Futebol apresentado diante da Alemanha faz a Argélia dignificar o futebol. 

Sei que parece estranho iniciar uma crônica pós-jogo falando do derrotado, e não do vencedor. Mas o futebol – e os deuses que o regem – me permitem tal heresia, se é que desta forma podemos considerar este início de texto. Só mesmo neste que é, indiscutivelmente, o esporte mais imprevisível de todos, é capaz de fazer os olhos do mundo se arregalarem diante de uma atuação como a que teve a Argélia nesta noite.

O selecionado africano surpreendeu a Terra, mas principalmente a Alemanha. Nem em sonho que esta que é uma das maiores favoritas à conquista da Copa do Mundo poderia imaginar que teria de suar tanto, de correr tanto, de se entregar tanto para obter uma vaguinha nas quartas-de-final. Tivessem os argelinos apenas um pouquinho mais de qualidade na hora do passe final ou do toque final e, possivelmente, a esta altura a festa seria alviverde, e não alvinegra.

Mas o que me chamou a atenção não foram as chances criadas ou desperdiçadas pela Argélia, e sim a sua cabeça erguida, o desejo de conseguir um feito histórico e chegar entre os 8 melhores do mundo e, principalmente, tudo isso sem dar um pontapé, sem nunca ser desleal, sem fazer cera, jogando sempre de forma vertical, como se perguntasse aos alemães e ao resto do planeta: “Por que não?”.

Parabéns, Argélia. Se a Alemanha, merecidamente, está onde deveria estar, sua atuação no Beira Rio apenas valorizou e honrou ainda mais tal feito.

AH, SE TIVESSE O RIBERY… – O maior craque da França, como sabemos, não pôde vir ao Brasil, mas a cada apresentação de sua seleção fica ainda mais forte a certeza de quem perdeu mais foi a Copa do Mundo, e não o time. Hoje, mesmo sem ter tido uma atuação brilhante e tendo pela frente uma Nigéria que nada tinha a perder – e que justamente por isso também ousou sonhar com a classificação -, ficou evidente que os franceses têm elenco, conjunto e muita, mas muita qualidade. No próximo sábado, podem apostar: vai ser difícil pacas para a Alemanha garantir a presença nas semifinais. E o cara aí de baixo, o excelente Pogba, será a maior prova disso.