CAP. 124 – LIBERTADORES: AINDA NÃO SERIA DAQUELA VEZ

Como bem lembramos no final do capítulo anterior, a perda do título do Torneio Roberto Gomes Pedroza de 1970 abalou todos os palmeirenses, já que éramos, disparado, os maiores favoritos ao título. Porém, o vice-campeonato nacional ao menos nos classificou como um dos representantes do Brasil na Copa Libertadores de 1971, ao lado do Fluminense/RJ.

Apesar de, na época, a principal competição sul-americana não despertar um décimo do interesse que vemos nos dias de hoje, foi com muita seriedade que a diretoria encarou a competição, talvez por já constarem em nosso histórico dois vice-campeonatos – o de 1961 e o de 1968. Para tanto, decidiram nossos dirigentes manterem não apenas o treinador, Rubens Minelli, como também praticamente todo o elenco da temporada anterior – dentre os jogadores que deixaram o time, o único com certo destaque foi o atacante Cardoso.

Por outro lado, o Verdão partiu com tudo pra cima da Portuguesa Desp./SP, clube que detinha em seu elenco aquele que era apontado como a maior revelação do futebol brasileiro naquele começo dos anos 70: Leivinha. A contratação não foi nada fácil, o time teve de iniciar as disputas da Libertadores e do Paulistão sem o craque mas, logo em março, a camisa 8 do Verdão já tinha um novo dono.

Visivelmente priorizando o torneio internacional em detrimento do regional, o Palmeiras conseguiu ótimos resultados. Apesar da derrota, na estreia, para o Fluminense/RJ e em pleno Pacaembu (2 a 0, em 29 de janeiro), nossa equipe conseguiu se recuperar e venceu os outros cinco jogos válidos pela Primeira Fase, nas quais os dois times brasileiros mediram forças contra equipes da Venezuela. Confira:

07/02 – Deportivo Galicia/VEN 2 x 3 Palmeiras – César (2) e Ademir da Guia

10/02 – Deportivo Itália/VEN 0 x 3 Palmeiras – César (2) e Edu

25/02 – Palmeiras 1 x 0 Deportivo Itália/VEN – Pio

03/03 – Palmeiras 3 x 0 Deportivo Galicia/VEN – César, Fedato e Hector Silva

10/03 – Fluminense 1 x 3 Palmeiras – César, Hector Silva e Pio

Vale lembrar, entretanto, que o Verdão deu um pouco de sorte para obter a classificação à etapa seguinte, à qual apenas o campeão de cada chave obtinha vaga. Isso porque o time carioca tinha tudo para confirmar sua permanência no Maracanã, diante do fraco e já eliminado time do Deportivo Itália/VEN, mas foi surpreendido e derrotado por 1 a 0. Com isso, a última partida entre os dois brasileiros, que aconteceu uma semana mais tarde, ganhou ares de decisão.

Palmeiras e Fluminense chegaram à rodada derradeira empatados na liderança com 8 pontos. O primeiro critério de desempate, porém, favorecia à equipe carioca, já que seu saldo de gols era exatamente o dobro do que tinha o Verdão: 12 a 6, respectivamente. Ou seja: ou ganhávamos em pleno Maraca ou estaríamos fora. E foi com este espírito que entramos em campo e, com todos os méritos, terminamos o primeiro tempo vencendo por 2 a 0. No final do jogo, um pênalti convertido por Pio decretou a sorte da partida, que não foi alterada quando Samarone descontou, já quase nos acréscimos do árbitro Arnaldo Cézar Coelho.

Rubens Minelli hoje, aos 88 anos. Em 1971, ele levou o Palmeiras às semifinais da Libertadores

Vaga garantida na semifinal, chegava a vez de nos depararmos com o Nacional/URU e o Universitário/PER e, novamente, somente o ganhador da chave garantiria a vaga na decisão da Libertadores. Começamos bem, vencendo o time peruano em Lima/PER por 2 a 1, gols de Pio e Hector Silva, mas uma péssima atuação no Pacaembu, diante da equipe uruguaia (0 x 3), complicou bastante a vida alviverde.

Mesmo assim, os comandados de Minelli conseguiram a recuperação ganhando mais uma vez do Universitário/PER (3 a 0, gols de César, Dudu e González, contra) e, assim como acontecera na etapa anterior, levaram sorte mais uma vez, pois uruguaios e peruanos haviam empatado, em Lima/PER, dias antes. Desta forma, a partida entre Nacional/URU e Palmeiras, no Estádio Centenário, definiria um dos finalistas da competição.

Chegamos à capital do Uruguai com 4 pontos, um a menos do que o time local. Em outras palavras: era exatamente a mesma situação vivida no Maracanã – se não vencêssemos, estaríamos fora. Ocorre, porém, que, ao contrário do que acontecia na época em relação aos times brasileiros, aos platinos a Libertadores sempre foi muito importante. Desta forma, eles sabiam como disputar o torneio muito melhor do que nós.

César, através de uma cobrança de pênalti, ainda encheu de esperanças os corações alviverdes, abrindo o placar aos 25 minutos do primeiro tempo. Mas Artime, que pouco depois brilharia no próprio Verdão, levou à loucura os mais de 65 mil torcedores presentes, empatando aos 42. Na etapa final, precisando desesperadamente da vitória, o Verdão foi presa fácil aos contra-ataques adversários e, com apenas 19 minutos, já perdia por 3 a 1.

Aquele primeiro semestre, porém, não estava de todo perdido. Mesmo com a eliminação no torneio continental, ainda restava ao Palmeiras a chance de faturar o caneco paulista, algo que não conseguia havia quatro anos. E o time até teria conseguido, não fosse um erro bisonho e, talvez, até mesmo proposital de um certo árbitro chamado Armando Marques.

A história de um dos maiores roubos dos quais já foi vítima o Verdão será o assunto para o nosso próximo encontro.

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