CAP. 165: CAÇAPA E SEU MALDITO GOL

Palmeirense amigo, seja sincero e responda: se uma equipe de futebol profissional vence dois e empata três dos cinco amistosos preparatórios de início de temporada, significa que se trata de uma boa equipe? Teoricamente, sim. Mas se as duas vitórias (uma delas por incríveis 11 a 0!) forem sobre duas seleções amadores de cidades interioranas e os três empates forem diante de modestíssimas equipes interioranas (Primavera de Indaiatuba, Rio Branco de Americana e União São João de Araras), aí a situação é completamente oposta, certo? 

Então: foi sob este clima que o Palmeiras deu início à sua jornada em 1988, ano em que mais uma vez ficamos longe, bem longe de qualquer chance de título e, pior ainda, apresentamos na maioria das partidas um futebol abaixo da linha de miséria, se é que vocês me entendem. Não à toa, após estes cinco amistosos, Rubens Minelli foi demitido pela diretoria que, para o seu lugar, abriu um pouco os cofres e contratou um treinador do mesmo patamar: Ênio Andrade, aliás, ex-jogador de sucesso no Verdão entre 1958 e 1960. 

Apesar de ter estreado com um derrota em pleno Pacaembu para o Mogi Mirim, por 1 a 0, o novo treinador rapidamente pareceu dar um jeito no time. Foram exatas 13 partidas invictas (com oito empates, é bem verdade), que deram ao torcedor a ilusão de que, de repente, o Palmeiras poderia conseguir alguma coisa interessante naquele Paulistão. Até porque, ao final da fase de classificação, o alviverde conseguiu uma vaga na etapa seguinte que, coincidentemente, colocou quatro times do Interior (Inter de Limeira, Guarani, XV de Jaú e São José) em um grupo e os quatro grandes no outro. Mas bastou que as semifinais começassem para se ver que não seria bem assim. 

Nos dois primeiros jogos, dois empates (com Santos e Corinthians) e uma derrota (São Paulo) já nos deixaram em uma situação delicada, que só piorou diante de uma nova derrota, na abertura do returno desta etapa, para o Tricolor. Com apenas dois pontos em quatro jogos, precisaríamos de um milagre para ficar com a única vaga do grupo na grande final: teríamos, necessariamente, de ganhar os dois últimos jogos e ainda torcer por uma combinação de resultados. 

Gérson Caçapa: 206 partidas e 8 gols pelo Verdão. Um deles, maldito.

O sonho foi por terra logo de cara – perdemos para os santistas. Mas ainda restava uma chance de “salvar” aquele Campeonato Paulista: eliminar nosso maior rival. A primeira oportunidade, desperdiçamos, por só empatamos sem gol. Mas na última rodada tínhamos nas mãos a chance de os tirar da decisão, só que seria por meio de algo incompatível com a grandeza do nosso clube. 

Explicando: São Paulo e Corinthians chegaram com chances de ficarem com a vaga do grupo, mas o time do Morumbi levava a vantagem de depender somente de si próprio: para tanto, bastaria nos vencer no Choque-Rei em seu estádio. Já a equipe de Itaquera teria de ganhar dos santistas, já eliminados, no mesmo horário, no Pacaembu, e ainda torcer para que o Palmeiras, também alijado, vencesse o clássico. O time “deles” fez a parte “deles”, e já vencia por 2 a 0 no intervalo. Já o nosso time… Aos 45 minutos do segundo tempo, numa jogada aparentemente despretensiosa, o volante Gérson Caçapa fez o gol da nossa vitória que, infelizmente, também resultou na vitória do Corinthians. 

Até hoje, o ex-jogador do Verdão é cobrado por muito palmeirense neste mundo afora. 

P.S.: Eu até poderia falar detalhadamente sobre o desempenho do Palmeiras no Campeonato Brasileiro, mas a fim de não tomar inutilmente o seu tempo basta dizer que, dentre 24 participantes, terminamos em 16º lugar e com apenas quatro pontos a mais do que o primeiro clube rebaixado. 

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