CAP. 20: “CAETANEANDO”

Saiba como um jogador “acabou” com o clássico e se tornou o primeiro grande herói do derby paulistano.

Uma rivalidade não começa por acaso, do nada, sem que algum motivo muito sério a tenha provocado, certo? Nem sempre. Pelo menos à de Palestra Itália e Corinthians tal frase não se aplica. Quando os dois clubes, pela primeira vez, se viram frente a frente, já não nutriam nenhuma simpatia recíproca.

Se oficialmente nada havia que explicasse tal rixa, extra-oficialmente ambos já travavam uma espécie de “Guerra Fria”. Na verdade, embora ainda incipientes, tanto um quanto o outro já desfrutavam de grande apelo popular. Daí a briga – velada, é verdade, mas também real -, para se saber quem, afinal, era o melhor time e conseqüentemente também o mais merecedor dos novos fãs do futebol.

E nada melhor para tanto que uma partida oficial, válida pelo Campeonato Paulista. Como já dissemos, o Corinthians disputava o torneio por outra liga, e somente a partir de 1917 passou a integrar a APEA. E foi graças a esta mudança que, enfim, palestrinos e corintianos se viram cara a cara pela primeira vez. A rivalidade, que já existia fora de campo, teve início dentro dele exatamente às 14h45 de um domingo ensolarado, 6 de maio de 1917, quando o árbitro Alfredo Gullo apitou, no Parque da Antarctica Paulista, o início do clássico.

Tendo em seu elenco o extraordinário atacante Neco, Corinthians tinha certeza da vitória. Afinal, do outro lado estavam apenas alguns italianos recém-saídos das fraldas. Mas, logo de cara, viu-se que as coisas não seriam exatamente assim. O primeiro tempo começou com o Palestra pressionando e criando grandes chances, mas as conclusões acabaram em tiros de meta ou, no máximo, em boas defesas do goleiro Russo. Aos poucos, “eles” foram equilibrando as ações e também passaram a ter ótimas chances. Mas como seus atacantes igualmente pareciam não estar em tarde das mais felizes, o 0 a 0 do primeiro tempo fez justiça ao que se viu em campo.

Durante o intervalo, as discussões das esquinas paulistanas se mudaram para as arquibancadas. Quem, afinal, era o melhor? A resposta não demorou muito para começar a aparecer.

Caetano: nosso primeiro herói contra “eles”. (crédito: site “Palestrinos”)

Logo aos 15 minutos, o ponta-direita Caetano abriu o placar. O gol foi assim descrito pelo jornal “Correio Paulistano” na edição do dia seguinte: “No começo do segundo half-time, tudo parecia indicar que o desfecho da pugna seria o mesmo do primeiro tempo. Decorridos, porém, 15 minutos de arremetidas e defesas, quase todas bem feitas, Caetano, extrema-direita do Palestra, recebe a esfera e, num belo rush, aproxima-se do goal contrário e, ainda um pouco distante, desfere um fortíssimo shoot enviesado ao retângulo defendido por Russo”.

Logo após o gol palestrino, o Corinthians teve de partir para o ataque a buscar o empate, mas com isso abriu totalmente sua defesa. Caetano, mais uma vez, balançou as redes aos 25 minutos e, impossível, fez o terceiro aos 39, decretando o placar final. Sim, meus amigos, logo na primeira vez que tiveram de nos enfrentar, “eles” levaram uma surra daquelas. E Caetano, desta forma, foi o escolhido pelos deuses do futebol para ser o primeiro herói dentre tantos outros que já inscreveram seus nomes na história deste derby.

Ah, ia me esquecendo: ao final do jogo, já não se discutia mais nas esquinas paulistanas ou em qualquer outro lugar da Cidade qual dos times era o melhor.

Obs.: Esta seção será atualizada em 02/07/2011.

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