O HERÓI IMPROVÁVEL. DE NOVO.

Tecnicamente limitado, Fabiano garante importantíssima vitória do Palmeiras. Mais uma vez. 

Existe um tipo de jogador que depende muito do nível da equipe em que joga. Se o time é bom ou, pelo menos, está em boa fase, suas atuações são quase sempre positivas. Mas se o momento por que passa o grupo ou mesmo se o elenco não é lá essas coisas, ele se torna um dos piores. Falando em um português mais simples: tem cara mediano que joga bem mais quando está ao lado de outras feras e que joga ainda menos quando seus companheiros são tão ou mais pernas-de-pau quanto ele. 

O Palmeiras tem um legítimo representante desta classe, Fabiano. É o típico jogador no qual você não pode apostar todas as suas fichas, pois se o fizer terá enormes chances de perder toda a sua grana. Defensivamente é limitado e, no ataque, erra muito mais cruzamentos do que acerta. Trata-se, enfim, de um jogador cujo profissionalismo está acima de qualquer suspeita, claro, mas que tecnicamente pode ser considerado apenas esforçado – e isso com uma boa dose de boa vontade. 

Só que eu disse acima que, quando este tipo de atleta está ao lado de outros muito bons, suas atuações acabam sendo melhores. E mais uma vez nosso lateral-direito reserva se encaixa em tal definição. Afinal, nesta noite ele foi, mais uma vez, o herói improvável de uma grande vitória do Verdão. 

E eu não me refiro apenas ao gol que fez já aos 54 minutos do segundo tempo e que garantiu a soma de três preciosíssimos pontos na Libertadores. Antes, já havia feito o cruzamento que terminou no gol de empate, marcado por Willian Bigode, e cabeceado a bola que originou o escanteio após o qual ele mesmo balançou as redes. Tais ações, claro, amenizaram os erros defensivos e ofensivos que cometeu durante todo o jogo e o transformaram no grande nome desta vitória. Exatamente como já aconteceu em 27/11/2016, quando marcou o gol que garantiu matematicamente o 9º título brasileiro do Palmeiras. 

O futebol é feito também de heróis, e alguns deles parecem ter uma especial predileção para serem os menos prováveis.

Talvez nem mesmo Fabiano acredite nos gols que às vezes marca

O jogo – Poderão se passar 10, 20, 50 ou 100 anos, não fará diferença: jamais uma equipe brasileira saberá jogar uma Libertadores. Muitos clubes do nosso País poderão até vencê-la em breve, como já aconteceu em 17 oportunidades, mas isso não significa que terão aprendido a jogá-la. Querem uma prova? O Palmeiras nesta noite. Até mesmo um paralelepípedo sabia que o Peñarol/URU iria catimbar, que abusaria das faltas violentas, que promoveria o antijogo, que provocaria o máximo que pudesse. Mas de que isso adiantou? Por acaso nosso time não caiu em todas estas armadilhas no primeiro tempo e, por isso, jogou um péssimo futebol e merecidamente terminou a etapa inicial perdendo por 1 a 0?

Sem saber como furar a retranca uruguaia, o Verdão se enervava a cada minuto que passava. Parecia, até, jogávamos a vida nesta partida, e que e não a vencêssemos já estaríamos eliminados do torneio. A bola queimando no pé, os erros de posicionamento no ataque e na defesa, os setores distantes uns dos outros e até, vez ou outra, os execráveis chutões aconteceram. E isso tudo partindo de um time que, indiscutivelmente, tem ótimo toque de bola, jogadores de muito boa qualidade e que, quando coloca a bola no chão, é capaz de envolver qualquer adversário.

Foi preciso o intervalo para que os jogadores do Palmeiras entendessem, por fim, que caso se preocupassem em apenas jogar futebol, se fizessem a bola correr, iriam facilmente superar o adversário – que tem camisa, sim, mas que é muito limitado quando o assunto é jogar bola. O Peñarol/URU de hoje não lembra o temível time dos anos 60 e 70 nem nos piores pesadelos. E a prova inconteste disso que acabei de falar é que em apenas 5 minutos já havíamos virado o jogo e poderíamos até ter marcado mais um gol. Além disso, não fosse a incrível soberba de Borja já teríamos “matado” o jogo logo aos 1º minutos, quando o colombiano fez a m… que fez ao perder o pênalti.

O problema, meus amigos, é que a bola pune. Depois de desperdiçar mais duas chances claras – uma com o próprio Borja e outra, tão imperdoável quanto, com Willian Bigode – o Verdão levou o empate. Merecido? Não, porque jogava muito melhor. Bem feito? Sim, porque quem perde tanto gol tem mais é que levar mais um, pra ver se aprende… A jogar a Libertadores. E vou dizer mais, meus amigos: fosse o árbitro equatoriano Roddy Zambrano Olmedo um pouco menos bundão, e além de Dudu (ah, vai ser burro assim no inferno!) teríamos perdido também Mina, que deu um tapa na cara de um adversário em lance de jogo, e Thiago Santos, outro trouxa que caiu nas provocações uruguaias. Mas vencemos, e isso é o que importa.

Só que fica aqui o aviso: no próximo dia 26, o Palmeiras verá como é a guerra da Libertadores no jogo de volta contra o Peñarol/URU. Além de terem de vencer para continuarem com alguma chance de classificação, eles irão catimbar, abusar das faltas violentas, promover o antijogo, provocar o máximo que puderem.

E aí vamos ver se as lições do jogo de hoje terão sido aprendidas pelos nossos jogadores.

ANÁLISES INDIVIDUAIS

FERNANDO PRASS – 6
BOM 

FABIANO – 7,5
ÓTIMO

EDU DRACENA – 6,5
MUITO BOM 

MINA – 7
ÓTIMO 

ZÉ ROBERTO – 6
BOM 

FELIPE MELO – 7
ÓTIMO 

TCHÊ TCHÊ – 7
ÓTIMO 

GUERRA – 7
ÓTIMO 

WILLIAN BIGODE – 5,5
SATISFATÓRIO 

BORJA – 4
MUITO RUIM 

DUDU – 6,5
MUITO BOM 

EDUARDO BAPTISTA – 6
BOM

THIAGO SANTOS – 6
BOM

MICHEL BASTOS – 6,5
MUITO BOM

KENO – 5
REGULAR 

FOTOS: CESAR GRECO/ AG. PALMEIRAS 

26 Responses to O HERÓI IMPROVÁVEL. DE NOVO.

  1. Eu já estava extremamente preocupado em ter assistido 3 batalhas em 3 jogos do Palmeiras na Libertadores.
    Eu já estava extremamente preocupado em ver o ALOPRADO Vitor Hugo ter agredido violentamente os jogadores do Tucuman no inicio da partida, ser expulso deixando o Palmeiras com 10 jogadores e nosso técnico ter elogiado o time após este episódio pelos jogadores “terem entendido o espirito da Libertadores”.
    Eu já estava extremamente preocupado, pelo Palmeiras precisar ganhar do Penarol, e nosso técnico ter colocado 5 jogadores de defesa em 7 possíveis no banco de reservas.
    Eu já estava extremamente preocupado quando ouvi a noticia que o Roger Guedes ficou de fora do banco por estar com “desconforto muscular”.
    Agora …..não estou extremamente preocupado mas ESTARRECIDO com a seção de tortura que fizeram com o Roger Guedes, não se trata da festa IDIOTA de aniversario com o tradicional desperdício de jogar ovos e farinha na cabeça do aniversariante, mas sim de um quase linchamento, com socos, rasteiras, golpes de judo, etc…. e PASMEM segundo o nosso técnico trata-se de uma brincadeiras sadia !
    É só ver a fisionomia do Roger Guedes depois que ele conseguiu se desamarrar pra verificar que ele recebeu mesmo as agressões como “UMA BRINCADEIRA SADIA”.
    Marcio estava extremamente preocupado agora estou ESTARRECIDO !

    • Márcio Trevisan

      Jair: vc está alarmado à toa.

      Primeiro: não era aniversário de Róger Guedes. Ele completará 21 anos apenas em 02/10.

      Segundo: RG é um dos caras que mais aporrinham os demais jogadores, e como perdeu uma aposta durante um treinamento acabou “linchado” pelos demais companheiros.

      Terceiro: este tipo de atitude jamais acontece em grupos cujos jogadores se dão bem – apenas em grupos de jogadores que se dão otimamente bem.

      Quarto: não leve jogadores de futebol a sério. Eles são, todos, crianças grandes.

      Abs.

  2. S.E.PRESIDENTE PRUDENTE

    MARCIO …eu analiso assim: o Palmeiras não estava nos seus melhores dias e mesmo assim, fez 3 gols e ganhou o jogo. Se tudo desse certo, teriamos feito uns 5. Nesse grupo não há time para nos derrotar,a não ser por um acaso do destino. Acredito e muito que chegaremos a final.

    • Márcio Trevisan

      Pode ser, meu amigo, mas a dificuldade só aumentará a cada fase que ultrapassarmos.

      Há outros ótimos times na disputa, como Atlético/MG e Flamengo, por exemplo.

      Abs.

  3. Roberto Alfano

    Boa noite, agora que estou um pouco mais calmo, pois aja coração, quantos gols perdidos.

    Muito bom seu comentário caro Trevisan, quanto a limitação do Fabiano, mais é esforçado e valeu pelo Gol.

    Agora o Time estava pilhado demais, tem que estabilizar para as partidas fora, pois eles vão vir contudo para bater.

    Pena que o Dudu entrou na catimba deles.

    Força Palmeiras , vem mais por ai.

    Abraço.

  4. Preocupante, 3 jogos pela Libertadores da America e 3 batalhas.
    Além disso o estrategista, FILHO D. …. , DO Nelsinho Batista me coloca 5 jogadores de defesa no banco de reservas, em 7 possíveis, Jaílson, Jean, Vitor Hugo, Egídio e Tiago Santos.
    E UM ESTRATEGISTA !

    • Márcio Trevisan

      Jair: vc está certo em relação ao banco de reservas.

      Ele poderia ter aberto mão do Egídio e ter relacionado o Raphael Veiga ou, então, o Róger Guedes.

      Abs.

  5. Tem que melhorar muito esse time se quiser ser campeão da Libertadores. Borja tem que melhorar muito pra justificar todo dinheiro jogado fora, ops, quer dizer, gasto. Keno tem que ser titular. E Fabiano me lembra o lateral direito Claudio que jogou naquele time da Parmalat. Era um jogador fraquinho, fraquinho, mas naquele time parecia lateral de seleção.

    Abraços.

    • Márcio Trevisan

      Tem razão, Ed: a partir da próxima fase, as pedreiras serão ainda piores.

      E se bobear no primeiro jogo pode não ter chance de se recuperar. Por exemplo: se o jogo de ontem já fosse válido pelas oitavas, um simples 1 a 0 para o Peñarol/URU já nos eliminaria do torneio.

      Abs.

  6. Marcio, desta vez concordo 100% com sua análise, o Palmeiras caiu na provocação, porém foi a primeira vez que vi também um juiz catimbar. São arbitragens mal caráter, que quando estão em copas com europeus, eles apitam direitinho.
    Independente dos gols perdidos e deixado de matar o jogo no mínimo em 3 lances como você bem disse, me preocupa que voltamos a sofrer gols de bolas aéreas, coisa que o Cuca ja havia corrigido, os zagueiros são os mesmos, então isso é dedo do técnico. Em contra-partida deixamos de fazer gols em jogadas aéreas, assim como a diminuição de jogadas ensaiadas. Ontem o EB teve sorte.

    • Márcio Trevisan

      Não só ontem, Marcos, mas em outros jogos também.

      Ele foi bem ao tirar o FM, porque ele poderia ser expulso, e também o Borja, que após o pênalti e o gol que perdeu sumiu em campo.

      Mas não gostei da saída do Guerra. Eu teria tirado o Dudu.

      Abs.

  7. Trevisan,

    Ainda bem que no final deu tudo certo!!

    É bem verdade que fiquei p no segundo gol uruguaio porque os caras, principalmente o ZR, simplesmente pararam e não acompanharam o rebote.

    Outra coisa que achei, não querendo arranjar desculpa (mesmo porque não tem desculpa o tanto de gols perdidos, principalmente em Libertadores), mas só dando um desconto, que os gols perdidos tiveram uma parcela de culpa do (ainda) ruim gramado.

    Felipe jogou (e sempre joga) muito!

    O que esse Guerra jogou de bola no segundo tempo foi um absurdo!

    Finalmente, espero que o time tenha aprendido a lição: quando tiver a oportunidade tem que matar o jogo.

    Abraço, Hudson

    • Márcio Trevisan

      Hudson, me perdoe: mas o gramado não tem nada a ver com os erros do Borja e do Bigode. As placas eram novas e não havia uma única falha considerável.

      Se não tivéssemos vencido, hoje ambos estariam execrados pela torcida.

      Abs.

  8. Caro Márcio. O seu primeiro parágrafo me fez lembrar de um velho conhecido jogador do Palmeiras. Qualquer semelhança com o nosso querido Galeano é pura coincidência? Hehehehehe.

    • Ftadeu, tem um que se assemelha mais ainda e também era lateral: Claudio, que jogou naquele timaço da Parmalat.

      Abraços.

      • Márcio Trevisan

        Bem lembrado, Ed.

        Cláudio Guadagno é um cara sensacional, mas como jogador foi apenas mediano.

        Só que está na história do Palmeiras devido aos títulos que ajudou a ganhar.

        Abs.

    • Márcio Trevisan

      Tadeu: Galeano foi um exemplo clássico do jogador mediano para fraco que ficava mais fraco quando o time era ruim e menos fraco quando o time era mais forte.

      E como jogou muitos anos seguidos pelo Verdão, viveu os dois lados desta história.

      Abs.

  9. Texto perfeito, a atitude do time do Pameiras me lembrou a piada do sujeito que vê a casca de banana e pensa; Ai meu Deus, lá vou eu cair de novo.

    • Márcio Trevisan

      Muito obrigado pelo elogio, Júlio.

      E não é apenas o time do Palmeiras: todos os clubes brasileiros cometem sempre o mesmo erro. E continuarão a cometer.

      Abs.

  10. Bom dia, Marcio.

    Se algum Palmeirense que assistiu ao jogo ontem tinha problemas cardíacos, deve estar sendo velado nesse momento (menos você, Marcio). Que sofrimento é esse?

    Percebe-se que o time do Palmeiras está tenso quando o assunto é Libertadores. Como esse é o projeto do ano, entram em campo com a faca nos dentes, mas o excesso de vontade e dedicação tem feito o time ficar impaciente com a bola nos pés. Até aqui, tivemos mais sorte do que juízo!

    Quanto ao Borja, sem comentários. Claro que o gol perdido por William também foi de lascar, mas perder um pênalti em uma situação onde teríamos batido o último prego no caixão Uruguaio é imperdoável. Foi impaciente e displicente e merece um puxão de orelha do EB.

    Um abraço.

    Valter

    • Márcio Trevisan

      Valter, salve.

      Concordo contigo: é preciso alguém experiente (tipo Zé Roberto, Dracena, Prass, Felipe Melo, Alecsandro) conversar com o grupo e tentar mostrar que velocidade nao é pressa, vontade não é pilha em excesso. Caso contrário, todo jogo será este sufoco do inferno.

      Em relação ao Borja, concordo também: reconheço nele qualidades importantes, mas está numa máscara que da até nojo. Seria bom começar no banco contra a Macaca, só para não se sentir dono absoluto da posição.

      Abs.

  11. Bom dia Márcio e amigos!

    O que vimos na partida de ontem foi o que é uma competição como a Libertadores, adversário não querendo jogo e arbitragem horrível. o “tal juiz caseiro” quando é o Palmeiras não existe. O que mais atrapalhou nem foi a catimba Uruguaia e sim a desastrosa arbitragem do equatoriano. Ele conseguiu fazer mais cera que o adversário, perdido, não sei porque. Muita conversa, principalmente com os uruguaios. Se nós assistindo ficamos nervosos, imagina em campo. Prova disso foi quando Keno queria entrar e ele não deixava, demorava muito pra tomar uma decisão…
    Melhor é ver os rivais com mimimi, falando em esquema Crefisa… Piada.

    Até o próximo sofrimento, que dizer jogo.
    Grande abraço.

  12. PAULO SERGIO

    Marcio meu caro, tenho comigo que muita coisa passa pelos jogadores e muita coisa passa pelo seu treinador.
    Um time afobado, que não distingui velocidade com aceleração descabida, tem em seu banco um comandante que deve orientar para isso.
    Alem disso tomamos 2 gols de bolas paradas, alçadas a área.Não foi cruzamento, passe e sim levantamento.
    E mesmo assim perdemos a disputa por olhar a bola e não o jogador.
    Muito disso se resolve em treinos.
    Portanto….
    Estamos com espirito e sorte de campeão.
    Falta o futebol equilibrado .
    Que a sorte nos acompanhe sempre assim como o futebol bem jogado

    • Márcio Trevisan

      Olá, PS.

      Vc tem razão. Mas o pênalti do Borja e o gol que o Bigode perdeu não podem ser colocados na conta do treinador.

      Os erros – grotescos, por sinal – foram dos jogadores, não do EB.

      Abs.

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