EXISTE O TEMPO DE PLANTAR E O TEMPO DE COLHER. E NÃO É SÓ NA AGRICULTURA.

Períodos de entressafra são inerentes também ao futebol

Houve um ano em que o Palmeiras faturou o Campeonato Brasileiro e, desta forma, tornou-se o principal favorito a tudo o que viesse disputar no ano seguinte. Porém, ao final daquela vitoriosa temporada, o técnico – aliás, um dos principais responsáveis pelo título – decidiu não permanecer no Verdão.

Então, a diretoria se viu obrigada a contratar um novo treinador, e acabou errando na escolha do nome. Resultado: após poucas partidas, teve de demiti-lo. Não muito depois, correu atrás daquele mesmo treinador campeão na temporada passada, e quando ele votou todos acreditaram que o feito se repetiria.

Lozano

O elenco campeão também sofreu baixas. Dentre as mais significativas a de um atacante e de um jogador de meio-campo, ambos craques. Claro que os dirigentes se esforçaram ao máximo para suprir tais ausências, mas o futebol apresentado pelos novos contratados (dois estrangeiros, um deles colombiano) não surtiu o efeito esperado dentro do tempo previsto.

Toda esta situação acabou por minar os planos do Verdão para o ano seguinte. Não faturou o Campeonato Paulista, foi eliminado precocemente da Copa do Brasil e, na Libertadores, também acabou ficando de fora de um jeito meio que vexatório. No Campeonato Brasileiro a situação se repetiu: nem mesmo perto de brigar pelo título a equipe ficou. Ou seja: aquele ano pós-conquista do Brasileirão foi de grande decepção para todos os palmeirenses.

Parece óbvio que me refiro aos anos de 2016 e 2017, só que não: as temporadas acima relembradas são as de 1994 e 1995. Vejam:

_ O Palmeiras faturou o Brasileirão de 1994 e, por isso, se tornou favorito em todos os torneios que disputou em 1995.

_ O técnico Wanderley Luxemburgo pediu demissão logo após a conquista do título, sendo substituído por Waldyr Espinosa. Mas naquele mesmo ano Luxa retornou ao comando da equipe.

_ O atacante Evair e o volante César Sampaio deixaram o clube, e seus substitutos – o argentino Mancuso e o colombiano Lozano – não se mostraram à altura dos antigos titulares.

Mancuso

_ No Paulistão, o Verdão ficou apenas com o vice-campeonato. Na Copa do Brasil, foi eliminado na Segunda Fase. Na Libertadores, levou de 5 a 0 do Grêmio/RS e, mesmo tendo devolvido a goleada no jogo de volta (5 a 1), ficou fora pelo saldo de gols. E no Brasileirão, terminou apenas na 5ª colocação.

Muito mais do que várias e quase inacreditáveis coincidências, tais fatos comprovam que, assim como a agricultura, também vive o futebol períodos de entressafra. E quando ela é bem feita, plantam-se sementes que geram saborosos frutos pouco depois. Em síntese, meu amigo: há o tempo de plantar e há o tempo de colher. E deve haver, também, a inteligência de todos para esperar o tempo certo de cada colheita.

Ou alguém aqui já se esqueceu do Palmeiras de 1996?

12 Responses to EXISTE O TEMPO DE PLANTAR E O TEMPO DE COLHER. E NÃO É SÓ NA AGRICULTURA.

  1. A grande diferença é que naquela época o Palmeiras já vinha de muitas conquistas no ano anterior (1993), portanto, estávamos vindo de dois anos seguidos de vários títulos importantes. Sem contar que naquela época apesar de não ser um passado tão distante, haviam muitos jogadores de alto nível em vários times, até o Guarani era um time bom. Hoje o futebol é fraco demais, basta ver o nível desse brasileiro onde um time pífio como esse do Corinthians consegue abrir 10 pontos na tabela. Naquela época eles disputariam pra não ser rebaixados com esse time, assim como esse time do Palmeiras que muitos se gabaram no começo do ano de ser um timaço, naqueles anos 93 e 94 também disputaria pra não ser rebaixado. Outro nível Márcio. Hoje vejo que ter um ano mal naquela época não era vergonha alguma. Já nesse futebol atual quem não vai bem é pq a coisa tá feia mesmo.

    Um grande abraço.

  2. Márcio pelo que eu me lembre em 1995 o nosso treinador era o Carlos Alberto Silva tanto na final do paulista que perdemos para o time Gambá em Ribeirão Preto e na libertadores nos dois jogos contra o Grêmio.
    Primeiro jogo: Grêmio 5X0 Palmeiras.
    Segundo Jogo: Palmeiras 5×1 Grêmio.
    Abraços.

    • Márcio Trevisan

      Sim, Maciel, vc está certo.

      Mas o primeiro técnico do ano, cuja contratação foi equivocada, era Waldyr Espinosa.

      Carlos Alberto Silva só assumiu o Palmeiras em 28 de maio de 1995, num empate sem gols com o Guarani/SP, no Brinco de Ouro.

      Abs.

  3. Trevisan,

    Se o Palmeiras de 2018 jogar 50% do que jogou o de 96, ganhamos tudo com um pé nas costas.

    Abraço, Hudson

  4. Júnior Colletti

    Boa tarde!

    Inevitável essa comparação com o período de 93/94/95/96. Mas, não se esqueça que, em 97 também houve esse período da entre-safra 98/99. Tudo isso foi fruto da manutenção de pessoas e planejamento, com continuidade de técnicos por ciclos.

    E vou além: esse exemplo não serve apenas para o Palmeiras. Fácil pensar e mencionar rivais que, quando a política ficou de lado, e focaram em planejamento, as coisas deram certo. “Elas” no tricampeonato Brasileiro… o Cruzeiro… o Santos no início dos anos 2000… O que o Palmeiras não deve é fazer igual e se perder, novamente, em crises políticas próprias.

    Quer mais: o Barcelona! Estão metendo o pau nos caras, embora também concorde que, hoje, já não são mais aqueles. Provavelmente, chegou o fim do ciclo de Messi, Pique, e que tais… no entanto, verifica-se que o clube está atento em reforçar suas equipes de base, com bons valores de todos os continentes. Isso é planejamento. Dominaram o mundo nos últimos 10 anos. Podem ter uma entre-safra de um ou dois anos… logo mais voltam a encaixar um timaço. Que o Palmeiras leve isso a sério!

    Abraços!

    • Márcio Trevisan

      Olá, Colletti.

      O problema é que a torcida do Palmeiras é impaciente.

      E às vezes ela mesma acaba atrapalhando tudo.

      Abs.

  5. Colega Valter já tem um zum zum zum que o Cuca vai sair do Palmeiras em dezembro e vai ser o técnico do Atlético Mineiro em 2018.
    Colega Marcio eu não me esqueci do Palmeiras de 1996, inclusive por que eu estava no Palestra Itália com meu irmão na final da Copa do Brasil contra o Cruzeiro e perdemos o titulo tendo 27 chances claras de gol contra 3 do Cruzeiro , o jogo foi 2 x 1 (lambanças do Veloso e do Amaral nos gols).
    Você se lembra que em mais um ERRO absurdo de planejamento da diretoria do Palmeiras o contrato do Muller o melhor jogador disparado do elenco do Palmeiras naquela época venceu 1 semana antes das final da copa do Brasil ?

    • Obrigado pela informação, Jair.

      Nesse caso, mais um ingrediente para se pensar no nome do Luxa.

      Um abraço.

      Valter

    • Márcio Trevisan

      Olá, Jair.

      Sim, eu me lembro do Müller e do contrato dele que terminou no meio da temporada. Também me lembro da derrota para o Cruzeiro/MG na finalíssima da Copa do Brasil e de que, além dos erros de Velloso e Amaral, Luxa também pisou na bola ao inventar um esquema com três zagueiros logo no jogo final sem ter treinado exaustivamente.

      Mas também me lembro de que Müller não aceitou prorrogar o contrato e jogar aquela final e que o futebol jogado pelo time no primeiro semestre daquele ano encheu os olhos de todos e foi destaqeu no mundo inteiro.

      É a tal história de se ver um copo meio cheio ou meio vazio.

      Abs.

  6. Bom dia, Marcio.

    Parabéns pela matéria. A lembrança dos fatos, a coincidência dos eventos e forma como você escreveu realmente nos fazem pensar que você se refere ao que está acontecendo agora, quando na verdade ocorreu há 20 anos atrás. Só uma pessoa como você, completamente antenada com a história do Verdão, poderia elaborar algo do gênero. Você foi muito feliz com este texto.

    Será que agora vamos para a colheita? Nossa plantação desse ano está sofrendo com a intempéries de um planejamento mal feito.

    Gostaria de lhe fazer uma pergunta provocativa, já que você tocou no nome dele em seu texto: em se tratando de plantio, valeria a pena trazer o Luxa de volta para 2018?

    Alguma coisa me faz pensar que, depois de tantos percalços que ele passou recentemente, comeria a grama do estádio para se posicionar novamente como um técnico respeitado de um time de ponta, e faria o Palmeiras ir mais longe. Eu daria essa oportunidade a ele.

    Um abraço.

    Valter

    • Márcio Trevisan

      Olá, Valter.

      Muito obrigado pelos elogios que me fez.

      Em relação ao Luxa, é simples: se até o final do ano Cuca der a resposta que dele se espera, merecerá continuar.

      Caso contrário, o que vc mesmo escreveu sobre Luxa responde à sua pergunta.

      Abs.

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