UM CAPETA EM FORMA DE GURI

Estêvão brilha de novo e leva Palmeiras às oitavas da Copa do Brasil

                   Meus amigos.

           Em 1965, quando o inesquecível grupo Renato & Seus Blue Caps gravou a música “O Escândalo”, versão de “Shame And Scandall in the Family”, composta e interpretada cinco antes pelo cantor norte-americano Trini Lopez, o sucesso foi total. Contudo, diante da censura que vigorava na época em nosso País, na versão brasileira o conjunto optou por uma letra bem mais amena e divertida na qual contava a história de um garoto endiabrado que aprontava todas e muitas mais, e sempre em situações que beiravam o ridículo. Daí o refrão: “Conheci um capeta em forma de guri”.

           Fiz todo este prólogo – que no Jornalismo de antigamente se chamava “nariz de cera” – para introduzir todos vocês para explicar o título desta crônica pós-jogo. Hoje, novamente vimos o talento de Estêvão, um adolescente de apenas 18 anos que, mesmo deixando nosso clube dentro de muito pouco tempo, já escreveu seu nome na história do Palmeiras como uma das maiores revelações do clube em todos os tempos. Ou talvez até mesmo a maior dentre todas elas.

             O que mais chama a atenção no garoto é sua capacidade de adaptação a novas funções. Ponta-direita, rende tanto quanto deslocado para o meio, como se meia ofensivo fosse, na esquerda e, sempre que se faz necessário, até mesmo no auxílio à marcação se destaca. Se isso já não fosse mais do que suficiente para todos o considerarem craque, ainda por cima tem facilidade para marcar gols. Viram? De repente até como centroavante, se preciso for, pode ser escalado.

             Estêvão é daqueles jogadores que não se vê mais com tanta facilidade, não só aqui no Brasil como em qualquer parte do mundo. Suas atuações enchem os olhos de alegria daqueles que têm a sorte de vê-lo em campo e, no caso de todos nós, palmeirenses, também o coração de uma imensa tristeza, pois sabemos que isso não se repetirá por muito tempo. Assim, só nos resta aproveitar cada minuto que tivermos para ver esta joia com a nossa camisa e torcermos para, um dia, ele a nós poder retornar.

               E que, então, ele volte a ser o tal capeta em forma de guri eternizado há 60 anos por Renato & Seus Blue Caps.

O jogo

               Sei que é muito difícil fazer com que vocês entendam o que vou escrever agora, pois afinal de contas goleamos o Ceará/CE e garantimos nossa classificação às oitavas de final da Copa do Brasil. Mas a verdade é que os 3 a 0 que impusemos à muito bem treinada equipe nordestina não refletem com total exatidão o que foi a partida. Na verdade, muito embora tenhamos sido superiores durante todo o jogo, nosso desempenho – sobretudo no primeiro tempo – deixou a desejar.

               Como sempre, criamos boas chances para abrir o placar mas, também como sempre, no momento de colocar a bola pra dentro sempre faltou algo – ou precisão, ou tranquilidade ou, então, ambas. E, para piorar, somente graças a alguns centímetros não terminamos a etapa inicial em desvantagem no placar, algo que possivelmente tornaria a segunda parte do jogo muito mais complicada do que nos foi.

               Esta dificuldade se deveu, em boa parte, a algumas decisões tomadas por Abel Ferreira que não consegui entender. Se Richard Ríos está suspenso do jogo de domingo, contra o Flamengo/RJ, por que foi poupado na partida de hoje? Por que, mesmo sem render quase nada, Felipe Ânderson ganha muito mais oportunidades do que Paulinho? Por que, quando o sonolento jogador se machucou, logo aos 10 minutos de partida, ele mandou a campo o próprio ex-atleticano ou, então, Facundo Torres, mas preferiu fazer a dobra de laterais optando por Mayke? Por que, ciente de que Vítor Roque é centroavante, insiste em orientá-lo a se deslocar para as pontas e improvisar Maurício no comando do ataque?

               Como vencemos a partida (aliás a 7ª seguida e a 14ª das últimas 15 que disputamos), todas estas perguntas ficarão sem resposta, mas não significa que estejam fora de propósito. Aliás, muito ao contrário: mesmo reconhecendo a maravilhosa fase por que passamos – e que ela dure eternamente –, a verdade é que precisamos estar preparados para quando o tempo virar. E, para tanto, será preciso ter estas respostas na ponta da língua.

               Até para que consigamos, então, retornar à calmaria o mais breve possível.

WEVERTON: SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

GIAY: SATISFATÓRIO
NOTA 5,5 

GUSTAVO GÓMEZ: BOM
NOTA 6

BRUNO FUCHS: SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

PIQUEREZ: SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

ANÍBAL MORENO: BOM
NOTA 6

LUCAS EVANGELISTA: BOM
NOTA 6

FELIPE ÂNDERSON: SEM AVALIAÇÃO
SEM NOTA

 

ESTÊVÃO: EXCELENTE
NOTA 8,5

VÍTOR ROQUE: REGULAR
NOTA 5

MAURÍCIO: SATISFATÓRIO
NOTA 5,5

ABEL FERREIRA: SATISFATÓRIO
NOTA 5,5 

MAYKE – BOM
NOTA 6

RICHARD RÍOS – REGULAR
NOTA 5

FLACO LÓPEZ – BOM
NOTA 6

PAULINHO – REGULAR
NOTA 5

VANDERLAN – REGULAR
NOTA 5

IMAGENS: CESAR GRECO/AG. PALMEIRAS

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