco cheio – e aqui me refiro aos integrantes do elenco principal – de serem obrigados a entrar em campo em um torneio que, dadas as concorrências simultâneas de competições muito mais atraentes tanto técnica quanto financeiramente e, também, a esta maldita doença que parece ter gostado do Brasil e não querer mais ir embora daqui, acabou se tornando um pé no saco.

Uma figura os ajudará a compreender como o Palmeiras encara o Paulistinha: em 2020, você chegou a uma festa de aniversário e viu que o bolo era de chocolate, exatamente aquele que você havia anos não comia. Na hora em que ganhou seu pedaço, você se lambuzou todo, de tanto que o doce lhe estava gostoso. Aí, em 2021, você vai a mesma festa de aniversário e, quando vê o bolo em cima da mesa, percebe que ele é, de novo, de chocolate. E você, claro, esperava que ele fosse de qualquer outro sabor, menos daquele que você já comera no ano anterior. Se sobrar um pedacinho, você até o come, mais por educação do que por prazer. Mas, se não sobrar, tudo bem – na mesma festa há outras comidas que lhe são muito mais saborosas.

Por tudo isso, em minha opinião Abel Ferreira, ainda que meio que de forma torta, está fazendo o certo. Hoje, graças a ele, todos podemos ter uma visão mais clara de qual garoto pode dar certo (Giovani: anotem este nome) e qual não pode (há vários: podem escolher os que quiserem), de quais setores precisam de reforços (lateral direita, armação de meio-campo e comando do ataque) e, principalmente, de quem está a fim de encarar este 2021 dificílimo para o Palmeiras e de quem está mais interessado em puxar o carro.

Finalizando, prezado palmeirense, este longo texto (cujo tamanho exagerado desde já espero que me perdoe), é minha obrigação lembrá-lo de que o Verdão ainda não está eliminado do Paulistinha. Para que isso não aconteça, bastará vencer os três jogos que lhe restam (e sabemos que pode, se assim o quiser) e torcer para que o Novorizontino/SP some apenas três dos nove pontos que ainda tem a disputar. O único detalhe é que o último jogo dos caras é contra “eles”.

E aí, eu lhe pergunto: você realmente acredita que se na última rodada o Tigre precisar de alguma coisa, o Gambá fará alguma força para impedir que ele o consiga?

ANÁLISES INDIVIDUAIS

WEVERTON – 5
SATISFATÓRIO

MAYKE – 4,5
RUIM

DANILO BARBOSA – 6,5
MUITO BOM

VIÑA – 3,5
PÉSSIMO

GABRIEL MENINO – 4,5
RUIM

FELIPE MELO – 5,5
SATISFATÓRIO

ZÉ RAFAEL – 5
REGULAR

GUSTAVO SCARPA – 5,5
SATISFATÓRIO

LUCAS ESTEVES – 3
PÉSSIMO

WILLIAN BIGODE – 5
REGULAR

WESLEY – 5
REGULAR

ABEL FERREIRA – 6
BOM

GIOVANI – 5,5
SATISFATÓRIO

RAPHAEL VEIGA – 6
BOM

PATRICK DE PAULA – 4,5
RUIM

LUIZ ADRIANO – 4,5
RUIM

RONY – 5,5
SATISFATÓRIO

CRÉDITO FOTOS: CESAR GRECO/AG.PALMEIRAS

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

10 – DIVINO
9,5 – PERFEITO
09 – QUASE PERFEITO

08 a 8,5 – EXCELENTE
07 a 7,5 – ÓTIMO
6,5 – MUITO BOM
06 – BOM
5,5 – SATISFATÓRIO
05 – REGULAR
4,5 – RUIM
04 – MUITO RUIM
00 a 3,5 – PÉSSIMO

12 Responses to O PARDAL DE PORTUGAL

  1. Boa tarde a todos! Minha nota é zero para todos, foi vergonhoso.

  2. roberto alfano

    Boa tarde, no futebol é assim quem não faz toma, e olha que o time jogou mal, em poucas chances que teve desperdiçou!!!

    Abraço.

  3. Leonardo Madureira

    Bom dia Márcio. Eu achei uma ironia do destino e dei uma boa risada ao ver o time escalado sem zagueiros, afinal parte da imprensa e da torcida já estavam enchendo a paciência reclamando de 3 zagueiros. Acho que o paulista tem que ser usado de treino mesmo, não estou minimamente preocupado com a classificação. Prefiro que não aconteça. E, como sempre, acho estranho a torcida querer ignorar o paulista ao mesmo tempo que reclama de derrotas. Minha única bronca ontem foi terem entrados titulares, dando uma ideia de que não desistiu e perder com titulares em campo. Devia deixar os garotos.

    • Márcio Trevisan

      Léo: ele precisava fazer algo para, pelo menos, disfarçar – se não iria dar muito na cara.

      E se ele levou alguns titulares para o banco para caso o jogo necessitasse deles, não havia outra coisa a fazer.

      Abs.

  4. Caros amigos. Como dá desgosto ver esse menino Esteves jogar futebol. E o Gabriel Menino parece que esqueceu de como jogar bola. Quanto ao paulistinha eu digo que ainda iremos comemorar essa DESclassificação.

  5. Continuo afirmando que estes jogos do campeonato paulista estão sendo MARAVILHOSOS pra sabermos quem não tem a mínima condição de vestir a camisa do time principal do Palmeiras.
    Abçs.

  6. José Aparecido-Mogi das cruzes

    Bom dia a todos!

    O portuga está certo de escalar a mulekada e uns perebas de plantão neste Paulista.
    Ai fica evidente que muitos não servem pra continuar no elenco.
    Ontem foi mais uma prova.
    Está dando raiva de uma turminha atuando
    ZR:contaminado pelo LL
    Vina:horroroso, e faz tempo
    LE:não precisa falar mais nada
    Mike: isso é jogador profissional?
    GM: maldito Tite.
    E tem uns querendo entrar nesta turma:
    Bigode: quem diria.
    PP: como erra passes
    LA: parece que tá “viajando”
    Wesley: precisa baixar a bola… não é tudo isso.
    Fora os que não jogaram ontem.
    O de bom foi a atuação de Danilo Barbosa.
    Acho que terá cadeira cativa no time titular.

  7. António Manara

    Márcio, realmente ele tem que ser um professor Pardal pra conseguir escalar um time com um elenco sem jogadores. Ouvi sua coletiva e pelo que entendi , nosso departamento de performance fornece uma lista de minutos que cada jogador pode actuar para não sofrer contusões. Em 2020 o elenco disputou 78 partidas e em 2021 já disputamos 32 partidas. Ontem não tínhamos um zagueiro de ofício em condições de jogo e nas substituições foram feitas por minutos rodados .

    • Márcio Trevisan

      Correto, Manara.

      Mas se não há zagueiros disponíveis, não é melhor improvisar dois e não três?

      Como eu disse, não foi isso que fez o Palmeiras perder, mas é apenas mais uma “invencionisse” de um bom treinador que, assim como aconteceu com Jorge Jesus, começa a se tornar arrogante e a ter problemas com os jornalistas e a Imprensa.

      Espero que ele volte à humildade que era em 2020.

      Abs.

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