CAP. 130: A SEGUNDA ACADEMIA – PARTE IV

Como dissemos em nosso mais recente encontro, o sonho de todos os palmeirenses era que o ano de 1973 fosse tão bom quanto o de 1972. Para tanto, seria necessário que a Segunda Academia, como já era chamada pela Imprensa e pela torcida, mantivesse o excelente futebol apresentado no ano anterior e, claro, conquistasse a maior parte dos títulos que disputasse. 

O principal deles, muito embora na época ninguém lhe desse nem um décimo da importância que hoje possui, era o da Copa Libertadores da América. Campeão brasileiro da temporada anterior, o Verdão enfrentou na fase inicial do torneio o Botafogo/RJ, a quem relegara ao vice-campeonato, e também os uruguaios Peñarol e Nacional. Sem dúvida alguma, uma chave equilibradíssima e, dada a tradição dos adversários, também muito difícil. 

E não deu outra: os representantes do Brasil não tiveram, e isso foi surpreendente, muito trabalho com os times do Uruguai, mas cumpriram campanha idêntica: nove pontos, quatro vitórias, um empate e uma derrota. A única vaga do grupo foi decidida numa partida-extra, realizada no Maracanã devido ao melhor saldo de gols do time carioca: seis, contra apenas quatro do Verdão. Diante de mais de 85 mil torcedores, nossa equipe foi derrotada por2 a1 e disse adeus à competição sul-americana logo em sua etapa inicial. 

Seria, claro, uma campanha que, nos dias de hoje, propiciaria o estourar de uma crise daquelas. Mas, como lembramos aí em cima, na época não se dava muita bola para a Libertadores. Os palmeirenses estavam, isso sim, muito mais preocupados com o Torneio Laudo Natel, uma das quatro coroas obtidas pelo time em 1972, e que foi disputado simultaneamente à competição internacional. Como o regulamento privilegiava os grandes clubes, o Verdão estreou já nas quartas-de-final, na qual eliminou o Paulista de Jundiaí/SP, fora de casa, com uma goleada:4 a 0. 

O adversário contra o qual lutaríamos por uma vaga na decisão era a Ponte Preta/SP. Mais uma vez, Oswaldo Brandão escalou o que tinha de melhor – a única exceção era o centroavante César Maluco que, suspenso por ofender e tentar agredir o árbitro paulista Renato de Oliveira Braga, ficou afastado dos gramados por sete meses – de setembro de1972 aabril de 1973. Mesmo sem seu genial camisa 9, o Palmeiras não teve a menor dificuldade para eliminar a Macaca, no Palestra. Coincidentemente, com mais uma goleada por 4 a 0. 

Tal campanha apontava que o bi do Torneio viria, até porque o outro finalista era o Corinthians. Nosso maior rival não vivia fase das melhores, e tinha eliminado o pequeno Saad/SP e a Portuguesa Desp./SP com vitórias apertadas (2 a0 e1 a0, respectivamente). Mas, como diz o antigo ditado, clássico é clássico. 

O atacante Milton, uma das apostas da diretoria para substituir César, abriu o placar logo aos 7 minutos, mas com gols de Rivellino, ainda na etapa inicial, e Lance, no segundo tempo, o time “deles” virou o jogo e ficou com a taça. Para um clube que, naquela temporada, entrava em seu 18º sem a conquista de um título expressivo, aquele torneio foi muito comemorado. 

Mas se perdera a chance do bi do Laudo Natel, ainda havia a chance do bi estadual. Naquele ano, o regulamento mudou e a FPF optou por realizar um jogo decisivo entre os campeões dos dois turnos. No primeiro, já contando com a volta do inesquecível César Maluco a partir da 5ª rodada, a campanha palmeirense foi ótima, com o time vencendo sete e empatando quatro dos 11 jogos que disputou. Tal invencibilidade, porém, não foi capaz de lhe garantir o título do turno e a consequente presença na decisão, já que o Santos (que continuava a ter Pelé) foi ainda melhor: venceu oito e empatou três. Ou seja: por apenas um ponto (18 a19), perdemos a chance de já nos garantirmos na final. 

Esperava-se que, no returno, a força alviverde se mantivesse, mas inexplicavelmente a equipe caiu demais de produção. Para provar isso, basta dizer que empatamos oito e ganhamos apenas duas das 11 partidas. Resultado: perda do Segundo Turno e, por tabela, também da chance de lutar pelo bi. 

Pois é: estava mesmo difícil repetir em 1973 o sucesso de 1972. Mas o Palmeiras não iria desistir, assim, tão facilmente. Afinal, ainda havia uma importante competição a disputar e, vale lembrar, também nesta o time lutaria pelo bicampeonato. E será justamente o Campeonato Brasileiro de 1973 o tema principal de nosso próximo encontro.Até lá.

ATENÇÃO: ESTA É UMA OBRA DE PROPRIEDADE INTELECTUAL, SENDO PROIBIDA SUA DIVULGAÇÃO TOTAL OU MESMO PARCIAL SEM A PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO AUTOR. OS INFRATORES SERÃO RESPONSABILIZADOS 

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

*

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>