CAP.19: VICE, SIM, MAS COM MORAL DE CAMPEÃO

O penúltimo lugar no Paulistão de 1916, primeiro campeonato oficial que disputou, mexeu com os brios do Palestra Itália. Quando fundado, pouco mais de dois anos antes, seu destino já estava traçado, e com certeza era bem mais glorioso do que ficar na rabeira da competição. 

Por isso, antes que tivesse início o certame do ano seguinte, a diretoria arregaçou as mangas e tratou de reforçar a equipe. Dentre outros nomes, chegaram ao clube o pontas Caetano, Forte e Martinelli e os meias Ministro e Orlando. Além disso, dois remanescentes do segundo quadro do ano anterior, Picagli e Heitor, foram conduzidos à equipe principal. Estes, aliados ao goleiro Flosi, promovido à condição de titular, e ao zagueiro Bianco, capitão e técnico do grupo, formaram a base do time.

Ministro

O Campeonato Paulista de 1917, porém, seria bem mais difícil do que o do ano anterior. Após muito tempo brigando pela hegemonia do futebol do Estado, a LPF e a APEA selaram o acordo de paz e, assim, a Associação Paulista de Esportes Atléticos se tornou a única entidade do futebol paulista. Desta forma, três das equipes que eram filiadas à Liga Paulista de Futebol foram convidadas a ingressar no torneio: Germânia, Internacional da Capital e Corinthians. O clube de origem alemã, entretanto, pediu licença por tempo indeterminado devido à inclusão da Alemanha na I Guerra Mundial, e não participou do torneio.

O Palestra, porém, estava mesmo preparado para o desafio. Seu início foi muito bom, com duas vitórias e dois empates nos primeiros quatro jogos. Porém, na quinta rodada, o Verdão caiu perante a A. A. Palmeiras por 1 a 0, tropeço que seria terrível para o futuro da equipe na competição. Isso porque disputávamos, rodada a rodada, a liderança do Paulistão com o Paulistano. Jamais atingimos a ponta isoladamente, mas por algumas vezes estivemos lado a lado com o então melhor e mais bem estruturado time do  Brasil. Isso se deu, pela primeira vez, na segunda rodada do returno (ou décima no cômputo geral).

Forte

Àquela altura da competição, tendo vencido seis jogos seguidos e faltando outras seis partidas para cada equipe, ninguém ousava apostar qual seria o campeão paulista de 1917 – se o famoso clube do Jardim América (então ainda chamado de Vila América) ou o atrevido time dos italianos, que aliás mudara sua sede novamente – estava, então, na Rua do Tesouro, nº. 3, nas imediações da mesma Praça do Patriarca onde haviam funcionado suas duas administrações anteriores.

A emoção se manteve até a penúltima rodada, quando um tropeço diante do fraquíssimo Mackenzie, que terminaria a competição em 9º e último lugar (1 a 1, no Parque da Antarctica Paulista), nos alijou definitivamente da briga pelo título. O Paulistano saberia se aproveitar disso e, dias mais tarde, venceria a A. A. Palmeiras por 3 a 0 e abriria quatro pontos de vantagem, uma distância impossível de ser alcançada pelo alviverde. Assim, nem mesmo a goleada imposta sobre o Ypiranga, na última partida daquele Paulistão (6 a 1, no Floresta), nos adiantou.

Picagli

Mas vamos combinar: para uma equipe recém-fundada, que completara meses antes apenas o seu terceiro ano de vida e que viera de um penúltimo lugar no ano anterior, até que terminar a temporada como vice-campeã paulista já era motivo para comemorações, certo?

Por falar nelas, disse logo acima que vencemos dois dos quatro primeiros jogos do Paulistão de 1917. Pois saibam que uma destas vitórias foi justamente sobre o Corinthians, no primeiro encontro entre as duas equipes. A história do primeiro “derby” paulista será o tema principal do nosso próximo capítulo.

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2 Responses to CAP.19: VICE, SIM, MAS COM MORAL DE CAMPEÃO

  1. Márcio
    bom dia, tudo bem?
    Pode me tirar uma dúvida: todos os jogadores contratados na gestão do Paulo Nobre foram no modelo de produtividade, sem exceção??
    Obrigado
    abs

    • Márcio Trevisan

      Olá, Edson.

      Sim: todos os que foram contratados ou renovaram seus vínculos com o Palmeiras após 01/01/2013 tiveram e aceitar a produtividade, com a qual sou 100% concordante.

      Abs.

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