APENAS UM APERITIVO

Diante do Red Bull Brasil/SP, Palmeiras tem uma prévia do que enfrentará na Libertadores

Estádio um tanto quanto acanhado, gramado encharcado, adversário com pouca ou quase nenhuma tradição e, por vezes, até mesmo violento, arbitragem tendendo a ser caseira.

Não fosse a presença de nossa torcida, praticamente total no Moisés Lucarelli, e o Palmeiras teria vivido hoje uma situação idêntica à que encontrará quase sempre que atuar fora de casa pela Copa Libertadores da América, algo que aliás acontecerá já na próxima quarta-feira, em Tucumán/ARG. Daí a importância de ternos vencido o RB Brasil/SP na chuvosa noite desta sexta-feira, pois o jogo serviu como uma ótima preparação para que o está por vir.

Em relação ao jogo de hoje, atuando no primeiro tempo no esquema tático 4-4-2 (que os “treineiros” atuais e alguns jornalistas de plantão insistem, sei eu lá por que, em chamar de 4-1-4-1), o volume de jogo ficou bem maior e o futebol apresentado bem mais consistente. Dudu, pela meia-esquerda, e Guerra, pela meia direita, armavam a maior parte das jogadas ofensivas e, melhor ainda, impediam que Willian Bigode se isolasse à frente ao se aproximarem dele. Não à toa, foi o atacante nosso primeiro gol e também de seus pés que partiram alguns ótimos passes e precisos lançamentos.

Outro ponto positivo foi que a chamada marcação alta, que nada mais é do que posicionar os jogadores de meio e de frente um pouco mais próximos da área adversária, fez com que o Verdão mantivesse a posse de bola por bem mais tempo e, consequentemente, também o domínio da partida. O único senão da etapa inicial foi um espaço a mais pelo lado direito da nossa defesa, onde Jean tinha dificuldades em marcar porque Guerra não voltava para ajudá-lo e Felipe Melo não o cobria como deveria.

Pensando nisso, e também objetivando ver em campo a equipe que provavelmente estreará na Libertadores, Eduardo Baptista sacou o meia venezuelano e colocou Michel Bastos, um jogador mais acostumado à marcação pelo setor. De fato, o problema foi resolvido, mas tal decisão me pareceu precipitada: afinal, vencíamos a partida e, como Borja também foi a campo (mais uma vez numa substituição “seis por meia dúzia”, pois entrou no lugar de Bigode, e não de Keno, como seria o correto), mais uma vez não tivemos a chance de ver junta a dupla que levou o Nacional/COL ao título sul-americano de 2016.

A prova de que nossos treinador não foi muito feliz nestas duas alterações é que o Palmeiras diminuiu demais o tempo em que ficava com a bola, sua velocidade ficou próxima a zero e, com isso, era óbvio que o adversário cresceria em busca do empate. Somente após Róger Guedes entrar, aos 19 minutos, é que novamente nossos time voltou, ainda que timidamente, a ditar as regras da partida. Muito veloz tanto pela direita quanto também entrando em diagonal pelo meio, ele poderia ter ampliado o placar aos 28 mas, “fominha”, preferiu tentar um gol muito difícil a dar o passe para Borja completar – e a bola se chocou ao travessão. Por sorte, conseguiu se redimir ao completar para o gol apenas seis minutos depois, após perfeito lançamento de Zé Roberto.

Mas eu falei em Borja, e ele merece um parágrafo só seu. Ele brilhou? Não. Por acaso tornou o Verdão mais ofensivo na etapa final? Nem de longe, até porque se viu relegado ao ostracismo sem a presença de meias que o colocassem no jogo. Mas foi decisivo? Sem dúvida. E sabem por quê? Porque ele, meus amigos, é um finalizador nato, é daqueles caras que se têm duas chances numa partida, guardam pelo menos uma; se têm cinco chances, transformam três delas em gols. E a prova é que, tendo atuado não duas partidas, mas somente 76 minutos (27 no domingo e 49 hoje) com a nossa camisa, já balançou as redes duas vezes.

Em síntese, meu caro palmeirense: apesar do bom resultado e da quase garantida classificação às quartas-de-final do Campeonato Paulista (faltam-nos apenas três pontos – ou nem isso, se Novorizontino/SP ou Santo André/SP tropeçarem nesta rodada), ficou claro que o time anda tem pontos a serem acertados.

Que isso aconteça, no máximo, até a próxima terça-feira pois, como todo mundo sabe, por mais apetitosos que sejam, aperitivos jamais podem ser mais saborosos do que o prato principal. 

ANÁLISES INDIVIDUAIS

FERNANDO PRASS – 6,5
MUITO BOM 

JEAN – 6
BOM

EDU DRACENA – 6
BOM 

VÍTOR HUGO – 6,5
MUITO BOM 

EGÍDIO – 5
REGULAR 

FELIPE MELO – 5
REGULAR 

ZÉ ROBERTO – 6
BOM 

GUERRA – 5,5
SATISFATÓRIO 

DUDU – 5,5
SATISFATÓRIO 

WILLIAN BIGODE –6,5
MUITO BOM 

KENO – 5,5
SATISFATÓRIO 

EDUARDO BAPTISTA – 5,5
SATISFATÓRIO 

BORJA – 6,5
MUITO BOM 

RÓGER GUEDES – 6,5
MUITO BOM 

MICHEL BASTOS – 5,5
SATISFATÓRIO 

OBS.: AS FOTOS DA CAPA E INTERNA SÃO MERAMENTE ILUSTRATIVAS. ESTE SITE JAMAIS EXIBIRÁ IMAGENS DO PALMEIRAS QUANDO A CAMISA UTILIZADA PELO TIME NÃO FOR, EM SUA TOTALIDADE OU MESMO EM SUA MAIOR PARTE, VERDE OU BRANCA.


10 Responses to APENAS UM APERITIVO

  1. Roberto Alfano

    Boa noite, falou tudo caro Trevisan, lá na Argentina o prato principal vão ter que suar. para conseguir.

    Continua sem esquema tático definido, como o Palmeiras hoje tem elenco suficinte tem que fazer acontecer.

    Boa sorte Palmeiras, agora é para valer. que não se cometa os erros de 2016,

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Assim esperamos, Alfano.

      Ate porque quem não estuda a história corre sempre o risco de repeti-la.

      Abs.

  2. Márcio não assisti a partida porque me recuso a pagar pela TV por assinatura, não por ter condições, até posso pagar, mas acho uma sacanagem esse tipo de comércio, programas bons tem que passar na TV aberta e o ser Humano ainda não se mancou que quanto mais assinantes mais pobre será a programação na TV aberta, digo com relação a filmes, esportes, etc…
    Quanto ao resultado de ontem não mudei em nada minha opinião em relação a rodada passada.abraços.

    • Márcio Trevisan

      Vamos lá, Maciel: vc conhece uma música do Chico Buarque chamada Roda Viva?

      Há dois trechos que respondem ao seu questionamento. Veja:

      “A gente vai contra a corrente
      Até não poder resistir
      Na volta do barco é que sente
      O quanto deixou de cumprir”

      e

      “A gente quer ter voz ativa
      No nosso destino mandar
      Mas eis que chega a roda-viva
      E carrega o destino pra lá”

      Ou seja, amigo: tem uma hora que a gente precisa ceder, pois não há como lutar contra tudo e todos.

      Quer um exemplo? Somente há cerca de três meses comprei meu primeiro Smartphone. Por quê? Porque comecei a perder dinheiro por relutar em não o ter.

      Abs.

  3. Marcio e colegas, O Palmeiras ganhou e isso é bom por que trás confiança. Mas não pode deixar a vitória esconder a verdade. Ganhou mas poderia ter empatado por incompetência tática do Eduardo Batista, e por complicar quando é para simplificar. Ganhou novamente pela superioridade técnica dos nossos jogadores. O EB insiste com essa bosta de 4141 que mata o time, não flui, perde o meio, jogadores presos ao sistema, centro avante isolado (se o Borja não fosse bom jogador tinha morrido frente como qualquer outro). Por outro lado, por que não jogou com Borja e Guerra juntos? ou lança no primeiro tempo os dois ou entra com eles no segundo tempo. O Palmeiras gastou milhões para trazer a dupla campeã que deu certo, e o EB consegue separa-los. Ta complicando e vai acabar se complicando sozinho.

    • Márcio Trevisan

      Oi, Marcos.

      Respeito sua opinião, mas esta história de 4-1-4-1 é balela. O que existe é um 4-4-2, porém com pouca aproximação dos meias e do segundo atacante em relação ao centroavante. Ou seja: é apenas uma pequena questão de ajuste a tradicional ou, então, simplesmente voltar a jogar no 4-3-3, como jogamos no Brasileirão passado.

      Em relação à dupla, Guerra & Borja, realmente Eduardo Baptista pisou na bola. Faltaram-lhe sensibilidade e inteligência.

      Abs.

  4. Jogo em plena sexta feira, eu trabalhando, não consegui assistir, portanto não vou falar sobre o jogo, mas só de saber que o Borja ficou no banco…espero que seja por um motivo bem relevante caso contrário, acho que esse técnico gosta de provocar.

    Abraços.

    • Márcio Trevisan

      Ed: Borja não tinha condições de jogar 90 minutos, apenas 45 ou pouco mais do que isso. Daí ter ficado no banco.

      Mas não creio que EB seja louco de repetir isso na quarta-feira.

      Abs.

  5. bom dia marcio, eu não entendo estre treinador, colocou o borja e tirou os meias da para entender?

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