O TOMA LÁ DA CÁ DO FUTEBOL

Entenda por que o Palmeiras se reforça com jogadores para setores e posições que já estão abarrotados de atletas.

Durante o período em que a Série B foi interrompida, a diretoria do Verdão saiu às compras e reforçou o time com dois atletas que chegam para jogar: Mendieta e Alan Kardec. Mas vieram, também, nomes total ou parcialmente desconhecidos, contratados por empréstimo ou definitivo, cuja chegada poucos entenderam: Eguren e Felipe Menezes.

Por que, afinal , nosso clube trouxe para o já pra lá de inchado elenco profissional mais um volante e um meia, se para estas posições já conta com nada menos do que 17 (!!!) nomes: Márcio Araújo, Wesley, João Denoni, Wendel, Marcelo Oliveira, Charles, Léo Gago, Valdivia, Patrick Vieira, Tiago Real, Bruno Dybal, Diego Souza, Edílson, Ronny, Rondinelly, Serginho e Mendieta? 

É que no futebol prevalece o famoso “toma lá, da cá”. Explicando: um clube se interessa por determinado atleta, chega a um acordo com seu time, mas recebe o “pedido” por parte do vendedor em relação a outro jogador, geralmente em baixa, pouco aproveitado e com salários que tornam a relação custo/benefício nada vantajosa. Assim, a negociação fica meio que condicionada a ser “casada”: pra levar um, terá de levar o outro.

Felipe Menezes: fracasso no Benfica/POR não impedirá possível sucesso no Palmeiras.

Às vezes, isso envolve também empresários. Em sua maioria desprovidos de maior cultura, jogadores de futebol quase sempre fazem aquilo que seus “representantes” indicam. Assim, da mesma forma que podem ouvir algo como: “Palmeiras? Nem pensar. Se caiu para a Série B é porque tem muitos problemas. Jogar lá seria uma fria pra você”, também podem ouvir uma frase como “Palmeiras? Excelente. Está na Série B, é verdade, mas é o maior campeão do Brasil. Jogar lá será maravilhoso pra você”. 

E o que faz o empresário decidir por uma ou outra frase? O que o clube lhe oferece em troca. Algumas vezes, este profissional tem em seu cartel um outro jogador, que não vive boa fase ou mesmo que deseja trocar de clube. Aí, entra a troca de favores: ele orienta um a aceitar a proposta e, em contrapartida, o outro ganha novos ares.

É bom lembrar, também, que às vezes este “toma lá, dá cá” acaba dando certo. Por exemplo: em 1976, o Palmeiras foi a Recife/PE para contratar o craque do Náutico/PE, o meia-esquerda Vasconcelos. De quebra, trouxe como brinde o também meia, porém direita, Jorge Mendonça. Ninguém dava nada àquele negro esguio e habilidoso, e ele se tornou um dos maiores craques de toda a nossa história.

Não quero, com estas afirmações, garantir que o “toma lá, dá cá” aconteceu em relação às vindas de Eguren e Felipe Menezes, e nem mesmo que estes jogadores não possam dar certo no Palmeiras – de repente, transformam-se até em ídolos para todos nós. Meu objetivo foi apenas mostrar a você, internauta amigo, um pouquinho de como é o futebol quando a porta dos vestiários se fecha.

A conclusão é totalmente sua. 

6 Responses to O TOMA LÁ DA CÁ DO FUTEBOL

  1. Grande Trevisan! que bom que vc voltou….muita saude pra vc! abraços, Francesco

  2. Mauricio Mahfud

    Prezado Marcio, que bom ve-lo de volta ao “nosso” site! :-)

    O que vc achou tecnicamente das contrataçoes de Mendieta, Kerdec, Eguren e F. Menezes?

    E o que acho, na parte tecnica tb, sobre as saidas M. Ramos, Maikon Milk e Kleber?

    Eu achei que nos reforçamos nao só com as chegadas mas tb com as saidas, vc concorda? (So quero deixar claro que, tenho muito respeito pelo M. Ramos, que é ruim, mas que é verdade sempre tratou nosso manto com respeito, e me lembro estando em loco no Couto Pereira na final da copa Brasil 2012, como ele foi um gigante, mas acho que foi bom sair depois de tanto tempo).

    • Márcio Trevisan

      Olá, Maurício.

      Gostei muito das contratações do Kardec e do Mendieta, embora este talvez demore um pouco mais para render todo o seu futebol, já que vem de um outro país e a adaptação é sempre mais complicada.

      Quanto a Felipe Menezes, quero que ele se torne o maior jogador de nossa história, mas a explicação de sua vinda se explica neste texto, o qual você acabou de ler. Por fim, confesso que não conheço Eguren a ponto de opinar sobre seu futebol.

      Em relação às saídas, a de Kléber deve ser comemorada como se fosse um título mundial, o mesmo se aplicado à de Maikon Leite (espero que ele de fato se defina, seja lá para onde for). Já Maurício Ramos, mesmo limitado tecnicamente, merece meu respeito pois sempre dignificou a nossa camisa, e eu nunca vou me esquecer de que ele se negou a participar da vergonha de Mirassol.

      Abraços, obrigado e apareça sempre no nosso site.

  3. Antes o elenco era reduzido e agora passou a ser inchado. Cadê o equilíbrio nas contratações? Contratou, contratou e agora tem que dispensar… Nada lógico, mas ok pelo visão apresentada pelo Trevisan, é uma situação que deve acontecer mesmo. Todavia, não dá para entender o motivo de tantos jogadores por setores/posições. Teria que juntar uns 5 “meia boca” para dar um interessante. Agora o que vai acontecer? “Ah e já sei…” Libera as pratas da casa por empréstimos com a justificativa de pegarem experiência…

    • Márcio Trevisan

      Olá, Thiago.

      Sobre este assunto, leia matéria que inserirei no site nesta quarta-feira.

      Abs.

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