Na estreia do Paulistão de 1916, Davi não perdeu para Golias
O dia 13 de maio entrou para a história do Brasil pois, em 1888, a Princesa Isabel havia assinado a Lei Áurea, que libertava definitivamente todos aqueles que ainda viviam sob o regime da escravidão no País. Tal ato foi fundamental para que, 26 anos mais tarde, fosse fundado o Palestra Itália, conforme explicamos no Capítulo 2 de “Nossa História.
Pois bem: um novo dia 13 de maio, desta vez o de 1916, tornou-se novamente parte integrante de nossa vida. Afinal, foi naquela data que a equipe fundada por Vincenzo Ragognetti, Luigi Emanuelle Marzo e Luigi Cervo disputou sua primeira partida oficial, ou seja, debutou no Campeonato Paulista. Competição que nosso clube mais vezes venceu, seja quantitativa, seja proporcionalmente, é o título mais gostoso de ser conquistado na opinião de muitos dos nossos torcedores.
A estreia palestrina, porém, parecia fadada ao insucesso. Afinal, teríamos pela frente nada menos do que o Mackenzie, “apenas” o vice-campeão estadual do ano anterior. O que se poderia esperar de uma equipe montada às pressas, quase que um aglomerado de jogadores, sem treinamento e sem noção tática, diante de um esquadrão, de uma das mais importantes e mais respeitadas equipes do começo do século passado?
Os 11 primeiros atletas a defenderem o Palestra Itália em uma partida válida pelo Campeonato Paulista foram: Fabrini; Grimaldi e Ricco; De Biasi, Bianco e Fabbi; Gobatto, Valle II, Vescovini, Bernardini e Severino Cestari. Já o Mackenzie atuou com Arnaldo; Plínio e Claudino; Campos, Pestana e Schelders; Jarbas, Oscar, Maciel, Zecchi e Cassiano. A arbitragem ficou a cargo de Irineu Malta.
Não se pode negar que se temeu, e muito, pelo desempenho palestrino naquele sábado à tarde. Até porque apenas dois dos 11 jogadores do time eram relativamente famosos – Bianco e Vescovini. Todos os demais se enquadravam na condição de ilustres desconhecidos, tanto dos simpatizantes como dos adversários. Ainda bem: certamente, o elemento-surpresa foi a principal arma da equipe que, no campo da Associação Atlética das Palmeiras, a Chácara da Floresta, entrou vestindo camisas brancas com a Cruz de Savoia como símbolo.
Mostrando uma gana fora do comum, os palestrinos dificultaram em muito a ação dos adversários. Nem mesmo o primeiro gol do jogo, marcado por Zecchi, foi capaz esmorecer o ímpeto de nosso clube. E uma boa prova disso foi o empate, obtido através de Valle II, logo depois. E quem esperava uma goleada por parte dos então vice-campeões paulistas teve de se deparar, sem esconder a estupefação, com o resultado de 1 a 1, que perdurou até o fim da partida.
Parecia até que o Palestra Itália já havia ganhado aquele Paulistão, tamanha foi a festa dos “oriundis” por toda a São Paulo/SP. E não era para menos: o resultado fora pra lá de positivo, e dava indícios de que nossa equipe havia chegado para ficar e para incomodar bastante já em sua primeira competição oficial.
Se isso aconteceu, de fato, ou então não passou de um devaneio coletivo é o que ficaremos sabendo em nosso próximo encontro. Até lá.
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