CAP. 118 – ANOS DOURADOS (PARTE III)

A conquista do título do I Torneio Roberto Gomes Pedroza que, como salientamos em nosso mais recente encontro, equivalia ao Campeonato Brasileiro, naturalmente transformou o Palmeiras no mais sério candidato ao título paulista daquela temporada. No caso, não eram poucos os que afirmavam que o Verdão levantaria, após muitos anos, mais um bicampeonato estadual. 

Porém, mesmo mantendo a equipe e também o treinador, o time surpreendentemente caiu de produção. Embora tenha iniciado o torneio vencendo o Comercial de Ribeirão Preto/SP em casa, o Verdão sofreu tropeços meio que inexplicáveis nas rodadas seguintes, como um empate com a Portuguesa Santista e derrotas para o arquiinimigo Corinthians e até para a desconhecida Prudentina – e pior: este por 4 a 2… 

Como o regulamento daquele Paulistão era o de pontos corridos, nossa equipe viu os principais concorrentes ao título se distanciarem. Mesmo assim, o técnico Aymoré Moreira conseguiu reequilibrar o time e permanecer invicto nas rodadas seguintes do Primeiro Turno – foram seis vitórias e três empates. Porém, a desconfiança já era flagrante dentre os membros da diretoria e, desta forma, bastou um novo tropeço (derrota para o Guarani, no Palestra, por 3 a 2) para que o vitorioso comandante fosse demitido. 

Mário Travaglini, que comandava o time juvenil e meses antes já havia substituído Aymoré em uma excursão ao Japão, foi efetivado no comando da equipe principal. E até que teve um bom desempenho, pois venceu oito das 12 partidas que disputou. Contudo, tal campanha não foi suficiente para dar ao Palmeiras nada além de um tímido e, levando-se em consideração de que éramos o principal favorito à taça, até mesmo humilhante quarto lugar ao final do Paulistão. 

Quando o Paulistão já vivia suas últimas rodadas e nossas chances de conquista haviam se tornado desprezíveis, o Verdão estreou também na Taça Brasil, a qual passou obviamente a priorizar. A competição, como já explicamos em outras oportunidades, guardadas as devidas proporções equivalia à atual Copa do Brasil, com a diferença de que os principais times do País estreavam somente nas fases decisivas. 

Em nosso caso, o primeiro jogo já valeu pelas semifinais e o adversário foi o Grêmio/RS. Na partida de ida,em Porto Alegre/RS, segurávamos um ótimo empate por1 a1 até os 43 minutos da etapa final, quando levamos mais um gol e perdemos o jogo. Na partida de volta, somente uma vitória manteria o Verdão vivo, e ela vaio através de Ferrari, Tupãzinho e César, responsáveis diretos pelos 3 a 1 que obtivemos no Pacaembu. 

Time-base campeão da Taça Brasil de 1967. Em pé: Djalma Santos, Perez, Baldocchi, Minuca, Dudu e Ferrari; Agachados: Dario, Servílio, César Maluco, Ademir da Guia e Tupãzinho.

Como o critério de saldo de gols ainda não era aplicado, foi necessária a realização de mais uma partida a fim de que se conhecesse qual das duas equipes iria à grande final. Dois dias mais tarde e de novo no Paulo Machado de Carvalho, ganhamos novamente –2 a 1, gols do nosso eterno Maluco – e garantimos a classificação. 

Nosso adversário naquelas finais surpreendeu o País. Então um time muito pouco conhecido no Sul e no Sudeste do Brasil, o Náutico/PE chegou com méritos à fase final após eliminar, entre outros, clubes tradicionais e fortíssimos como Atlético/MG e Cruzeiro/MG.

Prevista para ser decidida em duas partidas, a Taça Brasil de 1967 precisou de três. No primeiro jogo, o Verdão sobrou na Ilha do Retiro e, de virada, venceu o Timbu por 3 a 1, com gols de César, Zequinha e Lula. A festa, assim, estava pronta para o jogo da volta, disputado no Pacaembu: afinal, bastaria o empate para que o título fosse alviverde. 

Mas o que se viu foi um jogo complicadíssimo, no qual o time pernambucano abriu2 a0 ainda no primeiro tempo e, embora sofresse o gol de Tupãzinho aos 36 da etapa final, conseguiu suportar a pressão e garantir a vitória. No fim, o árbitro carioca Arnaldo César Coelho expulsou três jogadores: o palmeirense Baldocchi e também Fraga e Ladeira.

Dois dias mais tarde, tivemos a chamada “negra”. Quem a vencesse, levaria o troféu. O palco escolhido foi o neutro Maracanã, no Rio de Janeiro/RJ, e no maior estádio do mundo não poderia ser outro o vencedor que não um dos maiores times do mundo. Com gols de César, logo aos 7 minutos, e de Ademir da Guia, aos 34 da etapa final, garantimos o bi da Taça Brasil.  

Mais um ano chegava ao fim e mais uma taça chegava à nossa sala de troféus. E, melhor ainda, mais uma vez o Palmeiras se classificava à Copa Libertadores da América, já que a conquista do torneio garantia a seu campeão uma vaga na competição sul-americana. E o desempenho do Verdão em sua segunda participação na mais importante competição sul-americano será um dos nossos assuntos no próximo capítulo de “Nossa História”.  

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2 Responses to CAP. 118 – ANOS DOURADOS (PARTE III)

  1. Roberto Alfano

    Bom dia, gostaria aqui de registrar o excelente trabalho do resgate da história do Palmeiras, caro Trevisan, sempre bem feito por este site.

    Vai começar o Brasileirão 2017, vamos com tudo Verdão, apesar que muitos torçam contra.

    Abraço.

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