CAP. 131: A SEGUNDA ACADEMIA – PARTE V

“Onde a Arena vai mal, um time no Nacional; e onde vai bem, um time também”. 

Esta frase, dita em evidente tom jocoso no começo dos anos 70, espelha com exatidão o quanto a Política influenciava as decisões tomadas em relação ao futebol naqueles tempos de chumbo grosso. Aos mais jovens ou aos que já esqueceram, vale lembrar: Arena era a sigla da Aliança Renovadora Nacional, partido que comandava o País e ao qual pertenciam os militares que, à época, mandavam e desmandavam no Brasil. 

Sob o pretexto de tornar o Campeonato Brasileiro cada vez mais abrangente, a CBD – Confederação Brasileira de Desportos, entidade que organizava (?) o torneio nacional – decidiu ampliar de 26 para 40 o número de times participantes na principal competição da bola tupiniquim a partir de 1973. Resultado: presença de times inexpressivos, jogos quase que diariamente e, claro, um calendário que não suportou tantas partidas e, por isso, teve de ver o Brasileirão daquele ano ser decidido somente em fevereiro de 1974. 

Nem vamos perder tempo em tentar explicar o sistema de disputa, já que ele teve turno, returno e divisões distintas de chaves a cada etapa, sem que uma lógica pudesse ser vista. No que diz respeito ao Palmeiras, vale lembrar que nossa campanha foi excepcional no Primeiro Turno da Primeira Fase: em 19 partidas, foram 13 vitórias e seis empates. Ou seja: terminamos a etapa como o único dos 40 times a não perder um jogo sequer. Somente no returno da etapa inicial é que o Verdão conheceu seus primeiros tropeços: foram três derrotas, um empate e cinco vitórias em nove jogos.

Bandeira da ARENA, a Aliança Renovadora Nacional

Dono da melhor campanha, o Palmeiras ficou no Grupo 1 na Segunda Fase do Brasileirão daquele ano, que começou somente em janeiro do ano seguinte. Com cinco vitórias e quatro empates em nove partidas, mais uma vez nossa fantástica equipe dava provas de ser a mais qualificada em busca do título que, na época, significaria o bicampeonato, mas que hoje representou o tetra. Assim, ao lado de Internacional/RS, São Paulo/SP e Cruzeiro/MG, o Verdão garantiu uma vaga no quadrangular final.      

Hoje em dia, é comum a discussão entre aqueles que preferem uma competição com pontos corridos e os que defendem a tese de que todo torneio precisa ter ao menos uma partida final. O regulamento adotado no Campeonato Brasileiro/73, mais ou menos um meio termo entre as duas formas, poderia ser o fim desta polêmica. Afinal, além de justo – já que contou com a participação das quatro melhores equipes – também foi emocionante e, de quebra, ainda teve uma quase decisão.

E será esta a história que contarei em nosso próximo encontro. Até lá!

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One Response to CAP. 131: A SEGUNDA ACADEMIA – PARTE V

  1. Marcelo Camargo

    Boas,
    Muito legal acompanhar/relembrar a história Palestrina.
    Era garoto nessa época descrita mas já acompanhando o time e me lembro como se fosse hoje o gol inesquecível do Luis Pereira, de cabeça, contra o Inter. Mas esses detalhes vou saborear no próximo capítulo.
    Bom domingo e avanti Palmeiras.

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