VITÓRIA NO INFERNO. MESMO BEM PERTO DO CÉU.

Resultado em La Paz/BOL praticamente garante Palmeiras nas oitavas da Libertadores

Meus amigos.

Se existe um lugar neste mundo de meu Deus em que o céu e o inferno praticamente se tocam este lugar é La Paz/BOL. A cidade boliviana, capital que mais se aproxima das estrelas em todo o planeta (está a 3.680 metros acima do nível do mar), ainda que muito acolhedora com todos os seus visitantes torna suas vidas uma sucessão de impressionante falta de ar, fortíssimas dores de cabeça, tontura, enjoo, vômitos, desidratação que, não raro, leva seus turistas a ter uma única certeza: o melhor é ir embora dali o quanto antes. É o tal do “soroche”, nome que seus habitantes dão a este conjunto de mal-estares.

Todos os sintomas acima este jornalista teve a oportunidade de sentir na pele no já longínquo 1993. Mesmo ainda jovem – contava então apenas 25 anos – e repórter do extinto jornal A Gazeta Esportiva, fui cobrir aquela que se tornaria a primeira derrota do Brasil em uma partida válida pelas Eliminatórias (0 x 2 Bolívia, com direito a pênalti defendido e, logo em seguida, a frangaço de Taffarel). E se você acha que eu me dei mal, garanto: vários outros colegas de profissão ficaram em situação ainda pior, e um deles chegou até mesmo a desmaiar logo que desceu do avião.

Contei tudo isso para que você, prezado palmeirense, tenha uma ideia do tamanho da vitória que o Verdão obteve hoje (e, vale lembrar, sem quatro titulares: Felipe Melo, Patrick de Paula, Lucas Lima e Luiz Adriano). Se nosso time tivesse voltado de lá com um empate, pode ter certeza: deveríamos lamber os beiços. Só para se ter uma ideia, esta foi a sexta vez que jogamos em La Paz/BOL, e apenas a segunda que vencemos (a primeira foi em 1974, também pela Libertadores, sobre o Deportivo Municipal/BOL: 1 a 0, gol de Fedato. Nas outras vezes, um empate e outras três derrotas).

Mas vencemos, e isso é o que importa. Não jogamos – e nem poderíamos jogar, acreditem – um grande futebol, mas jogamos um futebol que se deve jogar quando se atua sob tão adversas condições. Nossos laterais não apoiaram, nossos volantes não saíram para o jogo a toda hora, nossas ligações foram diretas. Inteligente, Wanderley Luxemburgo optou por Rony entre os titulares porque o atacante, mesmo em má fase, é muito mais veloz do que Wesley e, portanto, seria nossa única opção de ataque. Não deu outra: após um longo lançamento (olha a ligação direta aí), o ponta sofreu o pênalti que Willian Bigode transformou no primeiro gol do jogo.

Por falar em gol, o que posso dizer sobre o que marcou Gabriel Menino? Todos viram a beleza do feito que, claro, também contou com uma ajuda essencial: quanto maior a altitude, menor a resistência do ar e, consequentemente, mais velocidade ganha a bola. Tudo isso, ligado ao talento do garoto, deu ao Palmeiras a tranquilidade de que precisava para garantir os três pontos. A equipe só perdeu as rédeas do jogo após sofrer o gol, já que àquela altura (21 minutos do segundo tempo), a maior parte dos nossos jogadores já não tinha mais pernas e muito menos pulmões.

E foi aí que entrou, de novo, o talento do nosso treinador. Ultimamente criticado por muitos, inclusive por mim, por várias razões, nesta noite Luxa foi perfeito nas alterações: percebeu que Ramires e Rony não mais se aguentavam em pé e colocou Bruno Henrique e Gabriel Veron; sacou que Raphael Veiga sumira em campo e o trocou pela jovialidade de Danilo; e, já no fim, pôs Vítor Hugo e assim deixou o time com três zagueiros, o que diminuiu a pressão do Bolívar/BOL, ao mesmo tempo em que fez com que nosso meio-campo ganhasse algo em criatividade com a presença de Gustavo Scarpa.

Agora, é o seguinte: com 9 pontos em três partidas, o Palmeiras precisa de apenas mais um para se garantir matematicamente nas oitavas de final da Libertadores. E como dois dos últimos três jogos serão em São Paulo/SP, é praticamente impossível que o time não some muito mais do que neste momento precisa. Ou seja: já podem ir preparando seus alviverdes corações, pois mais emoções já estão garantidas.

Libertadores é assim mesmo: nem sempre se joga tão perto do céu, mas a toda hora se tem de encarar o inferno.

ANÁLISES INDIVIDUAIS

WEVERTON – 5,5
SATISFATÓRIO

MARCOS ROCHA – 5
REGULAR

LUAN – 6
BOM

GUSTAVO GÓMEZ – 7
ÓTIMO

VIÑA – 4,5
RUIM

RAMIRES – 4,5
RUIM

GABRIEL MENINO – 7
ÓTIMO

ZÉ RAFAEL – 6
BOM

RAPHAEL VEIGA – 6
BOM

WILLIAN BIGODE – 6,5
MUITO BOM

RONY – 6,5
MUITO BOM

WANDERLEY LUXEMBURGO – 7,5
ÓTIMO

DANILO – 5
REGULAR

GABRIEL VERON – 5
REGULAR

BRUNO HENRIQUE – 5,5
SATISFATÓRIO

VÍTOR HUGO – 5
REGULAR

GUSTAVO SCARPA – 5,5
SATISFATÓRIO


CRÉDITO FOTOS: CESAR GRECO/AG. PALMEIRAS

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

10 – DIVINO
9,5 – PERFEITO
09 – QUASE PERFEITO

08 a 8,5 – EXCELENTE
07 a 7,5 – ÓTIMO
6,5 – MUITO BOM
06 – BOM
5,5 – SATISFATÓRIO
05 – REGULAR
4,5 – RUIM
04 – MUITO RUIM
00 a 3,5 – PÉSSIMO

10 Responses to VITÓRIA NO INFERNO. MESMO BEM PERTO DO CÉU.

  1. Bom dia, Márcio.

    Pelo que ouvi durante a transmissão de ontem, a última vitória de um time brasileiro naquele estádio foi há 37 anos. Só essa informação já dá ideia da dificuldade que é para qualquer time jogar contra os bolivianos em La Paz. Jogar e ganhar é de lamber os beiços!

    Claro que alguns jogadores sofreram mais do que outros e até a metade do primeiro tempo o jogo estava bem travado. É válido lembrar que o Bolívar estava há 6 meses sem jogar uma partida oficial, mas isso não tira o mérito da vitória conseguida pelo Verdão.

    Volto aqui a citar a frase que escrevi em outra crônica: vamos deixar o pofexô trabalhar!

    Um abraço.

    Valter

    • Márcio Trevisan

      Valter: a informação está equivocada.

      Trinta e sete anos era o tempo que o Bolívar/BO não perdia em La Paz/BOL para uma equipe brasileira.

      Já a última vitória de um time do Brasil na capital boliviana foi em 2004 (do São Caetano/SP sobre o The Strongest/BOL).

      Abração.

  2. José Aparecido-Mogi das cruzes

    Bom dia a todos!!
    Ótimo resultado.
    Ótima atuação.
    Ótimo gol.
    Ótima crônica.

  3. Roberto Alfano

    Bom dia, gostaria de parabenizar esta crônica muito boa e também nosso Palmeiras pela quebra do Tabu em jogar nas alturas!!!!

    Vale lembrar nosso Técnico Luxemburgo que entende e soube encaixar a meninada do Verdão para jogar lá, parabéns Luxa.

    Valeu Gabriel Menino pelo belo Gol.

    Abraço.

  4. Por que sera que esta acontecendo isso com o Gabriel Menino e com o Patric de Paula ?
    Não é difícil entender né ?

  5. Vitória maravilhosa
    3 pontos maravilhosos
    Ótimas atuações de Luan, Gustavo Gomes, Gabriel Menino, etc..
    Mas mesmo que não possamos fazer uma critica a nenhum jogador em especial, mais uma vez a atuação de alguns escancara o potencial atual em vestir a camisa do Palmeiras.
    Ficou absolutamente evidente por que Gabriel Menino sai extenuado e baleado em TODOS os jogos, o mesmo que esta acontecendo com o Patric de Paula que esta por um fio de se arrebentar toda sua musculatura.
    Por q

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