CAP. 57 – O “ROUBO” DA TAÇA DOS INVICTOS

O internauta já deve ter percebido que tenho especial predileção por relembrar vitórias, conquistas e façanhas sobre o Corinthians/SP. Evidentemente, esta preferência não é à toa: é esta equipe nossa maior rival, e sempre que conseguimos superá-la é motivo de imensa alegria para este jornalista e também torcedor. 

Porém, a mim não pode ser imputada nenhuma responsabilidade se, historicamente, temos motivos de sobra para gargalhar dos alvinegros. Por exemplo: até uma taça já lhes “roubamos”, sem nem mesmo a disputarmos. Parece incrível? Soa como mentira? Trata-se de um devaneio deste jornalista que ora e sempre vos escreve? Não, meus amigos. Eu tenho como provar o que digo. 

Voltemos ao ano de 1939. O mundo, já em ebulição devido à Segunda Guerra Mundial, não era mais assunto do que a campanha corintiana no Campeonato Paulista daquele ano. Com um time fortíssimo, no qual se destacavam nomes como Jango, Brandão, Servílio (pai do nosso futuro craque da Primeira Academia, Servilio de Jesus), e Teleco, entre outros, comparava-se a equipe alvinegra a um rolo compressor, tamanha era a facilidade com que massacrava seus adversários. 

 A maior prova de tanto talento, além da conquista do título regional daquele ano, foi a série invicta que o time manteve. Aliás, uma derrota parecia tão improvável que a Imprensa de então rapidamente começou a perguntar: quando, afinal, cairia o Corinthians/SP? Perspicaz e na condição de maior jornal esportivo do País na época, a A Gazeta Esportiva inteligentemente lançou um troféu que, oficialmente, levava o seu nome, mas que ficou conhecido, mesmo, como “Taça dos Invictos”. 

A Taça dos Invictos, criada pelo jornal A Gazeta Esportiva

O regulamento era simples: a partir daquele ano, o time que permanecesse mais jogos sem perder levaria para a sua sede o disputado prêmio. Sua posse, porém, seria transitória, tornando-se definitiva apenas após a terceira conquista, fosse esta seguida ou mesmo alternada. Muito bem: dos 20 jogos que disputou naquele Paulistão, o alvinegro perdeu apenas um e, melhor ainda (para ele, claro), manteve-se sem ser derrotado por 17 rodadas consecutivas. Não houve dúvida: a taça lhe pertencia. 

Contudo, a rivalidade com o nosso Palestra Itália já era das mais acirradas. Vice-campeão estadual naquele ano, nosso clube não perdeu a chance de azucrinar o rival. De forma oficial, protestou junto à direção do referido jornal lembrando-a de que, anos antes, mais especificamente entre 1933 e 1934, ficara 22 partidas sem perder – ou seja, cinco jogos a mais do que o Corinthians. Portanto, por direito o troféu tinha de ser do alviverde. O fato de a Taça dos Invictos ter sido instituída somente em 1939 pouco importava para os dirigentes palestrinos. O que eles queriam, na verdade, era diminuir a importância da conquista corintiana. 

E tanto reclamaram nossos comandantes de então que conseguiram sensibilizar primeiramente a Imprensa como um todo e, logo depois, a própria A Gazeta Esportiva. De forma surpreendente, o jornal deu-nos “ganho de causa” e determinou a devolução da Taça dos Invictos, que então já enfeitava a sede do clube corintiano. Apesar de muito reclamarem, nossos eternos rivais tiveram de acatar a decisão tomada pelos comandantes do famoso periódico, entregando o cobiçado galardão na redação da GE, que à época ficava na Rua da Conceição, hoje denominada Avenida Cásper Líbero, bem no Centro de São Paulo/SP. Desta forma, ganhamos uma taça em cima “deles” sem nem menos precisarmos disputá-la em campo. 

E para aqueles que pensaram mal de mim no começo deste texto, creio que fica agora a certeza de que o relato acima é a mais pura descrição da verdade. Afinal, admito: sempre torço. Mas jamais distorço.

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