BORJA VEIO AÍ. E O BICHO JÁ PEGOU.

Gol do estreante colombiano leva Palmeiras a mais uma goleada no Paulistão

Não demorou quase nada para que a torcida do Palmeiras já começasse a se apaixonar pelo novo centroavante do time. Mais especificamente, levou apenas 14 minutos: Borja entrou aos 23 e balançou as redes pela primeira vez com a camisa do Verdão aos 37 da etapa final.

Esta é a maneira simplista de resumir a estreia e o gol do novo dono da camisa 12 palmeirense, mas nem de longe a mais completa. É preciso dizer que o jogador levou a torcida ao delírio mas, ao mesmo tempo, também ao alívio, já que seis minutos antes a Ferroviária/SP havia diminuído a diferença para 2 a 1 e se vislumbrava um fim de jogo no sufoco para o Verdão.

Assim, a arrancada que deu desde o campo de defesa, a inteligente tabela que fez com Dudu e o chute certeiro e no contrapé de Matheus significaram muito mais do que aparenta: talvez signifiquem que voltamos a ter um centroavante, algo distante de todos nós desde que Gabriel Jesus retornou das Olimpíadas e, pelo Palmeiras, não jogou mais quase nada até se apresentar ao Manchester City/ING.

Evidentemente, a quarta vitória no Campeonato Paulista e a manutenção da liderança isolada do grupo não foram fruto apenas do futebol apresentado pelo artilheiro colombiano. Sobretudo no primeiro tempo, o Verdão mostrou um volume de jogo elogiável, uma rapidez gigantesca na troca de bola, uma essencial aproximação entre os três setores da equipe e, principalmente, uma disposição tática que Eduardo Baptista pode até chamar de 4-1-4-1 ou de 4-2-3-1, mas que na verdade foi o bom e velho 4-4-2: dois laterais (Jean e Egídio), dois zagueiros (Dracena e Vítor Hugo), um cabeça-de-área (Thiago Santos), um segundo volante (Zé Roberto), dois meias (Michel Bastos e Dudu, este mais avançado, fazendo a função de ponta de lança) e dois atacantes (Willian Bigode e Keno, o primeiro mais centralizado e o segundo aberto pela esquerda).

Keno também se destacou em mais uma goleada do Palmeiras

O mais interessante, porém, foram as constantes trocas de posição de muitos destes jogadores. Por exemplo: após o primeiro gol, MB foi para a esquerda, Keno fixou-se no comando do ataque (de onde, aliás, abrira o placar) e WB passou a atuar onde mais rende – ou seria “só” onde consegue render: a faixa direita do gramado. Pouco depois, já era Dudu quem estava neste setor, com Bigode caindo pelo outro lado do campo e Bastos tornando a ser novamente o meia de ligação. Estas rápidas e seguidas movimentações deixaram maluca a defesa adversária, que só não levou pelo menos mais três ainda no primeiro tempo porque Willian, que perdeu dois gols feitos, não pode, de jeito nenhum, ser centroavante, já que seu poder de finalização é muito limitado; e também porque uma bola chutada por Keno foi salva em cima da linha.

Sinceramente eu acreditava que à etapa final o Palmeiras voltaria com o mesmo ímpeto e resolveria o jogo de vez. Que nada: para a desagradável surpresa geral, o time voltou molenga. Toques laterais, velocidade próxima a zero, uma letargia de quem parecia estar guardando forças para a noite de Sábado de Carnaval. Era óbvio que isso faria a Ferroviária/SP tentar se impor em busca do empate, e foi aí que nosso treinador deixou a desejar. Ao contrário do que fizera na derrota para “eles”, demorou demais para mexer no time e, consequentemente, nos brios da equipe, e quando o fez optou mais uma vez pelo famoso “seis por meia dúzia”.

Se agindo assim acertou em sacar Bigode e colocar Borja, o mesmo não se deu em relação à segunda mudança: optou por Róger Guedes no lugar de Keno, quando o mais interessante seria mandar a campo Guerra e fixar Michel Bastos na direita – com isso, a dupla que fez sucesso no Atlético Nacional/COL se reeditaria no Palmeiras. E mais: poderia antes disso ter sacado Egídio, deslocado Zé Roberto para a lateral e aí sim colocado RG: nossa equipe seguiria bem postada defensivamente e ficaria muito mais agressiva. Ok: os gols aconteceram mesmo assim, mas como sabemos não é toda hora que a sorte sorri para quem nem sempre a merece.

Em síntese, meus amigos, valeu pela vitória, pelos quatro gols e pelo bom futebol que o Palmeiras apresentou no primeiro tempo e após a entrada de Borja. No mais, é procurar entender porque caímos tanto de produção nos primeiros 20 minutos da etapa final para sabermos como impedir que isso se repita – afinal, dentro de 11 dias estrearemos na Libertadores, e vacilos como os que vimos hoje podem nos ser fatais.

ANÁLISES INDIVIDUAIS

FERNANDO PRASS – 6
BOM 

JEAN – 6
BOM

EDU DRACENA – 6,5
MUITO BOM 

VÍTOR HUGO – 6,5
MUITO BOM 

EGÍDIO – 5
REGULAR 

THIAGO SANTOS – 6,5
MUITO BOM 

ZÉ ROBERTO – 6,5
MUITO BOM 

MICHEL BASTOS – 7
ÓTIMO 

DUDU – 7
ÓTIMO 

KENO – 7
ÓTIMO 

WILLIAN BIGODE –5
REGULAR 

EDUARDO BAPTISTA – 5,5
SATISFATÓRIO 

BORJA – 7,5
ÓTIMO 

RÓGER GUEDES – 6,5
MUITO BOM 

RAPHAEL VEIGA – 6
BOM 

FOTOS DA CAPA – DESTAQUE: ALE FRATA (ESTADÃO)  /  SUB: MARCO GALVÃO (AG. LANCEPRESS)


19 Responses to BORJA VEIO AÍ. E O BICHO JÁ PEGOU.

  1. Mais uma pesquisa feita nas favelas da zona leste.
    Até hoje não fizeram uma pesquisa sequer no interior do Estado de São Paulo.
    Estes institutos de pesquisas NÃO TOMAM JEITO MESMO !

    • Márcio Trevisan

      Jair: também não confio em pesquisa nenhuma, seja política, esportiva, etc..

      Mas, neste caso, ela visava saber qual a maior torcida na Cidade de São Paulo. E aí, meu amigo, é claro que “eles” tem muito mais do que nós e “elas” também seguem à nossa frente – pouco, é fato, mas seguem.

      Abs.

  2. Júnior Colletti

    Bom dia!

    Continuo achando irrelevante a derrota no Dérbi… mesmo sendo um Dérbi!

    Como o assunto mudança de técnico não deixa de pautar as crônicas, transcrevo aqui uma impressão minha. Assisti a uma entrevista que Luxa deu a um programa de TV e é difícil de entender como um cara feito ele está desempregado. Incrível, o conhecimento tático e interpretação de jogo dele é fora de série.

    Ele fez alusões ao 4 2 3 1 e ao 4 1 4 1. Bateu forte nos caras que os técnicos são defasados. Disseram que o Barcelona de Messi jogou no primeiro esquema quando foi multicampeão. Cara, ele disse: me mostre de onde isso é inovação? Aí deu a escalação do Palmeiras de 93/94. Quanto ao 4 1 4 1, ele mencionou o time de 96. Ou seja, pra ele, não há novidade no futebol.

    Aí, peguei o vídeo da final do Paulista 93, e dei uma olhada em lances. Palmeiras na saída de bola… Palmeiras em formação de ataque… Palmeiras sendo atacado… viradas de jogo e descida do lateral… cara, é a mesma coisa!

    96: a troca alucinada de passes e posições do meio pra frente. Detalhe: nesses times não haviam volantes brucutus… todos sabiam jogar e tratar a bola… tais quais Tchê Tchê e Moisés – ele comparou com César Sampaio e Mazinho.

    Ele diz, também, que tem muita mágoa de tanto que o zoam sobre o “pojeto”. Aí ele vira pro .. e fala: “P… o que vocês cobram tanto hoje de técnicos e dos Clubes? Não são projetos? Planejamento? Eu já atuava assim e pregava essa filosofia a mais de 15 anos!!!”

    Segundo ele, o que precisa é de um bom projeto, com foco campeão, que volta a fazer história!

    Enfim, não quero dizer nada com isso. Mas…

    Abraço!

    • Amigo Colletti permita-me discordar sobre a irrelevância da derrota no Derby. Tá me doendo o estômago até agora, principalmente da forma que foi. Quanto ao Luxemburgo eu não tenho dúvidas que ele é o cara pra assumir esse time do Palmeiras. Com ele no comando o décimo título brasileiro é certo e só não vou dizer que também a Libertadores pois ele não dá muita sorte em Libertadores. Mas que o time iria jogar muita bola na mão dele….ah isso iria. Abraços.

    • Márcio Trevisan

      Colletti, salve!

      Trabalhei com Luxa no Palmeiras e concordo contigo: taticamente é o técnico que mais entende de futebol no Brasil.

      O problema é que ele cometeu alguns erros graves na carreira, como montar uma comissão técnica própria com 18 integrantes – e forçar a contratação de todos por alguns dos clubes por que passou – e tentar passar a imagem de “manager”, algo que os dirigentes brasileiros ainda não estão maduros para entender.

      Abs.

  3. bom dia marcio, o aue me preucupa, é que um treinador , não saiba que o wiliam é meia, e não centro avante, ele vem de traz com a bola abrindo pelas pontas, como o primeiro gol na ferroviária, tendo na reserva um centro avamte e antes até dois 9(barrios) se ele não notou isto, realmente me preucupa porque nos já sabiamos disso ha muito tempo.um abraço canuso

    • Márcio Trevisan

      Acho até que ele sabe, Canuso, mas talvez tenha tentado uma experiência de colocar o Bigode de centroavante – algo que de fato ele não é.

      De qualquer forma, o nosso comandante de ataque já chegou.

      Abs.

  4. Eu acho que o time jogou exatamente da mesma forma que contra o Corinthians. A diferença, é que eles jogaram com muita raça e vontade de nos vencer devido a rivalidade e ao fato de ser um clássico, enquanto que a Ferroviária é um time fraquíssimo do interior.

    Abraços.

    • Márcio Trevisan

      Ed: diante da Ferroviária fomos bem mais rápidos no primeiro tempo e também após os 20 da etapa final – tanto que a goleada poderia ter sido obtida ainda na etapa inicial.

      Outra coisa diferente: não tivemos a ligação direta, pois os três setores estavam bem mais próximos uns dos outros.

      Mas é claro que a fragilidade da equipe do Interior também ajudou (se bem que acho o time “deles” muito feio…).

      Abs.

  5. Roberto Alfano

    Boa noite, muito boa sua crônica referente a essa partida, caro Trevisan.

    Agora no próximo dia 08 de março não vamos ter moleza, inicia a Libertadores, e não podemos errar!!!!

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Obrigado, Alfano.

      Apesar de o Atlético Tucumán ser uma espécie de Ponte Preta argentina, tem uma torcida fanática e que lotará o estádio.

      Ou seja: a pressão será total e precisaremos estar atentos para estrearmos com um bom resultado – de repente, até um empate pode ser legal.

      Abs.

  6. Marcio pela 2ª vez este ano fui no Allianz Parque ver o nosso amado time.
    Ei fiz a péssima escolha de comprar 1 cadeira central do lado leste, pois o inicio da tarde estava nublado, e minha infeliz escolha fez com que eu tomasse um sol monumental no meio da cara das 16 até as 17 horas.
    Mesmo nocauteado e grogue pelo sol, posso afirmar que vi o mesmo jogo analisado por você, tanto no aspecto tático 4 4 2, como na análise das atuações individuais.
    O motivo de perdermos o meio de campo no 2º tempo deveu-se exclusivamente ao Zé Roberto não ter mais nenhuma condição física de suportar um duelo de meio de campo no aspecto físico em alto nível nos 90 minutos de uma partida.
    Em razão disso somente o Tiago Santos ficou correndo feito um desesperado pra cobrir o buraco que estava no setor de meio de campo do Palmeiras, a ponto de sair extenuado, mal podendo andar quando deu lugar ao Rafhael Veiga.
    Eu teria sacado simplesmente o Zé Roberto e colocado o Guerra com “sangue novo” no meio de campo.
    Eu interpretei a monumental vaia que a torcida deu no momento que a Ferroviária começou a tomar conta do jogo, como 1/2 da vaia pra tentar fazer pressão na Ferroviária e a outra 1/2 da vaia era em desespero por que o Eduardo Batista simplesmente não mexia no time, mesmo o Palmeiras começando a ficar a perigo.
    INFELIZMENTE colegas Palmeirenses que estão tendo a paciência de até este momento ler a minha mensagem, SE ALGUÉM NÃO DER UMA CANOINHA NO PÉ DO OUVIDO DO EDUARDO BATISTA pra ele acordar, nossa chance na Libertadores da América é ZERO !

    • Márcio Trevisan

      Oi, Jair.

      Também achei que EB deveria ter mexido antes e forma diferente, mas como sabemos cabeça de técnico é algo até hoje inexplicável.

      Diante desta vitória, é quase certo que começaremos a Libertadores com ele, mas também é quase certo que, se tropeçarmos na estreia, ele correrá sérios riscos.

      Por sina, uma matéria sobre nosso treinador será feita no decorrer desta semana. Aguarde.

      Abs.

  7. O time mostrou mais disposição o que nunca deveria ser mencionado por que disposição é o único quesito obrigatório. Concordo Marcio com a mudanças de posições e velocidade somando a qualidade dos jogadores a vitória se torna fácil.
    Porém não podemos esquecer que foi contra a toda poderosa Ferroviaria que não chegou na área do Palmeiras, o penalti foi um chute de fora que bateu nos braços abertos do MB, isso não é demérito mas tem que levar em consideração para não usar essa vitoria como parâmetro quando jogar os clássicos.
    Pra mim ta claro que o Willian rende pelos lados não de centro avante, assim como o Michel Bastos também é um ponta e não rende a mesma coisa pelo meio. Acho que o do meio pra frente deveria ser o Felipe Melo de primeiro volante e o Tche Tche de segundo e com o Dudu na esquerda, Borja de centro avante, Guerra armando e chegando por traz e na direita temos Willians, M.Bastos, R. Guedes e Keno Pode usaar qualquer um dos quatro conforme o adversário.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Marcos.

      Concordo contigo: ótima vitória, mas apenas contra uma equipe fraca.

      Em relação à sua formação, é bem parecida com a minha.

      Abs.

  8. Boa noite, Marcio.

    Gostei bastante do time e essas trocas me chamaram a atenção, até eu fiquei com dificuldade de acompanhar a formação do time em alguns momentos. Achei interessante como o time foi pra cima e teve uma postura totalmente diferente, sem tocar de lado como contra eles. O time precisa pegar mais confiança pra ter esse tipo de comportamento em clássicos e grandes jogos que começam em breve.

    O Zé Roberto – eterno – não jogava tão bem pelo meio há um bom tempo, mas esse time com o Felipe Melo recuperado, Tchê Tchê de volta e Borja vai nos trazer muitas alegrias, sim, tenho certeza!

    Grande abraço, ótimo texto, pra variar!

    • Márcio Trevisan

      Olá, Luigi.

      Muito obrigado pelo elogio.

      Em relação à nossa equipe, não é preciso muita coisa para fazer com que ela volte a jogar o que jogou no segundo semestre de 2016.

      Por sinal, no decorrer desta semana escreverei um texto sobre isso.

      Abs.

  9. Márcio essa vitória para mim não me convenceu em nada, se tivesse ganhado do Santos na Vila ou dos Bambis no morumbi aí tudo bem, mas ganhar da Ferroviária não fez mais que a obrigação, acho que estamos perdendo dias preciosos com o Burrardo Batista, pois em breve começa a Libertadores. abraços.

    • Márcio Trevisan

      Também não fiquei convencido de coisa alguma, Maciel, até porque a Ferroviária é fraquinha (e ainda assim nos deu um certo trabalho).

      Mas não posso agir como torcedor quando escrevo profissionalmente – daí o teor da crônica ter sido positivo, pois afinal vencemos por goleada.

      Abs.

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