CAP. 14: UMA GRANDE HUMILHAÇÃO

No jogo em que provaríamos ter condições de disputar o Paulistão/1916, sofremos uma goleada histórica.

Além da ansiedade de ser ou não aceita no Campeonato Paulista de 1916, nossa equipe vivia a ansiedade de saber quem enfrentaria no tal jogo-teste exigido pela APEA. Como já dissemos, após muito enrolar, a entidade que comandava o futebol paulista naquele época decidiu dar ao tal jogo um status ainda mais importante: ao escolher o Santos Futebol Clube como nosso oponente, determinou também que o vencedor do embate teria lugar assegurado no torneio do ano seguinte.

Trataram os palestrinos de correr contra o tempo para montar o time. Com uma postura que hoje seria hoje retrógrada e inaceitável mas, na época, considerada normal, os convites eram feitos a atletas exclusivamente italianos ou, na maioria dos casos, descendentes de italianos. Isso, claro, dificultava a montagem da equipe, pois o simples fato de ser um “oriundo” nem sempre levava o respectivo jogador a abandonar sua equipe e ir jogar pelo Palestra Itália. Muitos, quando assim agiam, o faziam por gentileza, não por amor à camisa.

Campo do Velódromo, em São Paulo/SP

De qualquer forma, é claro que tudo ficou pronto até a data do jogo, 3 de outubro de 1915. Ao Campo do Velódromo e sob arbitragem de Irineu Malta, assim chegou e atuou nosso time na primeira decisão de sua história: Stilittano; Felice e Fúlvio; Police, Fragassi e Gaetano Imparato; Pastore, Américo, Amílcar, Ferré e Ítalo. Em 90 minutos, um sonho que já se fazia antigo estava em jogo. Se ganhássemos, estaríamos no Campeonato Paulista de 1916. Mas o Santos tinha exatamente o mesmo objetivo, e não mediria esforços para manter longe do torneio aquele time de italianos.

Meus amigos: nem sei se tenho coragem de lhes contar como foi a partida. Aliás, talvez isso nem seja necessário, bastando para tanto saber apenas o placar final da partida: 7 a 0… Isso mesmo: fomos impiedosamente goleados pelo time santista, apenas dois anos e quatro meses mais velho porém muito mais experiente e preparado, como bem provou o resultado final.

Mais do que humilhados pela vexatória apresentação, estavam todos os palestrinos arrasados. Tanto haviam esperado pela chance de serem aceitos pela APEA, tanto haviam insistido para que lhes fossem abertas as portas da filiação à entidade, tanto haviam sonhado com a disputa do Paulistão, e agora cumpriam um ridículo papel. O único detalhe positivo foi que, com o dinheiro arrecadado, o Palestra pôde sair da sede da Rua Riachuelo para uma outra, bem mais ampla e igualmente bem localizada, na Rua Líbero Badaró.

Cabisbaixos, dirigentes, torcedores e jogadores seguiram até o ponto do bonde. Na cabeça de cada um, um grande ponto de interrogação: se não iria disputar o Campeonato Paulista do ano seguinte, como fazer para manter vivo o clube durante toda a temporada de 1916?

O que nenhum deles poderia imaginar era que, às vezes, milagres acontecem. Você vai entender exatamente do que falo na próxima vez em que nos encontrarmos em “Nossa História”.

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Obs.: Esta seção será atualizada em 21/05/2011

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