CAP. 45: “CIAO, BAMBINI” (*)

O ano de 1931 chegou prometendo muitas mudanças para o futebol brasileiro. Aqueles que defendiam a oficialização do profissionalismo apregoavam, aos quatro cantos, que era mais do que iminente a sua chegada ao nosso País. Já os que eram contrários à ideia ou seguiam na luta contra ela ou, então, jogavam a toalha, como o fizera o grande Paulistano. 

De uma forma ou de outra, o fato é que o futebol já era profissional não só em países sul-americanos como a Argentina ou o Uruguai mas também e, principalmente, na Europa. Desde sempre com os olhos muito grandes sobre o talento dos jogadores brasileiros, os clubes do Velho Mundo descobriram em tempo que, pelo menos de forma oficial, os craques tupiniquins jogam apenas por amor à camisa, ou quase isso. Resultado: de uma só vez, vários clubes da Itália enviaram seus representantes para aliciarem os atletas paulistas que tivessem ascendência italiana, já que estes – exatamente como acontece hoje – poderiam ser inscritos como se lá tivessem nascido. 

Embora, de longe, fosse o clube brasileiro com mais filhos e netos de italianos em seu elenco, o Palestra Itália não foi o que mais jogadores perdeu. O problema foram quais os destaques da nossa equipe que abandonaram o clube antes mesmo do fim do primeiro turno do Campeonato Paulista daquele ano: o médio-direito Pepe e o médio-esquerdo Serafini, que foram para a Lazio, e o ponta-direita Ministrinho, contratado pela Juventus de Turim. Ou seja: nada menos do que três das maiores estrelas palestrinas de então. 

Como oficialmente não eram profissionais, estes jogadores não tinham contrato assinado com o Verdão. Aliás, só para se ter uma ideia do quão amador era o nosso futebol na época, basta dizer que, em dias de jogos, os atletas de todas as equipes apareciam nos locais das partidas apenas algumas horas antes do começo da disputa, com o detalhe de terem sido convocados através de anúncios nos jornais! 

Não fossem estas três perdas, certamente o Palestra Itália teria obtido muito mais do que apenas o vice-campeonato paulista de 1931. Disputando com o São Paulo da Floresta, rodada a rodada, a liderança da competição, o alviverde terminou o Primeiro Turno um ponto à frente (23 a 22), mas no meio do returno foi goleado pelo adversário por 4 a 0 (jogo que marcou, também, a despedida do centroavante Heitor) e permitiu ser alcançado (35 a35). 

Um novo tropeço logo na rodada seguinte (derrota por 2 a 0 para o Santos), aliado a uma vitória tricolor em Campinas/SP sobre o Guarani pelo mesmo placar, colocou o time “florestal” dois pontos à nossa frente, vantagem que eles souberam manter até o fim do torneio.   

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(*) “Adeus, meninos!”

 

Para ler os capítulos anteriores, clique aqui.

 

2 Responses to CAP. 45: “CIAO, BAMBINI” (*)

  1. Roberto Alfano

    Bom dia, muito boa sua matéria, como sempre resgatando a história rica do Palmeiras.

    Coincide com os 140 anos da imigração Italiana no Brasil, modéstia parte trabalharam muito para deixar São Paulo principalmente como é hoje.

    Um grande abraço.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Alfano.

      Pra vc ver como sempre foram as coisas: vinha mão-de-obra de lá para cá, iam-se os talentos de cá para lá.

      Abraços e obrigado, amigo.

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