CAP. 24: A CASA É NOSSA !

Em 1920, o Parque Antártica se tornou nosso. E pensar que há time grande que não tem estádio até hoje…

O sonho da casa própria não é inerente aos dias de hoje. Na verdade, morar sob um teto que lhe pertencesse sempre foi o maior objetivo de todo e qualquer ser humano. Não à toa, o Palestra Itália já sentia falta de um campo onde pudesse mandar suas partidas sem ter que pagar aluguel.

Como se sabe, o Parque da Antarctica Paulista sempre foi o local preferido pelos palestrinos. Contudo, não lhes pertencia. Assim, jogávamos desde amistosos até partidas decisivas num estádio que até parecia ser nosso, mas na verdade nada mais era do que um imóvel locado aos primeiros dirigentes do nosso amado clube.

Antes, porém, de contarmos como se deu a compra do Parque Antarctica, façamos um breve resumo da história do local. Em 1885, a cidade de São Paulo assistiu à fundação da Companhia Antarctica Paulista de Bebidas. Com acelerado ritmo de crescimento, a empresa resolve abrir para o público paulista, em fevereiro de 1902, o amplo espaço aonde funcionava a cervejaria. Eram 300 mil metros quadrados de área verde nos quais, além da fábrica, começaram a funcionar parques infantis, pistas de atletismo, circos temporários, quadras de tênis e espaços para piqueniques, um hábito que hoje, no frenético ritmo de São Paulo, soa estranho, mas que no começo do século passado era algo corriqueiro na elite paulistana.

Antiga fachada do Parque Antártica

Foi desta maneira que nasceu o “Parque da Antarctica Paulista”, um local que hoje poderia ser comparado ao Parque do Ibirapuera, e que aos poucos criava as condições necessárias para a prática do futebol. É que lá, pouco depois, foi criado, também, o campo de futebol, um dos primeiros da Cidade de São Paulo.

Em 1902, foi disputado o primeiro torneio oficial de futebol no Brasil, o Campeonato Paulista, e coube ao Parque Antarctica a honra de ser o local da disputa da primeira partida de um campeonato oficial. O jogo foi realizado às 15h00 do dia 03/05/1902 entre as equipes do Mackenzie e do Germânia. A partida terminou com a vitória dos mackenzistas por 2 a 1.

O primeiro clube a mandar seus jogos no Parque da Antarctica Paulista foi o Germânia, de origem alemã. Porém, logo que eclodiu a I Guerra Mundial, em 1914, a vida da equipe foi se complicando gradualmente e, por isso, o contrato de locação passou às mãos do América da Capital/SP. Contudo, o clube fundado por Belfort Duarte não conseguia arcar sozinho com as despesas de aluguel e, em princípios de 1917, fez um contrato de co-locação com o Palestra Itália. Fechado às segundas-feiras para limpeza e manutenção, o Parque da Antarctica Paulista era utilizado nos demais dias pelo time de Belfort Duarte no período da manhã, enquanto nosso clube era o locatário do período vespertino.

A idéia de adquirir em definitivo o local começou a ganhar corpo, e seus mais ferrenhos defensores em nosso clube foram Menotti Falchi, Enrico De Martino, David Pichetti, Martino Frantini, Adriano Merlo, Vicente Ragognetti, Vasco Stella Farinello e um jornalista que acompanhava o dia-a-dia do futebol paulista e que, anos mais tarde, se tornaria o mais famoso cronista esportivo do Brasil, Tomás Mazzoni. Estes homens fizeram parte da “Comissão Pró-Stadium”, com a missão de transformar o sonho da aquisição em realidade.

Para tanto, porém, seria necessária a anuência do América da Capital/SP, como dissemos acima co-locatário do local. Algumas reuniões foram feitas com Belfort Duarte até que o empresário e esportista concordou que fosse o Palestra Itália o único a jogar no Parque da Antarctica Paulista.

O passo seguinte seria saber quanto a empresa de bebidas pediria pela venda, e ela não pediu barato: nada menos do que 500 contos de réis, uma verdadeira fortuna para a época. Ficou acertado, então, que o clube pagaria tal quantia, desde que de forma parcelada: 250 contos de réis até dezembro de 1920 e outras duas parcelas de 125 contos com vencimentos em abril de 1921 e abril de 1922. Proposta aceita, o negócio foi fechado e em 27 de abril de 1920, data em que o presidente Menotti Falchi assinou o contrato de compra e transformou o local de público em privado, mudando também seu nome: a partir de então, o campo passou a ser chamado de Parque Antártica.

Obs.: Esta seção será atualizada em 30/07/2011.

One Response to CAP. 24: A CASA É NOSSA !

  1. Logo esta linda história terá mais um capitulo especial que será o termino das obras da Arena Palestra e teremos um dos estádios mais modernos e belos do mundo e com uma aumento na capacidade de público para mais palmeirenses vibrarem na nossa amada casa. Avanti Palmeiras!!! O amor não tem divisões!!!

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