MÁRIO SÉRGIO: UM GÊNIO SEM TÍTULOS

CERTA VEZ, UM JORNALISTA EM COMEÇO DE CARREIRA ME PERGUNTOU QUAL HAVIA SIDO O MELHOR JOGADOR QUE EU VIRA ATUAR NO PALMEIRAS. MINHA RESPOSTA FOIIMEDIATA: “LUÍS PEREIRA”. MAS, NÃO CONTENTE, ELE ENTÃO ME DISSE QUE CRAQUES DAS DUAS ACADEMIAS NÃO CONTAVAM. ENTÃO, MINHA RESPOSTA FOI AIDNA MAIS RÁPIDA: “MÁRIO SÉRGIO”.

“Mário Sérgio!?”, espantou-se o novo colega. “E Evair, Edmundo, Djalminha, Valdivia?”, perguntou.

De fato, os jogadores que o à época “foca” lembrou tiveram uma trajetória imensamente superior à do craque que lembro agora, seja em tempo de clube, número de partidas disputadas, gols marcados ou títulos conquistados. Ocorre, porém, que o hoje às vezes treinador, às vezes comentarista de futebol Mário Sérgio atuou numa época terrível para o Verdão, quando o jejum de títulos importantes já angustiava a massa e nossa diretoria montava um time pior do que outro a cada temporada e por vezes até mesmo dentro da própria temporada.       

Assim, coube a Mário Sérgio ser no Palmeiras aquilo que foi em todos os clubes que defendeu: maestro. A diferença é que os músicos que tinha a comandar em nosso time eram, em sua maioria, desafinados, o que aumentava de maneira sobrenatural o seu trabalho. Mas nem isso foi capaz de ofuscar o seu inesgotável talento na armação de jogadas, quando na função de falso ponta-esquerda ele fazia o trabalho de um camisa 10 dos bons tempos.

Sempre temperamental e sujeito a confusões (certa vez, quando defendia o São Paulo/SP, atirou com seu revólver para o alto a fim de espantar torcedores após uma derrota do time), o “Vesgo” – apelido que ganhou em seus primeiros anos de carreira por ter a habilidade de olhar para um lado e lançar a bola de forma precisa para o outro – poderia ter tido uma história maravilhosa em nosso clube se não houvesse manchado sua carreira de forma definitiva. Após uma vitória sobre o São Paulo/SP, no Morumbi (2 a 1, em 09/09/1984), ele foi pego no exame antidoping por uso de cocaína. Tal atitude lhe valeu uma primeira suspensão por quatro partidas e, após um breve retorno, mais uma pena de cinco jogos de afastamento.

Nem é preciso dizer que, sem seu melhor jogador, o Verdão caiu demais de rendimento em um campeonato no qual, até então, era o maior favorito ao título, já que a disputa era no sistema de pontos corridos e nos distanciávamos ainda mais a cada rodada dos outros concorrentes. Nas nove partidas em que não pôde escalar o genial jogador, o técnico Fedato viu sua equipe ganhar duas, empatar três e perder quatro vezes. Quando, enfim, foi totalmente liberado para jogar, o clima entre ele e o restante do elenco já não era o mesmo e o Palmeiras não conseguiu chegar nem perto da taça – terminou aquele Paulistão na 4ª colocação e sete pontos atrás do Santos, o campeão. 

Apesar deste problema, Mário Sérgio foi mantido no elenco para a temporada seguinte e, após a chegada de Joãozinho, ponta-esquerda emprestado pelo Cruzeiro/MG, passou a jogar oficialmente no meio-campo e a novamente encantar a todos com seu futebol refinado, que bem lembrava aquele que o Verdão apresentava nos tempos de ambas as Academias. Mas, como disse acima, seu temperamento era mesmo complicado e, após se negar a viajar de ônibus até São José do Rio Preto/SP para um jogo contra o América/SP, teve seu contrato rescindido pela diretoria.

Ficha Técnica Nome: Mário Sérgio Pontes de Paiva
Data e Local de Nascimento: 07/09/1950, no Rio de Janeiro/RJ
Posição: Meia-esquerda
Estreia: 21/06/1984 – Juventus/SP 0 x 2 Palmeiras
Despedida: 02/10/1985 – Palmeiras 0 x 1 Santo André/SP
Jogos: 55
Gols: 03

16 Responses to MÁRIO SÉRGIO: UM GÊNIO SEM TÍTULOS

  1. Márcio, desculpe mas esse cara não acrescentou nada a história do Palmeiras a não ser por suas atitudes destemperadas. Como eu vi jogar Ademir, Dudu, Djalminha, Alex, Leivinha, Cesar, etc…. fica difícil lembrar dele.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Walter.

      Não há razão nenhuma para se desculpar. Nossas opiniões apenas divergem quanto a este ex-jogador, só isso.

      Abração.

  2. Amigo Marcio, lembro ver esse cara jogar no Inter de P Alegre… comandou o time deles… na vitória de 6 x 0 .. dava dó de ver o Palmeiras.. tomando aquela goleada..
    Tempos difíceis.. iguais agora..
    Valentine.

  3. Prezado Márcio,
    trata-se apenas de uma curiosidade da minha parte : você não viu Ademir da Guia jogar? Ele parou aos 35 anos, em 77, devido a um sério problema de saúde. A qualidade do seu futebol foi inquestionável até o fim da carreira.
    Estou gostando de ver anúncios no seu site (nosso, segundo você). Quem trabalha com comunicação social sabe como é importante a publicidade.Quero ver o Senhor Palmeiras recheado de anúncios!
    Abraço do
    Penna Filho

    • Márcio Trevisan

      Oi, Penna.

      Para ser sincero, não vi o Divino em campo. Quando ele parou, em setembro de 1977, eu tinha apenas 9 anos e, embora já soubesse de sua genialidade, não o acompanhei no estádio por mais de dois ou três jogos.

      Quanto aos anúncios, agradeço a sua torcida, mas por ora eles nem chegam perto de cobrir meus gastos com o nosso site. Vc e os demais internautas podem ajudar bastante deslizando o mouse sobre cada anúncio.

      Abs.

      • Antonio Manara

        Penna!
        Eu vi o Divino jogar desde o incio da carreira dele no Palmeiras e sua genealidade foi ate ele parar. Na minha opiniao ele nao devia nada ao Pele, apenas faltava o marketing, ele nunca foi de fazer propaganda do seu nome.

        • Olá, Manara!
          Fomos dois felizardos acompanhando a carreira do Ademir. Ótimos tempos, não, companheiro?
          Abraço do
          Penna Filho

  4. Márcio me bateu uma curiosidade, porque você não publica notícias sobre a vida política do Verdão? É uma opção jornalística?

    • Márcio Trevisan

      Olá, Tiago.

      Exatamente. Não me envolvo com a política do Palmeiras porque a conheço muito bem.

      Mas, quando um assunto me chega, não me furto de comentá-lo. Por exemplo: há pouco tempo, inseri uma reportagem falando sobre Affonso Della Monica Netto e o poder que ele, hoje, desfruta dentro do clube.

      Abs.

  5. Eu me lembro bem dessa época.
    Uma vez fui ao Pacaembu com meu pai e vi o Palmeiras vencer por 1×0, gol de falta do Mario Sérgio. Foi em outubro de 1984.
    Esse jogo marcou porque foi o ultimo que pude assistir ao lado do meu pai, que uma semana depois, veio a falecer.

    • Márcio Trevisan

      Oi, Cassiano.

      O jogo em questão foi contra a Portuguesa Desp./SP, no dia 7 de outubro de 1984, e valeu pelo Paulistão. Apenas para registro, segue a escalação do Verdão naquele jogo: LEÃO; DIOGO, LUÍS PEREIRA, VÁGNER BACHAREL e PAULO ROBERTO; MÁRCIO ALCÂNTARA, JORGINHO e CARLOS ALBERTO BORGES; GILCIMAR, LUIZINHO LEMOS e MÁRIO SÉRGIO. Nosso técnico era o Fedato.

      Abs.

  6. Infelizmente na decada de 80 o Palmeiras contratava muitos craques em final de carreira, Mário Sérgio como você citou, Reinaldo ex Atlético, joãozinho, Leão, o próprio Luiz Pereira, Romeu e por aí vai…Abraços

    • Márcio Trevisan

      Olá, Maciel.

      Permita-me discordar de dois nomes.

      1 – Luís Pereira retornou ao Palmeiras em 1981 (portanto, com apenas 31 anos), e foi por muito tempo ainda o melhor zagueiro do Brasil.

      2 – Leão voltou ao Verdão após ser campeão paulista pelo time “deles” e, na época, era o titular da Seleção Brasileira.

      Abs.

      • Márcio me lembro de um gol em uma jogada do Mário e o Luizinho, os dois vieram tabelando desde o meio campo, vc pode recordar contra quem foi? abraços.

        • Márcio Trevisan

          Vamos lá, Maciel.

          O jogo em questão também foi disputado no Pacaembu e válido pelo Campeonato Paulista. O placar final apontou nossa vitória por 4 a 1, e além de Mário Sérgio marcaram também Jorginho, Paulo Roberto e Diogo. Detalhe: Eu estava no Pacaembu e, se puxar pela memória, se lembrará de que após o gol todo o estádio aplaudiu de pé Mário Sérgio.

          Confira a nossa escalação: LEÃO; DIOGO, LUÍS PEREIRA (MAXWELL); VÁGNER BACHAREL e PAULO ROBERTO; MÁRCIO ALCÂNTARA, JORGINHO e CARLOS ALBERTO BORGES; GILCIMAR (REINALDO XAVIER), LUIZINHO LEMOS e MÁRIO SÉRGIO. Nosso técnico foi Fedato.

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