CAP. 25: A CASA É NOSSA! (PARTE II – FINAL)

Em 1885, a cidade de São Paulo assistiu à fundação da Companhia Antarctica Paulista de Bebidas. Com acelerado ritmo de crescimento, a empresa resolveu abrir para o público paulista, em fevereiro de 1902, o amplo espaço aonde funcionava a cervejaria. Eram 300 mil metros quadrados de área verde nos quais, além da fábrica, começaram a funcionar parques infantis, pistas de atletismo, circos temporários, quadras de tênis e espaços para piqueniques, um hábito que hoje, no frenético ritmo de São Paulo/SP, soa estranho, mas que no começo do século passado era algo corriqueiro entre a elite paulistana. 

Foi desta maneira que nasceu o “Parque da Antarctica Paulista”, um local que hoje poderia ser comparado ao Parque do Ibirapuera, e que aos poucos criava as condições necessárias para a prática do esporte trazido por Charles Miller – é que pouco depois lá foi criado, também, um campo de futebol, um dos primeiros da Cidade. 

Lance de jogo válido pelo Paulistão de 1902

Em 1902, foi disputado o primeiro torneio oficial de futebol no Brasil, o Campeonato Paulista, e coube ao Parque da Antarctica Paulista a honra de ser o local da disputa de sua primeira partida. O jogo foi realizado às 15h00 do dia 03/05/1902 entre as equipes do Mackenzie e do Germânia e terminou com a vitória dos mackenzistas por 2 a 1.

O primeiro clube a mandar seus jogos no Parque da Antarctica Paulista foi o Germânia, de origem alemã. Porém, logo que eclodiu a I Guerra Mundial, em 1914, a vida da equipe foi se complicando gradualmente e, por isso, o contrato de locação passou às mãos do América da Capital/SP. Contudo, o clube fundado por Belfort Duarte não conseguia arcar sozinho com as despesas de aluguel e, em princípios de 1917, fez um contrato de locação paralela com o Palestra Itália. Fechado às segundas-feiras para limpeza e manutenção, o Parque da Antarctica Paulista era utilizado nos demais dias pelo time de Belfort Duarte no período da manhã, enquanto nosso clube era o locatário do período vespertino.

Em fins de 1919 e meados de 1920, aumentava o sonho dos palestrinos de possuírem um campo de futebol só seu. Foi sugerido, então, que se fizesse uma proposta de compra à Companhia Antarctica Paulista de Bebidas.

O jornalista Tomaz Mazzoni

A ideia começou a ganhar corpo, e seus mais ferrenhos defensores em nosso clube foram Menotti Falchi, Enrico de Martino, David Pichetti, Martino Frantini, Adriano Merlo, Vicente Ragognetti, Vasco Stella Farinello e um jornalista que acompanhava o dia-a-dia do futebol paulista e que, anos mais tarde, se tornaria o mais famoso cronista esportivo do Brasil, Tomaz Mazzoni. Estes homens fizeram parte da “Comissão Pró-Stadium”, com a missão de transformar o sonho da aquisição em realidade.

Para tanto, porém, seria necessária a anuência do América da Capital/SP, como dissemos acima também locatária do local. Algumas reuniões foram feitas com Belfort Duarte até que o empresário e esportista concordou que fosse o Palestra Itália o único time a jogar no Parque da Antarctica Paulista.

O passo seguinte seria saber quanto a empresa de bebidas pediria pela venda, e ela não pediu barato: nada menos do que 500 contos de réis, uma verdadeira fortuna para a época. Ficou acertado, então, que o clube pagaria tal quantia, desde que de forma parcelada: 250 contos de réis até dezembro de 1920 e outras duas parcelas de 125 contos com vencimentos em abril de 1921 e abril de 1922. Proposta aceita, o negócio foi fechado e em 27 de abril de 1920, quando o presidente Menotti Falchi assinou o contrato que transformou o local de público em privado e também mudou o seu nome: a partir de então, o campo passou a ser chamado de Parque Antártica.

ATENÇÃO: ESTA É UMA OBRA DE PROPRIEDADE INTELECTUAL, SENDO PROIBIDA SUA DIVULGAÇÃO TOTAL OU MESMO PARCIAL SEM A PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO AUTOR. OS INFRATORES SERÃO RESPONSABILIZADOS CRIMINALMENTE.

Para ler os capítulos anteriores, clique aqui.

2 Responses to CAP. 25: A CASA É NOSSA! (PARTE II – FINAL)

  1. BOM DIA MARCIO… APROVEITAR SUA AULA DE HISTORIA DA NOSSA CASA/ NOSSO TIME, COMO TUDO COMEÇOU.. MUITO LEGAL…
    ESTIVE ESTE FINAL DE SEMANA EM SÃO PAULO, E APROVEITEI PARA FAZER UM TOUR NO ALLIANZ PARQUE.. ESPETACULAR! SÁBADO A TARDE, 15;00 .. 70 E POUCAS PESSOAS VISITANDO, ENTRE OS PALMEIRENSES DE SÃO PAULO E OUTROS ESTADOS,HAVIA GREMISTAS, TORCEDORES DE OUTROS CLUBES, TINHA TRICOLINO, ATÉ GAMBA.. TUDO MARAVILHADO..CRIANÇAS TAMBÉM.. DEU UMA IMENSA ALEGRIA EM VER TODO AQUELE TRABALHO BEM FEITO, O CAPRICHO.. FOI INESQUECIVEL VER A TURMA DO TOUR COM EMOÇÃO…UM ESTÁDIO ENTRE OS MELHORES DO MUNDO.VALEU ESPERAR! ACOMPANHEI PELAS NOTÍCIAS DA INTERNET, AQUI DE MINAS DURANTE MAIS DE 4 ANOS A LENTA CONSTRUÇÃO.. ENQUANTO O PALMEIRAS DISPUTAVA SÉRIE B E SÓ DAVA TRISTEZA .MAS… EU SEMPRE TIVE CERTEZA, QUE O PROBLEMA ERA A FALTA DO NOSSO ESTÁDIO.. QUANDO FICASSE PRONTO, A HISTORIA SERIA OUTRA… ATÉ ESCREVI PRA VC SOBRE ISSO.
    TAÍ…. VALEU CADA MINUTO DE ESPERA… AGORA NADANDO DE BRAÇADA.. PARABÉNS PALMEIRENSES! MUITAS COMEMORAÇÕES NOS ESPERAM! PARABENS MÁRCIO..PALMEIRENSE GENTE BOA! KEEP IT UP!

    • Márcio Trevisan

      Oi, Valentine.

      Sem dúvida alguma, a Arena é um ponto essencial a nosso favor.

      Mas é preciso que um bom time jogue nela – senão, veremos o que vimos em 2014…

      Abração e obrigado pelo elogio.

      Abs.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

*

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>