CAP. 149: MOCOCA OU FALCÃO?

É praticamente impossível descrever o clima de euforia que tomou conta da torcida palmeirense após a histórica e inesquecível goleada que o time aplicou no Flamengo/RJ, de Zico e afins, e em pleno Maracanã. Se antes mesmo do inesquecível clássico já eram bem poucos os que ousavam não apontar o Verdão como o maior favorito à conquista do título do Brasileirão daquele ano, após o show de futebol apresentado pelos meninos de Telê Santana naquele 09.12.1979 eram de quase 100% as apostas em nosso time. 

Ocorre, porém, que para ser campeão teria o Verdão de chegar às finais e, para tanto, mais um grande adversário à sua frente: o Internacional/RS. Com um time quase tão bom quanto o do Flamengo/RJ mas bem menos badalado, os gaúchos cumpriam excelente campanha naquela edição do Campeonato Brasileiro. Como o disputaram desde a Primeira Fase, somavam até então 19 jogos, 14 vitórias e… Nenhuma derrota. Isso mesmo: nosso adversário estava invicto! 

Falcão

Mas isso nem era o mais preocupante. Como dissemos acima, o Inter/RS tinha um timaço, no qual se destacavam o goleiro Benitez (o mesmo que, um ano antes, defendera por empréstimo a nossa meta), zagueiro Mauro Galvão, o cabeça-de-área Batista, o meia Jair, os pontas Valdomiro e Mário Sérgio (sim, aquele que seis anos depois vestiria a camisa do Palmeiras) e, claro, o maior dentre todos estes: Paulo Roberto Falcão. Gênio desde sempre, o volante com habilidade de meia era, ao lado do flamenguista Zico, o melhor jogador do Brasil naquela época. 

A galera verde, porém, não parecia se preocupar muito com aquele que, pouco depois, seria coroado o “Rei de Roma”. Até porque em nosso meio-campo também havia um craque – e nem estamos falando de Jorge Mendonça. O cara em questão era Mococa, jovem revelação das categorias de base do clube que contava, então, apenas 21 anos, e também chamava a atenção de todos. Embora praticamente desconhecido, fora uma aposta de Telê Santana que, com ele, conseguia fazer perfeita transição da bola entre os setores de marcação e de criação. Mococa seria, na época, o que hoje se chama de “segundo volante”. 

Sua convocação para a Seleção Brasileira era uma exigência da Imprensa paulista e, também por isso, no dia da primeira partida entre Palmeiras e Internacional/RS, o Jornal da Tarde – tradicional publicação de São Paulo/SP, hoje já extinta – estampou em sua manchete principal: “Mococa ou Falcão?”. Mais do que uma pergunta, a frase era uma forte cobrança sobre Cláudio Coutinho, o responsável pelo selecionado nacional àquela época. 

Mococa

Mais de 65 mil palmeirenses foram ao Morumbi naquela noite de quinta-feira certos de que, após conseguirem o mais difícil, com certeza os meninos alviverdes se sobreporiam a mais um adversário. Só que… Só que Falcão resolveu ele mesmo responder à pergunta-cobrança do JT. Com uma soberba atuação, que teve direito a dois gols (o segundo, aliás, após falha justamente de Mococa) e lances geniais – como uma bicicleta que só por sorte nossa não se transformou em mais um gol –, ele conduziu sua equipe à vitória de virada.

Ainda que tenha jogado melhor durante toda a partida e ter ficado à frente do placar por duas vezes, o Verdão não contava com uma noite atípica do goleiro Gilmar, que falhou nos dois primeiros gols gaúchos, e também com incríveis chances desperdiças já ao fim da partida por Pedrinho e Polozzi. 

Os 3 a 2 que obteve em Sampa deixaram o Inter/RS com a vantagem do empate no domingo, em Porto Alegre/RS. Não seria fácil para eles, claro, e a partida foi equilibradíssima. Mesmo assim, por pouco não saímos na frente com Jorge Mendonça, que acertou uma bola na trave do ótimo Benitez. Após o 0 a 0 do primeiro tempo, Jair abriu o placar para os donos da casa logo aos 3 minutos da etapa final, mas apenas quatro minutos depois o Verdão empatou – com gol, aliás, de Mococa. Mas não deu para nós: o resultado final de 1 a 1 colocou o Colorado gaúcho na final do Brasileirão/79, diante do Vasco da Gama/RJ. 

Dois fatos merecem registro após aquelas duas partidas entre Palmeiras e Internacional/RS: o primeiro é que, no dia seguinte à derrota no Morumbi, o próprio Jornal da Tarde respondeu à pergunta que fizera com outra manchete: “Falcão ou Mococa? Falcão, é claro”; o segundo é que, dias depois do empate no Beira Rio, o técnico Telê Santana pediu demissão à diretoria do Verdão. Motivo: aceitou o convite da CBD e passou a ser o técnico da Seleção Brasileira. 

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2 Responses to CAP. 149: MOCOCA OU FALCÃO?

  1. Eu me lembro desta partida inesquecível para qualquer palmeirense como eu. Gilmar, Rosemiro, Beto Fuscão, Polozzi e Pedrinho; Pires, Jorge Mendonça e Mococa; Jorginho, Cesar e Baroninho. Com a perda do título e a saida do Telê aquela máquina de jogar futebol travou.
    Que saudades daquele time e ainda tinha o Carlos Alberto Seixas reserva de luxo.

    • Márcio Trevisan

      De fato, Laercio.

      E como muito e breve você começará a relembrar, o período dali em diante foi terrível.

      Forte abraço.

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