CAP. 137 – PAULISTÃO/1976: ELE DURARIA 6.142 DIAS…

Como todo mundo sabe, não há bem que nunca se acabe. Assim, quando a década dos 70 chegava à sua metade a Segunda Academia, aos poucos, ia se desfazendo. Fosse pela aposentadoria de alguns jogadores, fosse pela transferência de outros, o fato é que era chegada a hora de montar uma nova equipe. 

Apesar do tricampeonato do Troféu Ramón de Carranza, em 1975, averdade era que o Verdão não suscitava muitas esperanças em seus torcedores no ano seguinte. Do grande time que encantou o Brasil e o mundo nos primeiros anos da década, ficaram apenas Leão, Ademir da Guia (já em fim de carreira), Edu e Nei. Ou seja: haviam deixado o time nos meses anteriores nada menos do que sete titulares: Eurico, Luís Pereira, Alfredo Mostarda, Zeca, Dudu, Leivinha e César, isso sem falar em suplentes de luxo como Ronaldo, Édson Cegonha, Fedato e Polaco, por exemplo. 

Para suprir tais ausências, a diretoria optou por comprar alguns destaques de equipes do Interior paulista e também de outros estados. Mas, por outro lado, olhou também com muito carinho para as categorias de base, da qual subiram jogadores como Valdir, Ricardo e Pires, entre outros.

Por isso, o começo da equipe no Paulistão de 1976 foi titubeante. Tanto que, em meio à competição, o técnico Dino Sani se cansou das pressões e decidiu abandonar o barco. Para o seu lugar foi convidado Dudu, que recém-encerrara a carreira de atleta. O antigo cabeça-de-área tinha no elenco alguns desconhecidos, porém ótimos valores. Dois destes, por sinal, viriam a fazer história no clube: o meia Jorge Mendonça, contratado ao Náutico/PE, o centroavante Toninho, que veio do Figueirense/SC, e o lateral-direito Rosemiro, ex-Remo/PA, que inicialmente começou no banco.

Valdir, Leão, Arouca, Pires, Samuel e Ricardo; Edu, Jorge Mendonça, Toninho, Ademir da Guia e Nei.

Aos poucos, o time foi pegando forma e o ex-craque Olegário Tolói de Oliveira o deixou apto a ser mais uma vez campeão. Após cumprir a segunda melhor campanha na fase de classificação daquele Campeonato Paulista, o Verdão foi perfeito na etapa final e abocanhou a taça com uma rodada de antecedência.

O jogo foi diante do XV de Piracicaba/SP que, para surpresa de todos, terminou a competição na pra lá de honrosa – para ele, claro – segunda colocação. Na noite da partida que poderia decidir o campeão, o Palestra Itália recebeu o maior público de toda a sua história até que fosse reformado e se transformasse em nossa atual arena: ao todo, 40.283 pessoas superlotaram o local, sendo que 35.913 delas pagaram ingresso.

A partida foi muito equilibrada, pois o técnico do “Nhô Quim”, nosso ex-lateral Dema, armou uma grande retranca. Mas o talento de Jorge Mendonça, aliado a uma falha do goleiro Donah, garantiu não só a vitória mas também a conquista do título.  

O que ninguém poderia imaginar é que esta conquista viesse ser a última do Palmeiras durante tanto tempo. Sim, meus amigos: em nosso próximo encontro começaremos a relembrar o mais difícil período de nossa história, em que ficamos exatos 6.142 dias sem levantar uma taça expressiva. E o mais importante: tentaremos também entender por que nossa fila foi tão longa. 

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3 Responses to CAP. 137 – PAULISTÃO/1976: ELE DURARIA 6.142 DIAS…

  1. Júnior Colletti

    Márcio!

    E não há mau que sempre dure… poderia ser esta a abertura da matéria quando for tratar do fim da fila daqui vários capítulos kkkkk

    Estou ansioso para os próximos capítulos, para que possamos analisar, estudar e trocar idéias sobre a pior fase de nossa história.

    Abraço!

  2. Minha história de torcedor começou justamente no primeiro ano da fila. Com 2 anos de idade, já tendo uma camisa verde com o escudo bordado, fiquei até 1993 torcendo igual um maluco. Não que tenha deixado de ser maluco pelo Palmeiras, mas foram esses 17 anos que me qualificaram como verdadeiro torcedor. Guardo até hoje minha camisa 10 da Adidas, com o patrocínio da Coca Cola. Ela representa esse período triste sem títulos, mas ao mesmo tempo um período que me fez ser fanático.
    Muitos palmeirenses atuais foram formados nesse período dos anos 80. E graças a Deus pudemos estar naquele 12 de junho de 93.

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