A DROGA DO OTIMISMO

Saiba por que discurso de Cuca pode fazer Palmeiras, de fato, conquistar seu 9º título do Brasileirão 

Em 1993, pouco antes de colocarmos um fim ao jejum de quase 17 anos sem títulos expressivos, perguntei ao então técnico palmeirense Otacílio Gonçalves se a contratação de um psicólogo não seria o remédio mais indicado à equipe – afinal, várias haviam sido os bons times montados pela diretoria durante todo aquele tempo e nenhum deles conseguira levantar a taça. O treinador, com seu jeito sempre tranquilo de ser, me respondeu de forma convicta:

_ Bobagem, Trevisan. A maioria dos jogadores de futebol nem tem cultura suficiente para entender o que um psicólogo diz. Mas pode ficar tranquilo: ainda neste ano o Palmeiras voltará a ser campeão.

Otacílio: campeão paulista pelo Palmeiras em 1993. Assim foi.

Como sabemos, ele estava certo em relação à segunda afirmação (muito embora já não fosse mais o chefe quando ela se deu), mas tenho cá minhas dúvidas no que diz respeito à primeira. De fato, em sua esmagadora maioria os boleiros são desprovidos de estudos maiores, limitando-se ao fundamental – e olhe lá. Porém, acredito que tal deficiência não seja, necessariamente, um impeditivo para que uma boa conversa com um especialista aconteça e, mais ainda, que esta dê frutos.

Se pararmos pra pensar, Cuca – que aliás foi comandado por Otacílio no Verdão de 1992 – pensa exatamente da mesma forma. Nosso treinador não hesitou um só instante em afirmar, mesmo instantes após a eliminação no Campeonato Paulista, que o clube faturará seus 9º título do Brasileirão neste ano. Ele poderia, como fazem sempre todos os demais profissionais da bola, dizer que o time brigaria pela taça, que estaria sempre na parte de cima da tabela ou que, na pior das hipóteses, lutaria por uma vaga à próxima edição da Copa Libertadores. Mas, não – taxativo, cravou: seremos campeões.

Cuca: campeão brasileiro pelo Palmeiras em 2016. Assim seja!

Com tal declaração, o ex-meia realizou um forte trabalho psicológico em todo o grupo, sem que este o percebesse na prática. Ao garantir com toda a convicção do mundo que em dezembro este País mais uma vez estará pintado de verde e de branco, Cuca injetou no subconsciente de cada um de seus comandados um expressa ordem: disputar cada uma das 38 partidas do torneio como se fosse a última de um mata-mata. Desta forma, acredita – ou melhor: tenha certeza – que conseguirá fazer com que os jogadores, individual ou coletivamente, rendam bem mais do que normalmente deles se esperaria.

Claro que os primeiros resultados serão imprescindíveis ao sucesso da ideia de Cuca, pois se obtivermos algo em torno de 65% de aproveitamento nos 10 jogos iniciais – ou seja: algo em torno de 19/20 pontos – iniciaremos de forma arrasadora. E vale lembrar que seis destes jogos serão em casa. Daí a ideia do técnico de injetar, logo de cara, uma enorme dose da droga do otimismo na veia de todos os integrantes do grupo.

Se um campeonato também é ganho fora de campo, podem estar certos de que o Palmeiras largou na frente.    

18 Responses to A DROGA DO OTIMISMO

  1. Neste momento acabou o jogo Rosário Central 3 x 0 Gremio.
    No agregado Rosario 4 x 0 Gremio.
    Os 2 times da chave do Palmeiras estão nas quartas de final da Libertadores, Rosário e Nacional que despachou o time da av. marginal sem numero !
    Se, o famoso SE tivéssemos uma dupla de zaga decente e o Clayton Chavier na meia estaríamos disputando este caneco.
    Mais 1 titulo jogado na lata de lixo !

    • Márcio Trevisan

      Verdade, Jair.

      Faltou-nos um meia criativo e um Edu Dracena como o do Santos, e não como o do Corinthians.

      Mas o bom é que sempre há um novo torneio a ser disputado.

      Abs.

  2. emilio maranga

    márcio bom dia. Acho que a razão do Cuca dizer isto, é porque ainda não conhece nossa famigerada diretoria !! Nossa torcida, SIM…

  3. Marcelo Guizze

    Fazia tempo que não dava uma passada por aqui e quando vi esse texto achei curioso, pois ontem mesmo, após a eliminação do nosso rival para o Nacional, estávamos comentando que caso o Palestra tivesse passado era bem provável que houvesse novamente um dérbi na Libertadores…E aí ela comentou que talvez o time lá da marginal s/número estivesse em um melhor momento…Enfim…Aí acabamos por entrar em um assunto que tem certa relação com o texto!

    Mencionei o fato de que jogadores de futebol, em sua maioria, são influenciados por fatores que as pessoas que não acompanham o esporte considerariam uma bobagem…E isso se estende a nós torcedores, qualquer torcedor, por mais racional e prático que seja, tem suas superstições etc…

    Com relação ao hipotético embate que poderíamos ter contra nosso rival na Libertadores, disse para minha esposa que eles já entrariam em desvantagem, pois o histórico de eliminações para nós em 99/2000 iria pesar, ainda que a maioria dos jogadores de hj fossem crianças na época desses jogos e alguns talvez nem lembrem, mas isso afeta o psicológico!

    Bem como as famosas meias brancas do fim do jejum de 1993, que desde então estiveram presentes na maioria de nossas conquistas (pessoalmente acho que nosso uniforme fica muito mais bonito com os meiões brancos, mas isso é apenas a minha opinião).

    Recentemente o Paulo Nunes contou sobre a única vez que foi capitão, quando ainda defendia o Grêmio e era treinado por Felipão, e ele brincou com o fato de que a faixa de capitão do time fazia com que ele se sentisse maior, mais forte, como se houvesse alguma magia naquele objeto!

    Não sei como são os vestiários do novo Palestra, mas no antigo Palestra Itália, havia a imagem de Evair na parede, comemorando o gol que nos tirou da fila em 1993, o jogador que passasse por ali, vendo aquela imagem e conhecendo, nem que fosse o mínimo da história do clube, para saber quão emblemático era aquilo, teria a obrigação de sentir o desejo de entrar em campo e fazer história, como nosso Eterno Matador fez em 12 de Junho de 1993!

    Concluindo o raciocínio, não querendo me alongar ainda mais (peço desculpas pois me empolguei escrevendo) concordo com o Chapinha ( técnico que eu adorava, pois o conheci quando era moleque e treinava como goleiro no Paraná Clube ) a maioria dos jogadores, não tem intelecto para compreender a conversa de um psicólogo, porém, qualquer ser humano, independente do grau de escolaridade/instrução, gosta de saber que seu trabalho é apreciado e que confiam nele pra desempenhar sua função, e levando isso em conta, o Cuca realmente está sendo genial!!!

    • Márcio Trevisan

      Oi, Marcelo.

      Vamos às suas respostas:

      Fazia tempo que não dava uma passada por aqui
      R – Sei bem disso, pois sentimos sua falta. Favor não sumir de de novo – rs…

      Mencionei o fato de que jogadores de futebol, em sua maioria, são influenciados por fatores que as pessoas que não acompanham o esporte considerariam uma bobagem…E isso se estende a nós torcedores, qualquer torcedor, por mais racional e prático que seja, tem suas superstições etc…
      R – Vc nem imagina o quão supersticiosos são esse caras.

      Com relação ao hipotético embate que poderíamos ter contra nosso rival na Libertadores, disse para minha esposa que eles já entrariam em desvantagem, pois o histórico de eliminações para nós em 99/2000 iria pesar, ainda que a maioria dos jogadores de hj fossem crianças na época desses jogos e alguns talvez nem lembrem, mas isso afeta o psicológico!
      R – Meus colegas teriam batido nesta tecla de forma insistente e, com certeza, criariam um clima favorável para nós.

      Bem como as famosas meias brancas do fim do jejum de 1993, que desde então estiveram presentes na maioria de nossas conquistas (pessoalmente acho que nosso uniforme fica muito mais bonito com os meiões brancos, mas isso é apenas a minha opinião).
      R- As meias brancas em jogos decisivos foram inseridas pela primeira vez nos anos 60, e realmente ficam muito bem quando jogamos de camisas verdes e calções brancos.

      Não sei como são os vestiários do novo Palestra, mas no antigo Palestra Itália, havia a imagem de Evair na parede, comemorando o gol que nos tirou da fila em 1993, o jogador que passasse por ali, vendo aquela imagem e conhecendo, nem que fosse o mínimo da história do clube, para saber quão emblemático era aquilo, teria a obrigação de sentir o desejo de entrar em campo e fazer história, como nosso Eterno Matador fez em 12 de Junho de 1993!
      R – Os atuais vestiários do Palestra são repletos de fotos de craques do passado e de times que conquistaram títulos. ara onde se olha se vê um campeão e um ídolo da nossa história.

      Concluindo o raciocínio, não querendo me alongar ainda mais (peço desculpas pois me empolguei escrevendo) concordo com o Chapinha ( técnico que eu adorava, pois o conheci quando era moleque e treinava como goleiro no Paraná Clube ) a maioria dos jogadores, não tem intelecto para compreender a conversa de um psicólogo, porém, qualquer ser humano, independente do grau de escolaridade/instrução, gosta de saber que seu trabalho é apreciado e que confiam nele pra desempenhar sua função, e levando isso em conta, o Cuca realmente está sendo genial!!!

      R – Vc pode escrever o quanto quiser – o espaço aqui é seu.

      Abração.

  4. Permita-me discordar em alguns aspectos, Márcio.

    Entendi da mesma maneira essa declaração do Cuca. Tem mais efeito psicológico do que prático, com o intuito de resgatar a confiança dos atletas e impor respeito diante dos adversários.

    Mas, ao mesmo tempo, injeta um otimismo muito grande na torcida – que, como bem sabemos, de perfil extremista – e oferece munição de sobra para a imprensa criticar, cobrar, deitar e rolar. Traz um peso desnecessário para essa equipe, ainda desmontada e despreparada.

    Se caso engatarmos uma sequência de maus resultados, o que é super natural em uma competição de pontos corridos, a cobrança será ainda maior por termos nos intitulado de “candidato ao título”. E a realidade, HOJE, é muito diferente dessa. Não temos time pra ser campeão.

    O título do seu post reflete perfeitamente o que penso, mas se utilizarmos a palavra “droga” em sua interpretação pejorativa.

    Abraços!

    • Márcio Trevisan

      Mauro: acho que vc está um pouco pessimista demais.

      O time não foi desmontado – na verdade, até agora apenas um titular deixou a equipe, já que Lucas era reserva de Jean.

      Também discordo de que não temos time para ser campeão, pois o futebol hoje em dia está nivelado por baixo. Se não temos, quem tem? Atlético/MG me parece ser o único clube que, de fato, nos é superior no momento.

      Por fim, você está correto em relação aos efeitos colaterais que a declaração de Cuca poderá gerar. Mas tudo nesta vida tem um preço e, às vezes, nao há outra saída senão correr riscos.

      Forte abraço.

  5. A Imprensa Esportiva Canalha de São Paulo esta de LUTO !
    Vamos respeitar este momento de sofrimento, dor e angústia destes torcedores que tem foro privilegiado.

    • Márcio Trevisan

      Jair: já eu queria agradecer muito à torcida “deles”, e explico.

      Como as lágrimas ontem quase inundaram a Impressora, acabaram também por umidificar o ar paulistano e, desta forma, hoje estamos sofrendo menos com o ar seco.

      Abs.

  6. PALESTRINO NATO

    Eu acredito no titulo. A saida do Robinho sera pulverizada se vencermos as primeiras partidas. Estou com saudade de gritar é campeão num brasileirão.

    • Márcio Trevisan

      Pois é, Bibanco: já são quase 22 anos sem esta conquista.

      E se o Palmeiras é o maior campeão do Brasil, está mais do que na hora de comemorar mais um título do Campeonato Nacional.

      Abs.

  7. Se vencermos os 3 primeiros jogos, Atlético Paranaense (c), Ponte Preta (f) e Fluminense (c), ok! EU ACREDITO !
    Se perder 2 miseráveis pontos sequer nestes 3 jogos, buy bye, doce ilusão !

    • Márcio Trevisan

      Jair: nem tanto ao Céu, nem tanto à Terra.

      De fato, são 9 pontos que podem ser obtidos, pois seis deles serão em casa e, cá entre nós, mesmo em Campinas/SP a PP pode ser superada.

      Mas em um torneio com 38 jogos altos e baixos sempre acontecerão. O mais importante é o time estar sempre perto de 65% de aproveitamento, pois com tal porcentagem certamente seremos campeões.

      Abs.

  8. Márcio, boa tarde.

    Uma coisa é certa, alguns jogadores voltaram a jogar bem, ou começaram a jogar bem com o Cuca.

    Já com o Osvaldo e com o Marcelo o time não engrenava, pela passividade de ambos. Passividade essa que fazia com que os jogadores não se entregassem em campo, com exceção do que aconteceu na partida fnal da copa do Brasil do ano passado.

    Confesso que, pr’a mim, o Cuca era só mais um técnico, mas ele está se revelando um bom treinador, e mais, está limpando o elenco de jogadores que se achavam craques intocáveis, mas estavam acomodados.

    Tomara que a profecia dele se confirme.

    Um abraço.

    Gleimar

    • Márcio Trevisan

      Gleimar; creio que vc tocou em um ponto importante.

      Não gostei da dispensa do Robinho, pois creio que os dois que vieram do Cruzeiro/MG são inferiores, mas tal decisão pode, sim, ter sido um aviso tipo “se o cara mandou um dos destaques do time embora, pode mandar qualquer um”.

      E isso pode, sim, ter um efeito positivo no grupo.

      Abs.

  9. Paulo Eduardo Michelotto

    Bom dia Márcio!
    Só para mostrar a gana do nosso treinador, ele até já colocou, no passado, a faixa de campeão no meio do campeonato. Pena que ele não veio antes treinar o Verdão, quem sabe não tivéssemos avançados na Libertadores. Fora técnicos mortos. Forte abraço.

    • Márcio Trevisan

      Pois é, Paulo, mas as coisas só acontecem quando têm de acontecer.

      Torçamos para que o método psicológico de Cuca dê certo – e eu acredito que dará.

      Abs.

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