CAP. 113 – O DIA EM QUE O VERDÃO “AMARELOU”

Em nosso mais recente capítulo, lembrarmos uma inesquecível atuação de Valdir de Moraes enquanto goleiro do Palmeiras. Mas prometemos, no último parágrafo, que uma outra glória estava reservada ao Palmeiras no não menos glorioso ano de 1965. E como promessa é dívida…

O sonho de todo o jogador de futebol é – ou, pelo menos, já foi – vestir a camisa da Seleção Brasileira. Hoje, com o acúmulo de jogos e competições, além de interesses muitas vezes escusos, tal objetivo ficou mais fácil de ser atingido. Mas antigamente não era bem assim. Por isso, o feito conseguido pelo Palmeiras em 1965 merece mesmo ser para sempre relembrado como um dos momentos mais importantes da história do nosso clube.

 Durante a inauguração do estádio Minas Gerais, hoje Estádio Gov. Magalhães Pinto, mais conhecido como “Mineirão”, o Verdão trocou as tradicionais camisas verdes pelas amarelas. Isso mesmo: convidados pela então CBD, entidade que naquela época comandava o futebol brasileiro e que só em 1981 seria substituída pela CBF, todos os jogadores palmeirenses (tanto os titulares quanto os suplentes) e também a nossa comissão técnica, chefiada pelo treinador argentino Ernesto Filpo Nuñes, defenderam o Brasil em um amistoso.

A partida em questão fez parte do quadrangular de inauguração do maior estádio mineiro, do qual participaram também o River Plate argentino, a seleção de Minas Gerais e o Uruguai, que teve a má sorte de encarar o Verdão, naquela tarde “Amarelão”, em 7 de setembro de 1965. Em campo, aquela que ficou conhecida como a “Primeira Academia” e seus inesquecíveis craques, como Dudu, Djalma Santos, Djalma Dias, Servílio, Julinho Botelho, Ademir da Guia, etc. Do outro lado, uma seleção uruguaia que não esperava um “Brasil” tão forte como aquele, um time que não sentiu o peso da camisa – talvez porque estivesse acostumado a outra quase tão tradicional e vencedora quanto.

Contando, claro, com o apoio da torcida mineira, que superlotava o “Gigante das Alterosas”, como inicialmente foi apelidado o estádio, o Palmeiras/Brasil fez prevalecer sua superioridadeem campo. Váriasforam as chances criadas desde os primeiros minutos, e o primeiro gol acabou surgindo aos 27: após boa jogada de Julinho Botelho, Cincuneguin cortou a trajetória da bola com a mão. Pênalti, que Rinaldo cobrou com perfeição. Aberta a “porteira” oriental, logo veio o segundo gol, marcado por Tupãzinho aos 35 minutos.

Com a boa vantagem no placar, Filpo Nuñes – que graças a este feito é, até hoje, o único estrangeiro a ter dirigido a Seleção Brasileira – começou a dar oportunidades a todos os jogadores que estavam no banco. Tanto no intervalo quanto no começo do segundo tempo os seis suplentes puderam, aos poucos, também participar do jogo-festa. Isso, contudo, não tirou a força palmeirense/brasileira, que conseguiu marcar mais um gol: aos 29, com Germano, que substituíra Julinho Botelho. No final, uma expressiva e inquestionável goleada por3 a0.

Certa vez, o Palestra Itália fora tachado de clube “estrangeiro”. Passados 23 anos de tamanha infâmia, representou a Seleção Brasileira no dia em que se comemorava o 143ª aniversário da Independência do Brasil.

Será que existe prova maior de brasilidade?

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4 Responses to CAP. 113 – O DIA EM QUE O VERDÃO “AMARELOU”

  1. Jorge Farani

    Meus Deus! Que saudade! Eu vi esse jogo no antigo canal 100 que passava nos cinemas brasileiros e me lembro até hoje quando aparecia os lances bonitos do jogo e os expectadores vibravam como que tivessem dentro do estádio.
    Quando relembro estas coisas é que digo que “erámos felizes e não sabíamos”.
    Um forte abraço, Márcio.

    • Márcio Trevisan

      Farani: a gente sempre pensa assim.

      Só que naquela época de fato éramos muito felizes (se bem que eu só nasceria três anos mais tarde…)

      Abs.

  2. 1 comentário e 1 pergunta:-
    Comentário:-
    Esta foto é inesquecível.
    Ela é a 2ª mais importante da história do Palmeiras.
    Só perdendo em importância pra foto da Arrancada Heroica.
    É IMPRESSIONANTE a massa Humana que esta no fundo dos atletas.
    Parece que os torcedores estão com os corpos colados uns nos outros !

    Pergunta:-
    Marcio com este PRECONCEITO monumental que impera no Brasil contra técnicos estrangeiros sequer dirigindo clubes de futebol, por quantos milênios você acha que Dom Ernesto Filpo Nunes continuara sendo o único estrangeiro a ter dirigido a Seleção Brasileira ?

    • Márcio Trevisan

      Olá, Jair.

      Pode ser que, um dia, algum estrangeiro dirija a Seleção Brasileira, mas eu acho isso muito pouco provável.

      Agora, um argentino voltar a comandar o Brasil é impossível.

      Abs.

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