CAP. 53: UM ANO EM BRANCO. E SEM VERDE.

Após três anos (1932, 1933 e 1934) de imenso sucesso, nos quais faturou seu – até hoje – único tricampeonato estadual, o Palestra Itália viveu um natural período de transição em 1935. Isso se deveu, principalmente, a dois fatores: o primeiro, e mais importante, foi o término definitivo do amadorismo no futebol. Embora um de seus ferrenhos defensores, nosso clube, claro, sofreu até conseguir acertar suas finanças. O preço que pagou foi a perda de alguns jogadores, dentre os quais o goleiro Aymoré Moreira, que voltou para o futebol carioca. 

Uma outra questão foi o desgaste que o parto da FPF causou. Envolvidos mais em disputas políticas e por espaço e poder do que no campo esportivo, os dirigentes palestrinos dedicaram muito mais tempo a tais questões do que na manutenção ou no reforço da equipe. Mesmo assim, o alviverde cumpriu uma campanha relativamente boa, terminando o Campeonato Paulista de 1935 na condição de vice-campeão. Uma pena, pois a conquista de mais uma taça nos teria garantido não só o tetra, mas também o pentacampeonato, já que o Verdão voltaria a vencer a competição em 1936. 

Benito Mussolini

Mas deixemos este assunto, pelo menos por enquanto, de lado, e voltemos a 1935. Se na bola nossa equipe deu uma desacelerada, no quadro social a escalada rumo ao topo seguiu firme e forte, elevando ainda mais o nome da nossa “Società”. Uma boa prova disso é que, mais uma vez, a sede teve de mudar de lugar, passando a ocupar o 2º andar inteiro do Edifício Martinelli, bem no Centro de São Paulo/SP. Hoje apenas mais um dentre os prédios da maior cidade da América Latina, à época o imponente arranha-céu era o mais importante, vistoso e alto da Capital paulista. 

Apesar de toda a insatisfação que sempre gera ao Palestra, a não conquista de um título no futebol nem foi o fato que mais preocupou ou incomodou nossos dirigentes de então. Na Europa, eram cada vez mais fortes os rumores de que um fortíssimo confronto bélico estava por eclodir. E pior: a Itália, de Benito Mussolini, parecia cada vez mais simpática ao extremista e radical líder austríaco, mas que comandava a Alemanha, Adolf Hitler. 

Mesmo à distância, na verdade do outro lado de um mundo que, ao contrário do que acontece hoje, não era nem um pouco globalizado e, por isso mesmo, parecia ser ainda maior, o temor de mais uma Grande Guerra e da ativa participação da pátria-mãe no conflito aumentava dia a dia. Afinal, ainda estavam frescos na memória de todos o drama e as dificuldades por que passara o clube meses após seu nascimento, em 1914, mesma época em que eclodira a I Guerra Mundial. Se o fato se repetisse, teria o Palestra força para superá-lo outra vez? 

Nos próximos capítulos, entre as conquistas do futebol, o crescimento do clube e o surgimento de novos craques, falaremos um pouquinho sobre mais este importante fato da história mundial que, claro, novamente teve influência direta na vida do nosso clube.   

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