CREFISA. OU A PARMALAT MELHORADA.

Renovação com patrocinadora indica novos tempos áureos ao Palmeiras. Mas há perigos na pista.

Há poucos minutos, a diretoria do Verdão anunciou de forma oficial a contratação de Miguel Borja. A vinda do centroavante, bancada em grande parte pela Crefisa, aumenta ainda mais a participação da patrocinadora máster na vida do time, já que obviamente ela terá de desembolsar mais dinheiro todo santo mês.

Tal postura da empresa faz-me lembrar do acordo mantido entre o nosso clube e a Parmalat entre 1992 e 2000. Foram oito dos mais profícuos anos da história palmeirense, em que nada menos do que 10 títulos expressivos foram conquistados: três Campeonatos Paulistas (1993, 1994 e 1996), dois Campeonatos Brasileiros (1993 e 1994), dois Torneios Rio-São Paulo (1993 e 2000), uma Copa do Brasil (1998), uma Copa Mercosul (1998) e, claro, o mais importante de todos neste período, a Copa Libertadores (1999). Isso sem que falemos das conquistas de torneios menos importantes (Euro-American Cup, em 1996; Naranja, em 1997; e Maria Quitéria, também em 1997) e dos 4 vices (Paulistas de 1992, 1995 e 1999) e Copa do Brasil (1996).

Assim, se nos próximos sete anos repetirmos na quantidade e na qualidade as conquistas acima, será algo maravilhoso, claro. E há uma vantagem em relação à parceira atual: com a Parmalat havia um acordo de cogestão, ou seja: pessoas ligadas ao clube e à empresa geriam, juntas, o futebol do clube. E, claro, como quem tinha o dinheiro era a multinacional italiana, a última palavra cabia sempre de seu representante, José Carlos Brunoro. Isso gerava um ciúme terrível nos sempre vaidosos conselheiros e dirigentes alviverdes e, por isso, inúmeras crises de relacionamento entre patrocinadora e patrocinado ocorreram durante os oito anos em que durou a parceria. Agora é diferente: a Crefisa participa apenas com o capital, com o “cash”, pois quem apita no futebol são os profissionais contratados – e pagos – pelo Verdão: Alexandre Mattos e Cícero Souza.

Leila Pinheiro, presidente da Crefisa. E, se depender dela, um dia também do Palmeiras.

Mas o subtítulo desta matéria ressalta que há perigos na pista. O primeiro deles é que Leila Pinheiro – que será, sim, eleita ao Conselho Deliberativo neste sábado, é certo – goste demais do pequeno poder que passará a ter e passe a sonhar de forma cada vez concreta com a chance de, além de presidente a Crefisa, presidir também o Palmeiras. Nada contra, claro, desde que ao mais alto cargo no clube ela chegue trilhando um caminho lícito e sem vender a sua alma ao diabo – e todos vocês sabem a qual capeta me refiro. Se o fizer, terá sempre o seu rabo preso a tudo o que de pior já pôde existir nesta mais do que centenária história alviverde, e o preço a pagar superará em muito os milhões e milhões que sua empresa já investiu e ainda investirá em nosso clube.

Já o outro perigo é tão ou ainda mais preocupante: quando a Parmalat nos deixou, foi como se acordássemos de um sonho lindo e nos víssemos de volta a um pesadelo que durara de 1977 a 1992. O Palmeiras não se preparou para voltar a andr com as próprias pernas e, com exceção dos goleiros Velloso, Sérgio e Marcos e de algumas poucas revelações das categorias de base, não tinha no elenco jogadores que lhe pertencessem. Pior: não guardou dinheiro suficiente para montar, senão times tão bons quanto os feitos pela multinacional italiana, pelo menos os mais próximos possíveis daqueles. Não à toa, apenas dois anos após o divórcio, o Verdão foi rebaixado à Série B do Brasileirão.

Nossa vantagem, agora, é que temos outras fontes de renda, algo que não acontecia de maneira consistente na última década do século XX. Hoje, faturamos com a bilheteria da Arena Palestra Itália, com o Programa Associativo Avanti, com a venda dos direitos de transmissão de nossos jogos à TV e, claro, com o valor total da transferência de atletas – à época, ficávamos com apenas 20% da diferença entre o que a Parmalat havia pago quando da contratação do jogador e o que recebia no momento em que o negociava.

Mesmo assim, será preciso que o presidente Maurício Galiotte e os que o sucederem no comando do clube estejam sempre muito alertas: ter grana é muito bom, claro, mas como há muito tempo já cantou Paulinho da Viola, “dinheiro na mão é vendaval” e, por causa dele, “irmão desconhece irmão”.

10 Responses to CREFISA. OU A PARMALAT MELHORADA.

  1. Eu estou simplesmente encantado com essa Leila.

    Abraços.

  2. S.E.PRESIDENTE PRUDENTE

    MARCIO… estamos em carência de titulos mais expressivos e acho, que chegou a nossa hora. Infelizmente, no nosso amado verdão é comum repetir-se erros, parece que nossos conselheiros não aprendem. Mas, talvez dessa vez seja diferente. Sei que vc tem vários amigos no conselho, portanto, não custa vc “dar a letra” para alguns né? Eu quero gritar: “é campeão”, muitas vezes nos proximos anos”.

  3. Boa tarde, Márcio.

    Conversando com meu filho ontem no momento da confirmação da contratação do Borja, coincidentemente, dei o mesmo exemplo. É muito dinheiro entrando de uma vez só, e isso, apesar de todas as diferenças que você indicou em relação a gestão da Parmalat, ainda me preocupa.

    Definitivamente, os representantes da FAM/Crefisa tem um interesse muito maior do que o simples patrocínio. Nenhuma empresa colocaria tanto dinheiro e teria tanto interesse em entrar para a política do clube se não houvesse uma intenção maior. Comprar a SEP? Talvez. Esses empresários milionários são ambiciosos e não me surpreenderia se esse fosse o plano a médio/longo prazo.

    Quanto ao “capeta”, esse nunca deixou de estar nos bastidores do clube. Almoçou junto com o Galiotte e a Leila enquanto discutiam a renovação do contrato e, pelo jeito, tem mais influência junto ao Galiotte do que tinha com o PN.

    Um abraço.

    Valter

  4. Bom dia Márcio, concordo com você e vou além. Nosso atual presidente na minha humilde opinião está cometendo um erro gravíssimo em voltar a dar regalias para torcida organizada, não concordo, se eu tenho que pagar ingresso para ver o jogo eles também tem… E outra, a presidente da patrocinadora como vimos anos passados (2015/2016) não se bicava com Paulo Nobre e várias vezes disse publicamente que cortaria o patrocínio se achasse necessário. Isso porque ela queria os holofotes e Nobre procurava não deixar, hoje o novo presidente parece ter dado carta branca, até o momento da primeira briga e a ameaça.
    Só acho, porém a instituição Palmeiras é muito maior que qualquer vaidade, mas seguro morreu de velho.

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Oi, Fagner.

      Acho que a relação com as uniformizadas deveria continuar como está – ou seja, muito distante. Mas seus integrantes pagam, sim, ingresso, até porque não existe gratuidade na Arena Palestra Itália.

      Em relação à briga entre Leila Pereira e Paulo, é apenas uma questão de viad… Não, de vaidade!!!

      Abs.

  5. Cono eu estou trocando o nome das pessoas!
    Primeiro chamei o Borja de Borges!
    Agora chamei a Leila Pinheiro de Leila Pereira!
    VIVA LEILA PINHEIRO !

    • Márcio Trevisan

      Jair: vc estava certo e depois errou – Rs!!!

      Talvez seja reflexo da idade, amigo. Bem-vindo ao clube.

      Mas vou lhe contar uma: outro dia, esqueci o nome da patroa. Sem saber como chamá-la, tasquei um “Coisinha”.

      Estou com o olho roxo até hoje.

      Abs.

  6. Marcio irretocável o seu post, cuja análise, coincide com 100 % dos seus colegas da mídia palestrina.
    Porém, considero que se a Leila, uma mulher de personalidade forte, que ao receber um desaforo não pensa 2 vezes em chutar o “pau da barraca”, resolver acabar com o patrocínio das suas empresas no Palmeiras, desta vez nós estamos mais estruturados para seguir a vida.
    Da minha parte quero que tenha um bilionário pra investir muito dinheiro no Palmeiras, pois só assim nosso amado time conseguira enfrentar em igualdade de condições o Flamengo e o time da av. marginal sem numero que CRIMINOSAMENTE são ABSURDAMENTE privilegiados pela NEFASTA empresa de telecomunicações que DOMINA e MANIPULA o FALIDO futebol brasileiro !
    SIMMMMMMMMMMMMM, eu quero que o Palmeiras tenha um Silvio Berlusconi que quando a Itália estava em ótima condições financeiras ele era o DONO do Milan, injetando bilhões de dólares num time que tinha os melhores jogadores italianos da época Tassoti, Costa Curta, Franco Baresi, Maldini, Donadoni, Carlo Anceloti, Colomba, etc., e os extraordinários holandeses, Frank Raikard, Rud Gullit e o maior centroavante que eu vi jogar na minha vida, que era o Marco Van Basten.
    Resultado o Milan ganhava tudo, e a Juventus, a Inter de Milão, a Fiorentina e o Napoli de Maradona e Careca, suavam SANGUE pra conseguir sequer arrancar um empate do Milan.
    Pro Milan não existia Real Madri, Barcelona, Manchester United, Arsenal, Liverpol, Bayer de Munich, o Milan simplesmente passava igual um rolo compressor sobre estes gigantes europeus.
    Viva Silvio Berlusconi pro Milan !
    Viva Leila Pereira pro Palmeiras !

    • Márcio Trevisan

      Jair: obrigado pelo elogio.

      Rapaz, vc está tão empolgado com a Leila que chego até a desconfiar de que seu interesse transcende o aspecto clubístico – Rs…

      Abração!

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