CAP. 23: FICAMOS NA MÃO “DELES”. E AÍ…

Para ser campeão paulista pela primeira vez em sua história, Palestra dependia de uma vitória alvinegra.

Assim que se viu livre da epidemia da gripe espanhola, o Brasil voltou à normalidade. O futebol seguiu o mesmo caminho e, já bastante popular entre todos, era o assunto predileto em São Paulo. Aliás, muita expectativa se fez em torno do campeonato estadual de 1919, para o qual o primeiro trio de ferro paulista, formado por Corinthians, Paulistano e Palestra Itália, se preparou com toda determinação.

E o Paulistão, de fato, começou muito bem para o nosso lado. Dono de um grande time (que aliás cedeu três jogadores – Bianco, Picagli e Heitor – à Seleção Brasileira que, naquele ano, disputou e ganhou o Campeonato Sul-Americano), venceu oito dos nove jogos válidos pelo primeiro turno e, ao seu final, estava cinco pontos à frente do segundo colocado, o Paulistano.

Inexplicavelmente, o time caiu muito de rendimento no segundo turno. Logo na estréia, levou de 6 a 1 do Ypiranga, e derrotas também para Corinthians (a primeira da história do confronto entre ambos) e para o próprio Paulistano complicaram muito a situação. Mesmo assim, faltando uma rodada para o término do campeonato, estávamos apenas um ponto atrás do nosso principal adversário, ou seja, o time do Jardim América – 27 a 28. No dia 14 de dezembro, o Palestra goleou o São Bento por 5 a 1, somou mais dois pontos e ficou na torcida pelo… Corinthians.

Isso mesmo: para conseguirmos nosso primeiro título, necessitaríamos de uma vitória do rival, já fora da briga pelo título justamente devido à nossa última vitória na competição, em jogo que seria disputado uma semana depois. Se acontecesse um empate entre corintianos e paulistanos, estes terminariam com os mesmos 29 pontos e o regulamento previa um jogo-extra contra o Verdão. Mas, que nada… Desanimados pela impossibilidade de serem campeões ou – por que não? – talvez mais interessados em prejudicar o Palestra Itália, os alvinegros não opuseram resistência e foram impiedosamente goleados: 4 a 1. E o Paulistano conquistou, então, o que até hoje único clube a ter obtido: um tetracampeonato paulista.

Mais um ano, mais um vice. A angústia pela conquista de um título só não era maior do que o desejo da aquisição de um campo próprio, a fim de que todos os já inúmeros palestrinos tivessem, enfim, o orgulho de poder acompanhar seu time do coração oficialmente em casa. Esta história, que começou em 1919 e terminou somente em 1920, será o tema do nosso próximo encontro.

Obs.: Esta seção será atualizada em 23/07/2011.

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