CAP. 127: A SEGUNDA ACADEMIA – PARTE I

No encerramento do mais recente capítulo de “Nossa História”, afirmamos que o fato de não ter conquistado nenhum título em 1971 não significou que aquele foi um ano perdido para o Palmeiras. De fato: naquela temporada plantou-se a semente de uma equipe sensacional que, logo no ano seguinte, começaria a colher os frutos. 

Uma boa prova disso se obtém com uma rápida olhada na escalação do Verdão no último jogo de 1971 e no primeiro de 1972. Nos amistosos com o Marília/SP e o Santos/SP, respectivamente, nossa equipe foi praticamente a mesma, com o técnico e nove dos 11 jogadores tendo participado das duas partidas. Isso mostra de forma efetiva que o grupo já era muito forte, e que bastaram apenas três contratações de peso para torná-lo quase imbatível. 

Detalhe pra lá de interessante, porém, se nota quando vemos que, dos três novos palmeirenses, apenas um se tornaria titular absoluto por anos: o ponta-esquerda Nei. Os outros dois, muito embora de inegável valor, foram apenas coadjuvantes de luxo daquela fantástica equipe: os atacantes Madurga e Ronaldo. 

O primeiro compromisso oficial daquele inesquecível ano de 1972 foi um quadrangular internacional denominado Torneio de Mar del Plata. Muito embora a conhecida cidade fique na Argentina e tenha sediado a maior parte dos jogos, algumas partidas foram disputadas em Montevidéu/URU, já que o Peñarol local era um dos participantes – os outros, além do próprio Palmeiras, era os argentinos Boca Juniors e San Lorenzo. 

A fórmula de disputa era simples: todos contra todos, em turno e returno, sagrando-se campeão o time que mais pontos somasse. Curiosamente, entretanto, o Verdão disputou suas seis partidas fora de casa: foram duas no Estádio Centenário, na capital uruguaia, e quatro no Estádio San Martín, na famosa estância turística portenha. E a campanha alviverde foi simplesmente impecável, somando 10 dos 12 pontos que disputou e se sagrando campeã. Confira: 

03.02 – Peñarol/URU 0 x 2 Palmeiras – Leivinha e César

05.02 – Boca Juniors/ARG 0 x 1 Palmeiras – César

07.02 – San Lorenzo/ARG 0 x 0 Palmeiras

11.02 – Peñarol/URU 1 x 5 Palmeiras – Fedato (3), Nei e Leivinha

15.02 – Boca Juniors/ARG 0 x 1 Palmeiras – Leivinha

17.02 – San Lorenzo/ARG 1 x 1 Palmeiras – Ademir da Guia 

Eurico, Leão, Luís Pereira, Alfredo Mostarda, Dudu e Zeca;
Edu, Madurga, Leivinha, Ademir da Guia e Nei: time-base que faturou os dois primeiros títulos de 1972.

Nem bem voltaram com o título de campeões e os comandados de Oswaldo Brandão já tiveram de estrear em outro torneio, que antecedeu o Paulistão. Nos tenebrosos tempos da Ditadura Militar, a competição foi batizada de Torneio Laudo Natel, civil que de forma biônica (ou seja: indicado pelos militares) governava o Estado de São Paulo. 

Disputado de forma eliminatória, o minicampeonato teve em sua Primeira Fase 12 pequenas equipes lutando por seis vagas, que ficaram com São Bento, Juventus, Comercial, Ferroviária, Marília e Guarani. Estes se juntaram aos cinco grandes e também à Ponte Preta. Nosso primeiro adversário foi a equipe de Araraquara, três dias após levantarmos a taça na Argentina: jogo duríssimo no Palestra, que vencemos por apenas 1 a 0, gol de Leivinha aos 22 minutos da etapa final. 

Nas semifinais, outro compromisso dificílimo: o São Paulo, clube que o próprio Laudo Natel presidira anos antes. Numa sexta-feira à noite, o Pacaembu assistiu a uma partida equilibrada, na qual o empate por0 a0 prevaleceu. A vaga à grande decisão, então, foi decidia nos pênaltis, onde também sobrou emoção: o Palmeiras ganhou, sim, mas por incríveis7 a6! Para o Verdão marcaram Ademir da Guia, Alfredo Mostarda, Dudu, Luís Pereira, Fedato, Edu Bala e Nei, e o único que perdeu foi… O goleiro Leão! 

Na grande final, a então ótima equipe da Portuguesa de Desportos. Mais uma vez tendo como palco o estádio municipal paulistano, o clássico foi muito disputado, mas a superioridade alviverde foi inconteste no placar:3 a1, gols de Leivinha, Ademir da Guia e Fedato.  

Assim, num espaço de apenas 12 dias, o Palmeiras conseguia ser campeão de um torneio internacional e de uma competição regional.

E a Segunda Academia estava apenas começando…

ATENÇÃO: ESTA É UMA OBRA DE PROPRIEDADE INTELECTUAL, SENDO PROIBIDA SUA DIVULGAÇÃO TOTAL OU MESMO PARCIAL SEM A PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO AUTOR. OS INFRATORES SERÃO RESPONSABILIZADOS CRIMINALMENTE.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

*

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>