CAP. 92: CAMPEÃO DO MUNDO SIM, SENHOR – PARTE V (FINAL)

22 de julho de 1951. Exatamente um ano e sete dias após a tragédia-mor de toda a história do futebol brasileiro (isso, claro, até os 7 a 1 que o Brasil levou da Alemanha, em 2014), lá estava ele novamente, no mesmo palco de 372 dias antes, a tentar provar a todos mas, principalmente, a si mesmo que era o comandante-em-chefe no mundo, mesmo que um título em uma Copa do Mundo ainda demorasse sete longos anos para surgir. Daquela vez, porém, as amarelas camisas tornaram-se verdes, e com o Palmeiras a representá-la tinha a maior paixão nacional todas as chances para se redimir perante aos olhos do planeta. 

Foi sob este clima e esta responsabilidade que nossos 11 heróis subiram as escadas que levam ao gramado do Maracanã naquela tarde de sábado. As dificuldades, sabia-se, seriam proporcionais ao êxtase que a vitória proporcionaria e, também, à sarjeta à qual uma derrota chutaria nossa equipe. Por isso, os craques palmeirenses só tinham uma ideia na cabeça: vencer. Se não o jogo, até porque nem precisariam tanto, pelo menos a Copa Rio.

Há de se ressaltar, sempre que se lembra este fato, a importância da torcida carioca. Numa época em que as rivalidades clubística e bairrística eram insignificantes ou até mesmo quase inexistentes, o apoio que o Palmeiras recebeu das arquibancadas durante toda a decisão foi imprescindível para que tudo desse certo. Não à toa, existe até hoje um monumento em agradecimento ao incentivo que o torcedor carioca nos deu na ocasião nas dependências do nossos clube.

Mas entremos no jogo propriamente dito. A Juventus italiana, que nada tinha a ver com o drama e o pesadelo vividos pelo Brasil no ano anterior, partiu com tudo pra cima e abriu o placar, com Praest, aos 18 minutos do primeiro tempo. O gol assustou o Palmeiras que, mesmo tentando com afinco, não conseguiu o empate na etapa inicial da partida. 

Fax enviado pela FIFA à CBF no qual reconhece o Palmeiras como o primeiro Campeão Mundial

Foi preciso que, mais uma vez, Jair Rosa Pinto “entrasse em campo” também nos vestiários, como ele mesmo contou a este jornalista cinco décadas mais tarde, em seu apartamento no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro/RJ. “Pedi a palavra ao Cambon e gritei, mesmo, com todos. Disse que tínhamos tudo pra vencer, mas que para isso precisaríamos, primeiro, exorcizar nossos fantasmas. Eu, o Juvenal e o Rodrigues havíamos estado na Copa de 50, mas os outros jogadores, não. Por isso, disse que o trauma era mais de nós três do que dos demais, e que por isso todos tínhamos de esquecer o que havia acontecido naquele desastre contra o Uruguai e somente jogar futebol. Deu certo”, lembrou. 

E deu mesmo. Principalmente após a alteração feita por Ventura Cambon, que sacou Ponce de Leon e colocou em seu lugar Canhotinho, o Verdão foi outro na etapa final. Logo aos 2 minutos, Rodrigues Tatu empatou o jogo e deixou o Verdão mais perto do título, já que jogávamos pelo empate graças à vitória por1 a0 na primeira final. Nem mesmo o segundo gol italiano, marcado por Karl Hansen aos 18, esmoreceu os esmeraldinos: aos 32, Liminha empatou de novo e, então, não só o palmeirense, mas todos os torcedores brasileiros puderam se sentir campeões do mundo. Afinal, daí em diante o Verdão se fechou, suportou a pressão italiana e manteve o empate por 2 a 2 até o fim da partida.

A festa que tomou conta do País minutos após o apito final do austríaco Franz Grill foi indescritível. Naquela época, viagens de avião eram algo raro, e o retorno dos heróis palmeirenses a São Paulo/SP, como de praxe, foi feita de trem. Mas demorou bem mais do que deveria, como me contou o goleiro Fábio Crippa também durante as comemorações do Jubileu de Ouro da conquista da Copa Rio, em 2001. “O trajeto deveria ser cumprido em cerca de 10 horas, mas demorou mais de dois dias, pois a cada cidade que o nosso trem parava tínhamos de descer para sermos homenageados. Quando, enfim, chegamos à Capital, tinha mais gente nos esperando na Estação da Luz e na Avenida São João do que quando os pracinhas brasileiros voltaram da II Guerra Mundial”, contou, orgulhoso.

E, mesmo passados mais de 55 anos de tal feito, ainda existem aqueles que fecham os olhos à história e preferem acreditar que o Palmeiras nunca foi campeão do mundo, algo que a Fifa já reconheceu – e faz tempo.

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2 Responses to CAP. 92: CAMPEÃO DO MUNDO SIM, SENHOR – PARTE V (FINAL)

  1. S.E.PRESIDENTE PRUDENTE

    EU AMO ESSE PALMEIRAS …

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