O PRIMEIRO CAMPEÃO NO PACAEMBU

Faturar um título é excelente. Se for em um estádio novinho, melhor ainda. E sobre “eles”, não tem preço.

Como já tivemos a chance de contar nesta mesma seção, a inauguração do Estádio do Pacaembu se deu em um quadrangular batizado de Torneio Cidade de São Paulo. Na preliminar, massacramos o Coritiba/PR por 6 a 2 e garantimos nossa presença na decisão. Nesta, o Palestra Itália foi medir forças com o Corinthians/SP, que eliminara o Atlético/MG no jogo de fundo da rodada inicial.

Embora o grande rival palestrino tivesse em seu time bons jogadores e pelo menos dois craques consagrados, o meia Servílio (pai do futuro ídolo palmeirense nos anos 60) e o centroavante Teleco, um dos maiores camisas 9 que passaram pelo Parque São Jorge, era inquestionável a supremacia alviverde. Além disso, o time vivia uma fase muito melhor, com o atacante argentino Echevarrietta em dias de intensa produtividade.

Devido à grande rivalidade, o Pacaembu ficou quase lotado. Números oficiais apontam a presença de 60 mil torcedores, que dividiram arquibancadas e sociais irmanamente. Sim, meus amigos, naquela época a violência que hoje impera no futebol não existia.

O clássico foi bem disputado, com uma ligeira superioridade palestrina Aos 17 minutos, Luizinho Mesquita cobrou arremesso lateral para Elyseo que, mesmo cercado por Agostinho, conseguiu cruzar para a grande área. A bola estava nos pés de Munhoz, mas ele falhou feio e facilitou a vida de Echevarrietta, que só teve o trabalho de empurrá-la para o fundo das redes. A bem da verdade, o Corinthians/SP poderia ter empatado ainda na etapa inicial, mas esbarrou nas grandes atuações do goleiro Gijo e do zagueiro Carnera.

Elyseo disputa lance durante conquista palestrina

No segundo tempo, porém, não demorou quase nada para a igualdade no placar se concretizar: aos 2 minutos, Teleco troca passes com Servílio, que lança Joane e este toca para Carlinhos, na ponta esquerda. O avante canhoto cruza forte e rasteiro, Begliomini tenta cortar e acaba marcando contra.

O Palestra Itália não sentiu o gol e passou a dominar a partida. Resultado: aos 29, Agostinho fez falta em Carioca, Del Nero cobrou alto e Luizinho Mesquita, de cabeça, fez o gol do título.

Ao apito final do nosso ex-centroavante Heitor – pois é, ele mesmo… – nós rimos e eles choraram. Tem coisa melhor?

Confira os dados disponíveis da histórica partida:

TORNEIO CIDADE DE SÃO PAULO/1940 – FINAL

2 x 1

05/05/1940

16h00

ESTÁDIO PAULO MACHADO DE CARVALHO – PACAEMBU, EM SÃO PAULO/SP

NÃO DIVULGADA

60.000 PAGANTES


HEITOR MARCELINO DOMINGUES/SP

ECHEVARRIETTA AOS 17 MINUTOS DO PRIMEIRO TEMPO. BEGLIOMINI (CONTRA) AOS 2 E LUIZINHO MESQUITA AOS 29 DA ETAPA FINAL

GIJO
-
CARNERA
BEGLIOMINI
-
CARLOS MESQUITA
SIDNEY
DEL NERO
-
LUIZINHO MESQUITA
SANDRO (CANHOTO)
ELYSEO
CARIOCA
ECHEVARRIETTA

TÉCNICO: CAETANO DE DOMENICO

INGLÊS
-
JANGO
AGOSTINHO
-
SEBASTIÃO
DINO
MUNHOZ

LOPES
SERVÍLIO
TELECO
JOANE
CARLINHOS

TÉCNICO: ARMANDO DEL DEBBIO

2 Responses to O PRIMEIRO CAMPEÃO NO PACAEMBU

  1. Márcio,
    Esse fato sobre a convivência pacífica entre palmeirenses e corintianos na festa do Pacaembu nos longínquos anos 40 me chamou a atenção para um ocorrido nesta última quarta, 25 de janeiro, e que achei significativo compartilhar aqui entre palmeirenses.
    De fato , estive presente em nosso primeiro jogo na capital na companhia de alguns amigos. Por insistência deles, concordei em nos misturar junto a torcida organizada, no caso a Mancha. Eis que após uma improvável tentativa de bicicleta de Ricardo Bueno a outra torcida organizada, a TUP, situada do lado oposto, puxou o coro de “Palmeiras”. Imagine qual foi minha surpresa quando um rapaz interpelou meus amigos, que passaram a acompanhar o coro empolgados, afirmando que se quisessem acompanhar tal torcida, era pra lá que deveríamos nos dirigir. Infelizmente, o tamanho do rapaz e minha constituição de frango não me permitiram uma resposta espirituosa, algo como “ah, me desculpe, pensei que fôssemos todos palmeirenses…”. Não. Por bem da minha saúde, não retruquei. E daí me lembrei que há alguns anos atrás, numa derrota pro São Paulo no Morumbi, houve também um choque violento entre estas facções.
    Meu caro Márcio, me pergunto : não seria esse sectarismo feroz entre nossas torcidas um terrível sinal de nosso futuro? um reflexo da pequenez de nossa classe dirigente, que sempre coloca suas vaidades acima do clube que tento amamos? Sabe, é triste ligar a televisão agora e ver que o clássico ribeirão-pretano leva mais gente ao estádio do que nossa torcida, por pior que seja esse elenco(e cá entre nós,:já tivemos piores que tinham uma média de ´público mais digna).Gostaria da sua opiniãop sobre isso.

    abs,

    • Márcio Trevisan

      Celso: o fato que se deu contigo e a tal torcida a que vc se referiu não me espanta. Tratam-se, em sua maioria, de torcedores da própria facção, e não do Palmeiras.
      Fica aqui o conselho: nunca mais se aproxime deste tipo de torcedor, pois você só terá a perder.
      Abs.

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