GALEANO: O TEMPO FOI A SUA RESPOSTA

Odiado por boa parte da torcida, volante prova o quanto poderia ter sido útil quando o time cai, em 2002.

“O palmeirense só dará o devido valor ao Galeano no dia em que ele não estiver mais no Palmeiras”.

Esta frase foi dita pelo técnico Luiz Felipe Scolari, um dos maiores defensores deste jogador que, sem dúvida alguma, entrou para a história do Verdão pelo número de partidas que disputou – 470, o que o torna o 12º atleta a mais vezes ter defendido o nosso clube –, pelos vários e importantíssimos títulos que ganhou e, talvez e principalmente, pela perseverança que sempre demonstrou: afinal, não deve ser nada fácil para alguém trabalhar em uma empresa por 11 anos e ver milhares de pessoas lhe torcendo o nariz quase que diariamente.

E foi justamente este o ambiente que Galeno, hoje um dos coordenadores-técnicos da equipe, encontrou no Verdão. Revelado pelas categorias de base do clube, ele foi lançado no time titular com apenas 17 anos pelo técnico Émerson Leão. Limitado tecnicamente, compensava tal deficiência com um apurado senso de marcação e com uma entrega em campo de dar inveja a muita gente. Mas entre 1989 e 1992, como sabemos, o Palmeiras enfrentava um terrível período sem títulos, e um dos alvos preferidos da torcida era aquele garoto loiro.

Galeano comemora o gol mais importante da sua carreira

Não teve jeito: no começo de 1993, ele foi emprestado ao Rio Branco/SP e, depois, ao Juventude/RS, onde permaneceu até o fim de 1995. E como após sua saída o Verdão voltou a ser o papa-títulos de sempre (faturou, entre outros, os bicampeonatos paulista e brasileiro), não foram poucos os maldosos que apregoaram que o fim da fila alviverde somente havia acontecido porque Galeano não estava no elenco.

O jogador, porém, provaria que estavam errados seus mais ácidos críticos – ou seja, a maior parte dos palmeirenses. De volta em 1996 a pedido de Wanderley Luxemburgo, ele fez parte do grupo que conquistou o Paulistão de maneira sensacional. Com a chegada de Luiz Felipe Scolari, no meio de 1997, ganhou status de titular, tornou-se o xodó do treinador e até de quarto-zagueiro chegou a atuar. E, desta forma, deu várias voltas olímpicas, carregando históricas taças. E mesmo que nada disso tivesse acontecido, apenas o gol da vitória sobre o Corinthians/SP, pela Libertadores de 2000, que levou a decisão da vaga aos pênaltis, já teria sido suficiente.

E foi então que a torcida reconheceu o seu valor? Não. Mesmo com tamanho currículo, Galeano levou o azar de ser o menos hábil em times nos quais sobravam craques. Assim, a comparação era inevitável. Também, pudera: na época, o Palmeiras contou com nomes como César Sampaio, Djalminha, Rivaldo, Alex, Zinho, Evair…

Mas Galeano resistia. Apesar de tantas críticas, sentia-se em casa, gostava do clube. Até que após o Campeonato Paulista de 2002 o mesmo Luxemburgo que solicitara sua volta pediu à diretoria que o dispensasse, pois não teria lugar no time que armaria para o Brasileirão daquele ano. Como sabemos, Luxa ficou apenas uma rodada, se mandou para o Cruzeiro/MG e, sete meses após ter mandado o volante embora, o Palmeiras caiu para a Segunda Divisão.

E não foram poucos os que, naquela trágica tarde de domingo, se lembraram da previsão feita anos antes por Luiz Felipe Scolari.

Ficha Técnica

Nome: Marcos Aurélio Galeano
Data e Local de Nascimento: 28/03/1972, em Ivaiporã/PR
Posição: Volante
Estréia: 22/10/1989 – Fluminense/RJ 0 x 1 Palmeiras
Despedida: 14/04/2002 – Ponte Preta/SP 2 x 1 Palmeiras
Jogos: 470
Gols: 26
Títulos Mais Expressivos: Paulista/96, Copa do Brasil/98, Mercosul/98, Libertadores/99, Rio-São Paulo/00, Copa dos Campeões/00

4 Responses to GALEANO: O TEMPO FOI A SUA RESPOSTA

  1. Prezado Márcio.
    Você me fez chorar! Naquele tempo, criticávamos o Galeano e veja a relação de jogadores que você citou acima; Sampaio, Zinho, Evair, Djalminha, Alex……..Nossa!!!!!!! E hoje Márcio, e hoje?

  2. Galeano e Tadei saudades , pois estes suavam a camisa

  3. Prezado Márcio,
    junto-me ao Francesco, considerando justa a homenagem a esse tão humilhado e ofendido Galeano, atleta que nunca fugiu de divididas na defesa do nosso Palmeiras.
    Sim, ele não era brilhante e seu futebol era tosco, mas na maioria dos grandes times que vi, de clubes e/ou seleções, sempre observei a presença importante de um jogador com as características do Galeano.
    Abraços do
    Penna Filho

  4. Grande Trevisan! Justa homenagem a este GUERREIRO!!!!

    Galeno será eterno nos corações de palmeirenses de verdade, esta parte da torcida que os criticou não entendem nada de futebol… todo time tem que ter jogadores que, podem nao ser craques mas que JOGAM COM O CORAÇÃO !!! COM RAÇA… e este é nosso eterno Galeano! batalhador, corajoso.

    Desejo a ele boa sorte neste “ninho de cobras” que ele está hoje como supervisor de futebol no nosso clube (trabalhando ao lado de diretores e cartolas amadores pois cada ano que passa estão diminuindo e apequinando nosso Alviverde)…pois com certeza tem gente dentro do clube toda hora querendo derrubar ele também!

    MUITO OBRIGADO GALEANO por todos esses anos de serviços prestados como jogador e por honrar com hombridade nossa camisa!!!!

    abraços, Francesco.

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