CAP. 29: E O PALESTRA NÃO QUI SER CAMPEÃO…

Enganam-se aqueles que pensam que somente agora a nossa diretoria atrapalha o time. Isso vem de longe…

Há quem diga, e não são poucos, que o vice-campeão nada mais é do que o primeiro entre os últimos colocados. Exageros à parte, é até melhor para uma equipe terminar campeonatos seguidamente na terceira posição do que ficar tachada de “amarelar” por perder sempre na hora da decisão.

Ainda bem que tal situação, algo comum hoje em dia, no passado não era desta forma encarada. Caso a tivesse sido, certamente o Palestra Itália teria carregado a pecha de medrar sempre que uma partida decisiva acontecesse ou, então, de não conseguir chegar ao título, ficando invariavelmente apenas a alguns pontos da grande conquista.

Dito isso, já percebeu o amigo internauta que o tema principal deste não é dos mais agradáveis. Falamos, assim, do Campeonato Paulista de 1923, no qual o Verdão lutou muito, porém não foi mais além do que o segundo lugar.

A bem da história, é preciso que se ressalte que isso só aconteceu porque a diretoria palestrina resolveu abrir mão do título. Às vezes, a arrogância e a certeza de que se é superior a tudo e a todos custa muito caro. E foi devido a uma absurda decisão tomada pela direção do clube que entregamos o título, de mão beijada, ao nosso maior rival.

Francesco de Vivo: erro do presidente fez Palestra perder a taça (foto: site Palestrinos)

Esta decisão, inadmissível nos dias de hoje, teve origem no jogo do dia 9 de setembro, quando o Palestra Itália derrotou o Germânia por 3 a 2. O resultado foi bastante contestado pelos jogadores do clube de origem alemã devido a um gol marcado, segundo eles, ainda do tempo normal, e que faria com que a partida terminasse empatada. Contudo, o árbitro Sebastião Cravallos, alegando ter apitado o fim da partida antes que a bola tivesse ultrapassado a linha fatal, decretou a vitória palestrina.

Inconformada, a diretoria do Germânia levou o caso para a APEA, que decidiu marcar um julgamento para a questão. Esta posição tomada pela entidade que organizava o Paulistão causou um profundo mal-estar entre os palestrinos. Não havia chance alguma de o resultado do jogo ser alterado, mas somente o fato de ter uma vitória obtida no campo de jogo discutida nos tribunais já arranhou a superioridade que o Palestra julgava ter.

A fim de mostrar a sua força e provando confiar totalmente na capacidade de sua equipe, a diretoria alviverde comunicou à APEA que, em represália ao fato, deixaria de comparecer à partida seguinte, perdendo desta forma por WO. Assim, diziam os italianos, o clube comprovaria sua grandeza e, mesmo desperdiçando dois pontos, ainda haveria de conquistar o título.

O que ninguém pareceu ter se lembrado é que o jogo seguinte seria contra o Corinthians, justamente a equipe que mais próxima estava da taça. Diante da decisão de não entrar em campo e desta forma ser considerado perdedor, ficamos três pontos atrás do rival quando faltavam somente três rodadas para o fim do Campeonato Paulista.

Cumprindo aquilo que prometera, nossa equipe venceu os seus três últimos jogos, enquanto o time da Ponte Grande perdeu sua última partida, para o Sírio, por 3 a 2. Ou seja: se tivesse jogado o clássico marcado para o dia 16 de setembro e se o tivesse vencido, a festa do título paulista de 1923 teria sido alviverde, e não alvinegra.

Quando o presidente Francesco de Vivo fez as contas, já era tarde demais.

Obs.: Esta seção será atualizada em 24/09/2011.

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