O COPO MEIO CHEIO. OU MEIO VAZIO.

Palmeiras faz uma das piores partidas do ano, mas se aproveita da fragilidade do Figueirense/SC. E volta a sonhar. 

Uma das qualificações que sempre ouvi desde que comecei a torcer pelo Palmeiras, e lá se vão quase de 47 anos, é que sou “corneteiro”. Jamais gostei deste termo, e talvez por isso tenha, por conta própria, dividido tal definição em duas – o positivo e o negativo.  

O corneteiro negativo é aquele chato que só sabe reclamar. Se o Verdão ganha de 5 a 0, ele queria que tivesse vencido por 8 a 0. Se um centroavante marca três gols no mesmo jogo, ele prefere lembrar daquele outro que ele perdeu. Se o time perdeu por erro do árbitro, ele nem dá bola – e fala que se a equipe fosse boa não teria juiz que a impediria de vencer.

Já o corneteiro positivo, dentre os quais humildemente me incluo, não deixa de reconhecer os pontos positivos apresentados pelo time em uma partida, ainda que admita que o futebol, como um todo deixou a desejar. Além disso, observa e valoriza o que de melhor realizou o atleta, mesmo salientando os pontos falhos que ele mostrou no jogo. E mais: comemora, sim, uma vitória, mesmo que ela tenha sido tão fria quanto esta noite de sábado paulistana. É a tal história do como meio vazio ou meio cheio, dependendo de quem o vê.

Jackson fez o primeiro gol do Verdão na Arena Palestra Itália

É óbvio que todo o texto acima, na linguagem jornalística antigamente conhecida como “nariz de cera”, a fiz para comentar os 2 a 0 que acabamos de impor ao Figueirense/SC, um time tão feio, mais tão feio, que só conseguiu me assustar quando vi em sua escalação nomes como Thiago Heleno, João Vítor e Juninho, jogadores que só fazem parte dos meus piores pesadelos.

Daqui a 10, 20, 50 anos alguém pesquisará os resultados do Palmeiras no Brasileirão de 2015 e chegará à conclusão de que esta foi uma boa vitória, que o time soube se impor frente ao adversário que, após jogar fechado todo o primeiro tempo, teve de se abrir logo aos 52 segundos da etapa final, quando tomou o primeiro gol – de bola parada, vale lembrar – e que já nos últimos minutos de jogo acabou levando o segundo – e de bola parada outra vez.

Só que como escrevo esta crônica apenas alguns minutos após o fim do jogo, preciso ver o copo meio vazio. O fato de o Figueirense/SC ter poupado titulares visando ao clássico com o Avaí/SC, no meio da próxima semana, um claro sinal do quanto eles não nos temiam, não explica não explica porque o Palmeiras não soube envolvê-lo. Da mesma forma, a postura extremamente defensiva adotada pelos comandados de Renê Simões também não serve como desculpa para uma noite nada inspirada, em que praticamente a equipe não criou uma única jogada decente.

Mas também tenho de ver o copo meio cheio. Após 11 partidas, conseguimos terminar sem levar gol (a última havia sido o 1 a 0 sobre o Santos/SP, em 19/07). Além disso, três pontos são três pontos e, mesmo que nem todos os resultados deste domingo nos favoreçam, o fato é que eles nos mantém firmes no sonho por uma vaga na próxima Libertadores. Por fim, uma vitória é sempre uma vitória, e estas ajudam a melhorar o ambiente, a diminuir a pressão e a aumentar a confiança.

É isso aí, amigo palmeirense: o copo está com água pela metade. Escolha a forma como quer enxergá-lo.

FOTOS DA CAPA: FERNANDO DANTAS E ARI FERREIRA
FOTO ACIMA: CÉSAR GRECCO

33 Responses to O COPO MEIO CHEIO. OU MEIO VAZIO.

  1. Estando de viagem e não podendo fazer comentários nos últimos jogos, e retornando com a pilha recarregada, só vou comentar sobre 2 coisas:-
    1º) As últimas 3 ou 4 partidas do Palmeiras foram idênticas aos últimos 2.645 jogos do nosso amado time PARTIDAS TENEBROSAS.
    2º) Sobre as duvidas do Ed Sousa sobre o porque do futebol ASSUSTADOR de vários jogadores que jogam diferente em outros clubes e nada produzem no Palmeiras, o próprio FILOSOFO Marcos, nosso ex-grande goleiro, que o Marcio Trevisan conhece muito bem desde quando era Assessor de Imprensa do Palmeiras, e dizia um festival de besterias, ele em raríssima oportunidade definiu bem esse FENÔMENO, quando afirmou:-
    Jogador de outros times quando vem pro Palmeiras, só pensam em:-
    2.1. Nos seus polpudos salários.
    2.2. Em comprar carros importados.
    2.3. Sair com dezenas de meninas e fazer filhos.
    2.4. BALADAS

    • Márcio Trevisan

      Jair, salve!

      Só fiquei com uma dúvida: quem dizia um festival de besteiras, eu ou o Marcos – Rs…

      Abs.

      • Ótima resposta pro meu comentário, Marcio …
        Sempre que eu te dou uma “esnucada de bico” como se diz na gíria do jogo de bilhar, você sempre sai espetacularmente com frases incríveis como esta resposta que você deu sobre o meu comentário, não confirmando nem discordando sobre as atitudes dessa legião de jogadores que ultimamente tem vestido a sagrada camisa verde-branco do nosso Palmeiras.
        Sobre o Marcos, certa vez ele disse que o Palmeiras tomava muitos gols de contra ataque no Palestra Itália porque o campo era “pequeno”, menor que por exemplo o Morumbi.
        No dia seguinte toda a Imprensa publicou que o Palestra Itália tinha 5,00 metro a mais no comprimento que o panetone. Só o Marcos pra dizer tantas besteiras !

        • Márcio Trevisan

          Jair: ótimo é sempre você, com seus comentários.

          Quanto ao Marcos, o que posso dizer é que, de fato, é um fanático palmeirense, foi um dos melhores goleiros de toda a história do clube e, por ter sido campeão mundial com a Seleção Brasileira, também um dos mais importantes camisas 1 do Brasil.

          Mas o que ele me deu de trabalho em razão da quantidade de imbecilidades que dizia, eu nem te conto.

          Abs.

  2. Emilio Maranga

    Olá Marcio.O jogo valeu pelos 3 pontos—-o meio campo e ataque continuam sem criar nada !Acho que nosso OLIVEIRA, ja jogou a toalha !!O FLAMENGO e BAMBIS vão brigar pela quarta vaga E pela CB nossas chances são poucas devido ao histórico em MATA-MATA pelo nosso OLIVEIRA————Perdeu em 2011 pro VASCO—2012 Palmeiras,em 2013 Flamengo, em 2014 River Plate e2015……………………………

    • Márcio Trevisan

      Olá, Emílio.

      Eu penso assim: enquanto houver chance matemática, eu acreditarei.

      No Brasileirão ainda poderemos, se vencermos uns três ou quatro jogos seguidos, obter uma das vagas à Libertadores, e na Copa do Brasil dependerá de um detalhe: se eliminarmos o Inter/RS começarei a sonhar com o título.

      Não acredito muito nesta história de que um técnico ganha um tipo de torneio e nunca ganha o outro. Acho que é mais coincidência.

      Abs.

  3. Roberto Alfano

    Bom dia, muito bom seu comentário caro Trevisan, como sempre valorizando O Palmeiras, o jogo não foi bom, mais a vitória foi a mais importante afim de sonhar ou buscar uma vaga na Libertadores 2016.

    Temos que acreditar e apoiar para conseguirmos alguma conquista, e vamos conseguir.

    Abraço.

  4. e falando em alecsandro, eu teria mesmo é contratado o borges, bem melhor que o alec…mas sorte a ele, precisamos dele pra tentar vencer a cdbrasil.

    • Márcio Trevisan

      Osni: então, esquece.

      Alecsandro não pode jogar a Copa do Brasil pois já defendeu o Flamengo no torneio.

      Abs.

  5. Fabiano Castro

    Marcio, esse nosso DM e preparação física devem ter algum problema, pois os atletas vivem se machucando e as contusões tem sido recorrentes.
    Não seria hora de dar uma verificada nisso?
    O que você pode nos dizer?

    • Márcio Trevisan

      Fabiano: o que posso garantir é que nosso Departamento de Fisiologia é um dos mais avançados e bem aparelhados do mundo, e que os integrantes do nosso Departamento Médico são profissionais sérios, competentes e experientes.

      Abs.

      • Paulo Bergo

        Márcio, bom dia.
        Respeito a sua opinião, mas todo ano temos um jogador importante machucado e o departamento médico demora demais pra colocalo novamente em ação. Infelizmente não gostaria de escrever isso mas o Bruno Mazziotti, fisioterapeuta daquela gente, já recuperou o Ronaldo Fenômeno o Pato e agora nos dois últimos anos o Renato Augusto sem nenhuma lesão grave. Alguma coisa diferente em capacidade “eles” têm que nós não temos. Esta é a minha opinião abraços

        • Márcio Trevisan

          Bergo: um dia, o DM do Verdão terá outros componentes.

          E aí vc verá que tenho razão.

          Abração.

  6. Não entendo como jogadores quando vem pro Palmeiras após certo sucesso em suas carreiras, conseguem ir tão mal com nosso manto. Podem e irão dizer: é que o Palmeiras é grande, a camisa pesa, e tal (concordo com isso) mas os times de onde estes vem também são grandes. Não entendo pq só aqui alguns desses jogadores não dão certo, e quando saem voltam a fazer sucesso, seja o time que for. Allan Patrick tá relativamente bem no Flamengo e o Alecsandro que sempre foi goleador, chega aqui e… Marquinhos Gabriel no santos vem jogando bem, alguns que daqui saíram fizeram bola campanha no Cruzeiro nestes dois anos passados. Sinceramente não entendo.

    • Osni, eu tenho a seguinte opinião. Para mim muitos jogadores não enxergam mais o Palmeiras como time grande. Para eles o Palmeiras é apenas uma passagem, um bico até conseguir um time melhor pra jogar. Eu sempre tive essa impressão da Portuguesa de Desportos de que os jogadores tratavam a Lusa apenas uma opção passageira até que aparecesse uma boa proposta e na ultima década eu tive esse impressão no Palmeiras. Um exemplo claro é o Alessandro que um dia antes de se apresentar ao Palmeiras ficou fazendo juras de amor ao Flamengo. É nítido e claro que ele não queria ter saído de lá.

      • Outro fator que acho que influencia essa moleza que eles jogam no Palmeiras é o tal salário por produtividade. Jogador não gosta disso, nunca vai gostar. Eles se comunicam entre eles, sabem quanto ganham os colegas dos rivais e óbvio, não tenho dúvidas de que só espera uma oportunidade pra jogar em times que paguem salários integrais independente se jogam ou se conquistam títulos. Ah, mais um fator é a facilidade com que jogadores são negociados no Palmeiras. Leandro Banana é um exemplo, nem completou 6 meses de clube e já abriram mão dele, então, por que vão se matar em campo ??

        • Obs: o que escrevi acima é apenas minha opinião baseada única e exclusivamente e meu achismo.

          Abçs !!!

        • Márcio Trevisan

          Você precisa analisar caso a caso.

          Que Alecsandro não queria ter deixado o Flamengo/RJ e público e notório, mas isso não explica seu baixo rendimento. Até porque ele se entrega em campo, luta muito, participa de jogadas. Mas, de fato, não tem conseguido sequer concluir a gol.

          No caso do Leandro Banana, em minha opinião é um centroavante apenas mediano, pouco melhor do que muitos do que passarão pelo Palmeiras recentemente. Portanto, a grana que ofereceram por ele foi irrecusável.

          Abs.

      • Márcio Trevisan

        Ed: é possível que você tenha razão, mas isso não se aplica somente ao Palmeiras – todo jogador de futebol sonha com a Europa ou com os milhões que pagam os clubes árabes, e defender uma equipe do tamanho do Palmeiras é sempre uma grande vitrine.

        Portanto, sua tese tem fundamento, mas não se aplica à Portuguesa Desp./SP, um clube que não possui nenhum espaço na mídia esportiva.

        Abs.

  7. Bom não assisti a partida, mas não deve ter sido diferente das outras apresentações bizarras que já tinha visto, mas pelo menos ganhou e fugiu um pouco do Z4. Abraços.

  8. Para o psicológico do time e também do torcedor a vitória foi muito boa, mas realmente apresentou um futebol sofrível. Alecsandro, meu Deus, que inhaca de jogador. Se a intenção é matar o pai de desgosto ele está conseguindo.

    Abçs !!!

    • Márcio Trevisan

      Ed: para ser sincero nunca acreditei nessa história de que Lela, o pai do Alecsandro, é palmeirense.

      Para mim, foi uma estratégia que o jogador utilizou para melhorar sua imagem junto à galera verde após dar juras de amor ao Flamengo/RJ.

      Abs.

  9. Mario Vespa

    Gosto muito das suas analises e comentarios.
    O que me ainda faz acompanhar o Palmeiras quase todos os dias nao é o futebol em sí (pra mim o Palmeiras nao se impoe como clube campeao desde 2000), mas a midia palestrina e seu amor eterno por uma marca que vive mais de historia que de presente…
    Parabens a todos os Palmeirenses. É isso que mantem o Clube forte e vivo nao mais as conquistas (infelizmente).

    • Márcio Trevisan

      Olá, Vespa.

      Fico grato e envaidecido com as suas palavras, as quais agradeço muito.

      Se compararmos o Palmeiras de 2000 para cá com o Palmeiras do século passado, de fato a diferença será gigantesca.

      Mas sabe o que é melhor? Como somos um gigante, sempre poderemos reverter esta situação e fazer nosso presente e, sobretudo, nosso futuro tão fortes quanto foi o nosso passado.

      Muito obrigado pelo seu post, seja bem-vindo a esta seção e… Escreva sempre.

      Abs.

      • Jorge Farani

        Já tive a oportunidade de dizer isso tempos atras, fazendo essa comparação de um time campeão do século passado x um time perdedor nesse século. Fica dificil entender um time como o Palmeiras, nos últimos 15 anos participa de mais de 40 competições e ganha 1 Paulistão, 1 Copa do Brasil e 2 Brasileiros da Serie B.É muito pouco para um clube da grandeza do Palmeiras! O respeito que impomos aos nossos adversários no século passado, perdemos no decorrer desse século. Se alguem tem dúvida do que estou dizendo é só verificar as eliminações contra o Asa de Arapiraca em 2002 e a contra o Vitoria em 2003, quando levamos 7×2 dentro da nossa cada. Lastimável assistir tudo isso!!!!

        • Márcio Trevisan

          Farani: lamentavelmente vc está coberto de razão.

          Se fizermos um ranking do século XXI, estaremos em últimos dentre os 12 grandes clubes do País.

          Mas o bom é que ainda há tempo de nos recuperarmos.

          Abs.

  10. Ola Marcio. Isso ai. Vencemos e nao tomamos gol. Mas aqui registro um comentario de meu filho de 8 anos no primeiro tempo: Esse Alecsandro é muito ruim e lento. O goleiro da Indonésia jogando no lugar dele é melhor!! Rs.

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